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Neste Podcast:
- Como comer bem enquanto está em viagem;
- Lembrete sobre a carne vermelha;
- Problemas comuns que vegetarianos e veganos podem enfrentar;
Escute e passe adiante!!
Saúde é importante!
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Caso de Sucesso do Dia
Referências
Médicos Falando Sobre Veganismo
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá! Pegue o seu cafezinho, ou o seu chá, porque está começando o podcast número 173 aqui da Tribo Forte, a sua dose semanal de saúde, estilo de vida saudável, emagrecimento baseado em ciência. Hoje: comer bem em viagem. Vamos falar um pouco sobre isso. Comer bem em viagem: como a gente pode fazer? É difícil? É possível? Ou não, tem que ir no McDonald’s mesmo, não tem saída? Vamos fazer um lembrete rápido também sobre a nossa fatídica carne vermelha e depois comentar também sobre cinco problemas bastante comuns que veganos e vegetarianos podem enfrentar e as dicas dadas por médicos veganos que propagam esse estilo de vida. Então, vamos tentar discutir um pouco para tentar fazer a nossa boa ação de hoje. Dr. Souto, tudo bem? Por aí como é que está?
Dr. Souto: Tudo bem, Rodrigo! Boa tarde e boa tarde aos ouvintes.
Rodrigo Polesso: É isso, pessoal! Olha só, comer bem em viagem, comer bem em casa, no restaurante, na sua cidade, no país que seja, não importa. Comer bem é possível em qualquer lugar do mundo, a gente já falou isso várias vezes por aqui. O dr. Souto coincidentemente acabou de voltar de viagem. A gente vai começar a discutir um pouquinho aqui sobre ideias, onde é que você pode talvez ter mais chance de achar alimentos que se enquadram na alimentação forte, que a gente sempre fala: alimentos não processados, alimentos nutritivos e os alimentos que são naturalmente mais saborosos. O nosso ponto positivo é que eles são encontrados em todos os cantos do planeta Terra. A gente não encontra coisas em pacotes, coisas industriais em todo canto do planeta Terra. Porém, comida de verdade a gente encontra. Que maravilha, não é? Então, agora vamos falar um pouco do dr. Souto. Você acabou de voltar de viagem, você foi para a França. Foi isso?
Dr. Souto: Isso, Rodrigo. Para a França e para a Inglaterra também.
Rodrigo Polesso: Começando pela França… A Inglaterra não é muito famosa pela melhor culinária do mundo, mas a França, oposto nesse espectro, é reconhecida mundialmente por isso. Mas quando o pessoal pensa em culinária francesa, pensa naquelas coisas pequenininhas, bonitinhas e caras. Mas vou falar aqui de coisas simples, o que a gente acha no supermercado, o que a gente consegue pedir no restaurante sem ter que deixar a carteira. E até mesmo na Inglaterra, acredito que muito das mesmas coisas podem ser encontradas. Porque o objetivo da nossa conversa aqui é derrubar o desculpismo. Então, desculpa quem aí quer que a gente ajude você a… como se fala? A se convencer que é difícil, porque não vai acontecer! É muito mais fácil do que vocês imaginam. Então, dr. Souto, imagino que você não deve ter ido muito ao McDonald’s lá fora e deve ter conseguido achar uma alimentação forte no teu dia a dia. Conta para a gente um pouco, quão difícil ou quão fácil foi fazer isso.
Dr. Souto: Olha, Rodrigo, primeiro eu acho que é interessante a gente falar de uma forma mais genérica sobre alimentação em viagem. Não especificamente para um país, para a França ou para onde for, mas em viagem em geral. Porque eu acho que sim, as pessoas muitas vezes usam isso como uma desculpa pessoal. “Ah, mas eu estava viajando. Mas eu estava de férias.” E assim, quem sou eu para julgar? Eu acho que as prioridades das pessoas variam.
Rodrigo Polesso: Se o objetivo for curtir, bom, que seja, né? A gente está falando de desculpismo.
Dr. Souto: Claro. Digamos que a pessoa esteja fazendo uma viagem gastronômica. É muito comum, por exemplo, quem bebe, quem gosta de vinho… As pessoas vão para o Chile ou vão para o Napa Valley, está certo? E, bem, a pessoa vai lá para beber. Está bem, quer dizer, eu não estou julgando isso. Mas eu acho que as pessoas têm que ter claro para si qual é o objetivo, o que elas estão fazendo. Existem vários tipos de viagem. Eu posso fazer uma viagem de natureza cultural, onde o meu objetivo é visitar locais históricos, museus, museus de arte, assistir concertos… Enfim, esse é um tipo de viagem. E nesse tipo de viagem (se esse é o foco) eu posso muito bem seguir uma alimentação saudável, com a qual eu vou me sentir bem e não ter aquela sensação de voltar estufado, com quilos a mais e arrependido. Da mesma forma, eu posso fazer uma viagem de lazer. E essa viagem de lazer, de descanso, que pode ser para uma praia, ela não precisa… a pessoa comer de forma inadequada. Porque daqui a pouco o objetivo da pessoa naquilo ali é tomar um banho de sol, é entrar na água, é fazer esportes. Agora, se o objetivo é gastronômico, digamos que a pessoa resolveu: “Olha, eu vou para determinado país conhecer a culinária daquele país.” Bom, pelo menos a pessoa tem para si um objetivo claro. Então, dito isso, para aqueles de nós que consideram que na maior parte do tempo é interessante manter uma alimentação adequada, porque, afinal, isso tem efeitos cumulativos, é uma coisa assim… Tem poucas coisas, tirando o ar, a coisa que a gente mais bota dentro do corpo da gente é comida. Todos os dias, frequentemente, várias vezes por dia. Então, obviamente isso tem um impacto grande na nossa saúde, de modo que eu tenho para mim há muitos anos, que eu tento manter a alimentação adequada em viagens. Então, como fazer isso, né? Claro que tem alguns países que são mais fáceis do que outros. Então, se a pessoa vai para a Argentina e come carne, não tem muita dificuldade. Agora, vamos pegar o exemplo concreto aí dessa viagem que envolveu Paris e Londres. Com certeza em Paris se come muito melhor do que em Londres. Isso aí não é mistério para ninguém. Uma coisa interessante, que eu até postei no Instagram, no @jcsouto sobre isso, comparando algumas observações. Eram coisas simbólicas, mas eu achei interessante, porque eu fui e voltei de trem, de modo que deu para ver a comida reabastecida num lugar e a comida reabastecida no outro, na ida e na volta. Então, eu só fui fazer lanchinho no restaurante do trem. No trem vindo da Inglaterra para a França, tinha um negócio chamado tastes like fresh milk, ou seja, tem gosto de leite fresco.
Rodrigo Polesso: Jesus!
Dr. Souto: Na realidade, a composição da coisa era… Eu bati até uma foto da composição! Onde é que está? Leite desnatado, água, óleo vegetal, xarope de glicose seco, caseinato de sódio e açúcar.
Rodrigo Polesso: Nossa senhora!
Dr. Souto: Então, isso era coisa para botar no leite. Enquanto que no outro sentido, no sentido da França para a Inglaterra, o que tinha era leite integral. Ingrediente: leite.
Rodrigo Polesso: Essa é uma ótima comparação. Acaba contrastando exatamente a principal diferença que justifica o tal do paradoxo francês. Uns comem o alimento integral e o outro processado, achando que é mais saudável que o integral.
Dr. Souto: Perfeito! É isso aí. O paradoxo se desfaz, não tem paradoxo nenhum, né? Que um lado do Canal da Mancha é lipofóbico, tem a mesma abordagem dos Estados Unidos. Se há uma coisa que o francês não é, é lipofóbico. Eles botam nata, manteiga e creme de leite em tudo que é coisa.
Rodrigo Polesso: E olha a população no geral. Na Inglaterra você vê a população crescente, ficando cada vez mais obesa, muito mais contrastante, muito mais óbvio do que na França, na verdade.
Dr. Souto: O interessante é isso. É uma viagem rápida, de duas horas e pouco, e a gente emerge em um lugar que tem muito mais obesos. A distância é pequena, mas os hábitos são muito diferentes. Mas então, assim, dicas de viagem: a primeira coisa você mencionou aí quando você falou antes, Rodrigo, o supermercado é uma coisa importante. Então assim, você não é obrigado a fazer todas as suas refeições na rua. Até por uma questão de custo. Então, ir num supermercado e comprar algumas coisas, abastecer a geladeirinha do seu hotel, de modo que você tenha uns frios e cada país tem os seus frios gostosos. Compra ali a sua aguinha com gás, compra as suas nozes, castanhas, amêndoas. Se você está parando em um Airbnb ou em um hotel que tenha um fogão, que tenha um micro-ondas, poxa vida, dá para fazer refeições, dá para fazer refeições em casa. E outra coisa que ajuda muito é ter alguma familiaridade com jejum intermitente.
Rodrigo Polesso: Ter liberdade de poder contar com isso.
Dr. Souto: Exatamente! Porque se você realmente acha que tem que comer de 3 em 3 horas e você está em um país como a Inglaterra, bom, aí não tem muita escolha. Aí é tranqueira, é fast food, coisa ruim e cara. Então, por que não fazer um café da manhã bom? Normalmente a maioria dos hotéis vai ter um café da manhã onde você vai ter alguma opção de ovos ou algumas linguiças aceboladas, ou, enfim… omelete, bacon, esse tipo de coisa que a gente come porque tem proteína e gordura e sustenta por um dia inteiro, quase. Aí, eu vou dizer uma tática que eu faço, depois você fala a sua. Rodrigo. Mas eu faço isso. Com isso aí eu vou ficar com fome a maior parte do tempo e eu carrego alguma coisinha. Na França, por exemplo, era fácil de encontrar pequenas linguicinhas, tipo mini salaminhos, que a gente pode carregar. Em qualquer lugar a gente compra nozes, castanhas, amêndoas. Carrega uma coisa dessas na mochila, uma água com gás e se der fome no meio da tarde come isso. Com o dinheiro que você economizou durante o dia em comida, você aproveita para jantar uma janta melhor. Sim, em qualquer lugar entrar em um lugar e pedir uma fatia de Pizza Hut ou um hambúrguer, vai ser mais barato do que uma refeição propriamente dita. Mas, se você não passou gastando em comida o dia inteiro, você pode se dar no final do dia uma refeição decente: um peixe, frutos do mar, até uma carne, uma coisa assim.
Rodrigo Polesso: Sim, sim. E se você está apertado… Você já está viajando, então, se você está apertado que tenha que comer porcaria o tempo inteiro, talvez você não devia estar nem viajando, devia guardar mais dinheiro para ter uma viagem decente.
Dr. Souto: E outra coisa é assim, especialmente no exterior, e aí vale para a Europa e para os Estados Unidos também, já existe uma consciência bastante grande das pessoas nos restaurantes, sejam eles de restaurantes de fast food ou o que for, das preferências e das alergias das pessoas, de modo que você pode ir num restaurante de fast food e pedir um hambúrguer sem o pão e as pessoas vão lhe servir isso aí. Então, daqui a pouco o dinheiro está um pouco mais curto e não dá para pedir um filé de peixe em um restaurante, porque está muito caro, entra no fast food. Eu vou dar um exemplo de uma coisa que eu fiz em Londres, que foi ir em um daquela rede Chipotle, que é uma rede de restaurantes mexicanos. Então, sim, a melhor coisa a se fazer em Londres é ir em um restaurante de cozinha de outro país!
Rodrigo Polesso: Sacanagem!
Dr. Souto: Vai em um restaurante mexicano e aí tem um bowl, que é essa cuba onde eles botam as coisas dentro, de modo que você ao invés de pedir um taco que já vem com uma casca de farinha de trigo e milho, pede um bowl, que é um potinho. No caso, no Chipotle, já tinha um bowl keto, um bowl cetogênico, não precisava nem montar, chegar e dizer: olha, eu quero a carne, alface, molho… Não, eu disse: olha, eu quero um bowl keto. Que vinha o que? Justamente a salada verde, vinha a carne, vinha aquele sour cream… esse tipo de coisa. Baratinho, rapidinho, fast food. Então, a gente querendo, tendo este objetivo entre os nossos objetivos, dá para fazer. E não é tão difícil e não envolve grandes sofrimentos. E aí eu vou citar que eu sempre cito essa frase, que é boa, da Nanda Miller, que já falou, inclusive, como palestrante no Tribo Forte. E a Nanda diz assim: quando a gente vai fazer uma exceção, que seja uma coisa que valha até a última gota de insulina.
Rodrigo Polesso: Exato! Não meia gota!
Dr. Souto: Então, eu na França, lá pelas tantas, comi uma sobremesa num desses restaurantes que serve essas porções minúsculas de várias coisas, então, tinha uma sobremesa. Interessante, né, porque na culinária francesa a sobremesa é pequena e não é muito doce.
Rodrigo Polesso: Verdade.
Dr. Souto: Mas valeu cada gotinha de insulina. Então, isso faz parte, né? Mas eu não vou ficar gastando essa preciosa insulina do meu pâncreas em porcaria, em picolé…
Rodrigo Polesso: É verdade. E se você ficar… se você não se planejar, como o dr. Souto falou, não for no mercado, que é muito fácil você ir no mercado comprar. Só que se você não tirou esse tempo para fazer, você vai ficar à mercê dessas lojas de conveniência que tem muito mais do que mercado. Aí você vai entrar nessas lojas de conveniência e aí sim vai ser muito difícil de você achar uma coisa boa para você comer. E se você for no mercado, bom, tem até desde coisas em lata, que são muito baratas, tipo sardinhas em lata. Eu não tenho problema com isso. Tem gente que pode ter, tudo bem. Mas, salmão defumado, tem envelope, é só abrir e comer. Tem salames de qualidade, tem queijos de qualidade que você pode pegar, tem avocado de qualidade.
Dr. Souto: Atum, né?
Rodrigo Polesso: Atum, o próprio atum. E tem outra coisa em mercados, muito comum. Tem aquela seção onde tem comidas quentes e geralmente tem frango, tem coxa de frango, tem peixes. Tem coisas prontas que você pode degustar. Agora, se você está desesperado: “Ah, tem que comer a cada 3 horas!” e está à mercê da sua fome, você vai acabar fazendo escolhas ruins, não tem jeito. Mas, claro, se você já segue o que a gente fala de alimentação aqui, você não vai ficar à mercê da sua fome. Você quer ficar no controle dela. Então, geralmente não há desculpa, não importa em que continente você está, alimentos de verdade estão sempre disponíveis, é só você fazer esse esforcinho. E outro ponto para enfatizar que você falou, é que o mundo sim está muito mais… está aceitando, é muito mais comum hoje em dia você ter qualquer restrição alimentar, inclusive cortar os carboidratos, nos restaurantes pedir substituições. O pessoal está acostumado com isso, então não precisa ficar com vergonha. Vergonha eu que passei no Brasil quando pedi café preto sem açúcar. A mulher ficou tirando sarro de mim, porque eu tenho essas manias de tomar café amargo. Mas tirando isso, não tem desculpa. Ok? Maravilha! Uma menção rápida aqui de um assunto que dá uma preguiça violenta de falar, que saiu no Correio Brasiliense. Saiu no Correio Brasiliense o seguinte: “Estudo indica que ingestão de carne vermelha eleva o risco de morte precoce. Comer ao menos 3,5 porções do alimento por semana é associado a risco 9% maior de morrer nos 8 anos seguintes.” Olha o quão específico é isso! “Americanos chegaram ao resultado após acompanhar… blá blá blá.” Adivinha, dr. Souto, qual é a fonte disso? É obvio que a fonte disso é…
Dr. Souto: A Escola de Saúde Pública!
Rodrigo Polesso: A Escola de Saúde Pública de Harvard!
Dr. Souto: Aquela!
Rodrigo Polesso: Aquela que tem uma agenda no calendário!
Dr. Souto: Eu posso adivinhar também quem são os dois autores principais? Frank Hu e Walter Willett?
Rodrigo Polesso: Olha só! Que difícil acertar isso aí! E adivinha qual foi o banco de dados que eles massagearam?
Dr. Souto: Será do Nurses’ Health Study e do Physicians’ Health Study?
Rodrigo Polesso: É engraçado, né?
Dr. Souto: É uma piada. É engraçado. Isso aí não saiu só no Correio Brasiliense, viu. Isso aí foi assim, capa do caderno saúde do Estado de Minas, saiu em vários locais, a imprensa brasileira se lavou nesse estudo. Como sempre, né?
Rodrigo Polesso: Como sempre! O estudo foi novo, pessoal, postaram dia 12 de junho agora. Mas como a gente acabou de falar, é um estudo que periodicamente eles postam a mesma coisa, com os mesmos autores, massageando os mesmos dados e acabam vindo com coisas desse tipo, com risco aumentado de 9% e não sei o que. A gente já falou dos pré-requisitos de Bradford Hill aqui antes, então, só por isso eu já desconsideraria isso aqui. Mas eu fui de novo ver o bendito do estudo e lá no estudo, eu fiz uma live no Instagram e mostrei a tabela do estudo que está lá para todo mundo ver, nesse estudo, mostrando que o pessoal que dizia comer mais carne era o mesmo pessoal que estava mais obeso, mais sedentário, que fumava mais, que tinha mais diabetes, que era mais hipertenso. Enfim, o pessoal mais doente era o pessoal que dizia que comia mais carne. Um ponto interessante que não foi mencionado no estudo, que ao meu ver deveria ser o foco dele, é uma coisa que vai completamente oposta ao que o próprio Frank Hu e esse pessoal que fez o estudo da Escola de Harvard acredita. É que está bem claro lá nessa tabela de dados que o pessoal que morreu mais foi aquele que tinha o colesterol menor no sangue. Os níveis mais baixos de colesterol foi do pessoal que morreu mais. Então… enfim, eu queria só mencionar para o pessoal não ficar com medo de novo dessa novela de Harvard.
Dr. Souto: O pessoal que é mais jovem não vai lembrar disso que eu vou falar, mas o pessoal mais velho deve lembrar. Tinha um ministro chamado Ricupero e na época teve uma coisa chamada O Escândalo da Parabólica. Lembra disso, Rodrigo?
Rodrigo Polesso: Como você falou, os mais novos não vão lembrar.
Dr. Souto: Tá certo… nossa diferença é muito grande! Então, naquela época não tinha internet, não tinha TV a cabo. Aliás, tinha TV a cabo e TV aberta, mas poucos canais. E aí eles estavam entrevistando o ministro Ricupero e no intervalo comercial, na televisão aberta entrou o intervalo comercial, mas quem captava o sinal pela antena parabólica continuou com o feed da entrevista, só que para eles lá da entrevista estava no intervalo. De modo que o repórter começou a falar de forma informal com o ministro, ele disse: Poxa, ministro, mas e essa determinada coisa aqui? Eu não me lembro o que era o assunto. Ele disse assim: Não, isso aí o senhor tem que ver o seguinte, o ministro falando, aquilo que interessa a gente mostra, aquilo que não interessa a gente esconde. E isso foi transmitido ao vivo para todo mundo no país que estivesse sintonizando a televisão através de uma parabólica e não pela antena da televisão. Então, ficou conhecido com Escândalo da Parabólica. Então, é mais ou menos isso aí, né?
Rodrigo Polesso: É verdade.
Dr. Souto: O que interessa a gente mostra. O que interessa para Harvard? É sempre mostrar que a carne vermelha faz mal, mesmo que seja uma diferença que obviamente está dentro das variáveis de confusão. Porque, você falou aí dos critérios de Bradford Hill, mas sempre é bom martelar, lembrar as pessoas que um dos critérios é que a magnitude do efeito observado tem que ser grande, tem que pelo menos dobrar o risco. O que significa um risco relativo de pelo menos 2, ou seja, duas vezes, o dobro. E aí o risco foi 1,09. Então assim, foi um risco ridículo. Isso é tão próximo de 1 que isso obviamente é uma flutuação estatística. Assim como, o que eles vão dizer dessa história do colesterol? Ah, nós não mencionamos isso porque a magnitude é muito… Ah, mas então quando é para falar que o colesterol não é problema a magnitude pequena significa que não é significativo, mas se é para falar que a carne faz mal, a mesma magnitude pequena passa a ser significativa?
Rodrigo Polesso: Sim, sim.
Dr. Souto: Então, eu insisto: a interpretação ideológica das coisas baseado naquilo que é a crença dos autores hoje em dia está se tornando um problema cada vez maior. Um outro critério de Bradford Hill que foi violado nesse estudo… São muitos, mas um outro é a chamada reversibilidade. Que é o seguinte: se algo faz mal, primeiro tem que haver uma curva dose-resposta. Quanto mais carne, pior deve ser. Por outro lado, se eu tirar a carne deve diminuir o risco. E esse estudo mostrou que nas pessoas que pararam de comer carne não diminuiu o risco. Ou seja, porque elas podem ter parado de comer carne ou reduzido a carne, mas elas continuavam estando nesse grupo que fuma mais, que é mais obeso, etc. Porque como a carne não é a causa da coisa, retirá-la não muda o desfecho. É óbvio para qualquer pessoa que pense um pouco ou tenha qualquer noção de bioestatística. Então, ele é um estudo que não preenche nenhum critério para a causalidade. Mas, desculpa, como era a manchete mesmo do Correio Brasiliense?
Rodrigo Polesso: Estudo indica que ingestão de carne vermelha eleva risco de morte precoce.
Dr. Souto: Eleva é presente do indicativo. Então, sujeito: carne vermelha; eleva: presente do indicativo; morte precoce. Eles estão dizendo que uma coisa causa a outra, que uma coisa é decorrência da outra. E isso esse tipo de estudo não pode dizer. Então, seria a mesma coisa que eu pegar, por exemplo, e dizer o seguinte, vamos pegar aqui para as mulheres que estão nos escutando. O que eu vou dizer agora é uma realidade estatística oriunda de estudos observacionais. Que as mulheres têm um desempenho muito pior em ciências exatas, matemática, física, esse tipo de coisa e entram muito menos e desistem muito mais dos cursos de exatas. Isso significa que ter dois cromossomos x é a causa da incompetência matemática?
Rodrigo Polesso: Você está colocando a mão perto do fogo, hein!
Dr. Souto: É para as pessoas pensarem! Aí várias das nossas ouvintes e dos nossos ouvintes que tem uma visão mais coerente de mundo vão dizer: não, não, pera lá! Isso é um estudo observacional, ele não estabelece causa-efeito. Não será uma discriminação que existe na nossa sociedade, na qual os meninos desde cedo são incentivados a ter uma abordagem mais científica do mundo, um interesse mais científico, enquanto que as mulheres acabam tendo menos modelos de sucesso nessa área? Nos filmes, normalmente, o cientista louco não é um homem? Está certo? A maioria das pessoas que ganha prêmio Nobel nessa área… Então, tem uma série de explicações possíveis. Só o que eu quero é que no mundo da nutrição as pessoas tenham esse mesmo tipo de pensamento crítico. É só isso.
Rodrigo Polesso: Isso ia evitar muita asneira.
Dr. Souto: Ia evitar muita asneira. Mas parece que na hora que as pessoas vão trabalhar ou pensar em termos de nutrição, elas descalçam as sandálias do ceticismo e calçam as sandálias da credulidade. Está certo? É tipo, começou a falar da nutrição, o mesmo pensamento que diz: nossa, pera lá, é óbvio que não é o fato de ser mulher que faz com que elas vão pior em física e matemática, são circunstâncias sociais outras associadas. Pois é, para mim também é óbvio que num estudo como esse não é a carne. You can’t have it both ways, como se diz em inglês. Ou eu vou ter que aceitar, por exemplo, que estudantes negros tenham desempenho pior no ENEM porque q cor da pele faz com que eles tenham um desempenho pior. Mas claro que ninguém pensa isso. A gente vai dizer: não, é porque isso indica uma condição socioeconômica diferenciada. Bom, então é a carne vermelha que causa a morte precoce ou são as pessoas que comem carne vermelha que têm, na média… Não estou falando de vocês que estão nos ouvindo aqui, que fazem alimentação forte. Eu estou dizendo a média das pessoas que come carne vermelha são as pessoas que não dão bola para as orientações de saúde. Porque o senso comum diz que carne vermelha faz mal, portanto, comer carne vermelha é um marcador de outros comportamentos de risco. Isso é absolutamente evidente, ou deveria ser, para qualquer indivíduo das áreas da ciência da saúde que estudou um semestre de epidemiologia.
Rodrigo Polesso: Eu vou te falar uma coisa, está dando uma preguiça quase não suportável de falar desse assunto de novo. Que é a mesma coisa que a gente fala aqui sempre. Jesus Cristo! Vamos passar para o próximo aqui…
Dr. Souto: É, mas eu acho que é a nossa obrigação falar isso toda semana.
Rodrigo Polesso: É obrigação, mas vou te falar, dá preguiça, viu! Mas dá preguiça sempre.
Dr. Souto: A gente parece um disco arranhado.
Rodrigo Polesso: Digo, dessa questão da mídia postar esses estudos da carne.
Dr. Souto: Ah, sim! Eles parecem um disco arranhado.
Rodrigo Polesso: É impressionante! Impressionante! Mas olha só, tem mais um conflito de ideologia com ciência que vem a seguir com essa questão dos veganos que eu vou falar… Para dar um break aqui, on the bright side, tem um depoimento que quem mandou foi o Luiz Fernando. Ele falou: “Hoje fecho 25 dias do início do programa. São 10 kg perdidos, seguindo rigorosamente a tabela de alimentação e o jejum intermitente. Rumo à mais 10 kg para chegar no peso e no objetivo final!” Olha que maravilha! Comendo carne, com certeza. Luiz Fernando, parabéns! Dez quilos em 25 dias sem passar fome, sem controlar as calorias, mudando qualitativamente a sua alimentação e não quantitativamente, focando em nutrição.
Dr. Souto: Sensacional!
Rodrigo Polesso: Ele seguiu o Programa Código Emagrecer de Vez. Se você tem interesse, esses primeiros 25 dias é o desafio, onde você vai ficar 100% focado na tabela verde que eu indico, e você vai reprogramar, ajustar o seu metabolismo para voltar a queimar gordura. Você pode entrar em CódigoEmagrecerDeVez.com.br se quiser ajuda passo a passo de como fazer isso. Olha só, dr. Souto, cinco médicos que propõem o estilo de vida vegano e vegetariano ajudam num artigo com problemas comuns enfrentados e reportados por veganos. Isso foi colocado no site Plant Based News e eu acabei vendo alguém postar isso acho que no Twitter. Então, as pessoas relataram esses problemas mais comuns que veganos tendem a ter e esses médicos que, acreditem, propõem esse estilo de vida, vieram para tentar pacificar a cabeça das pessoas e ajudar a resolver esses problemas comuns. Então, o primeiro problema comum relatado pelas pessoas, a preocupação é como eu posso prevenir a deficiência de vitamina B12. Aí os médicos responderam. Eles começaram enfatizando a importância da B12, dizendo que essa vitamina está presente na carne, nos ovos, nos laticínios, mas também na forma de suplemento. Alguém já viu alguma árvore de suplemento por aí? Bom, seguem indicando nesse artigo doses de suplementação de B12 para a galera, falando que qualquer um dos suplementos é bem aceito, sendo que o ciano cobalamina lá é sintético, é péssimo e tem o metil cobalamina que é bem melhor. Enfim, eles não entram nem nisso aí. E daí eles falam o seguinte: enfim, que você tem que suplementar e começam a dizer que a suplementação, pouco dela é absorvida e tem várias dificuldades, mas ainda assim tem que suplementar. Então, fica a dica, pessoal, se o nutriente é essencial à vida humana, assim como eles mesmos concordaram, né? E ele não está presente em alimentos veganos, eu acho que a natureza está te dizendo alguma coisa. Eu não sei o que você acha, mas eu acho que a natureza já está te dando uma dica nesse sentido. B12 é um problema gravíssimo em quem faz dieta vegetariana, principalmente veganos e suplementação é meio tricking, tem que saber fazer certinho. Então é uma coisa a se preocupar. Eles ajudam dessa forma, indicando suplementação. O segundo problema é clássico, dr. Souto. Por que eu estou tendo gases e inchaço? Eles dizem que sim, esse é um problema comum que pode ocorrer. Depois eles começam a venerar fibras, começam a dizer como as fibras foram feitas por Deus e não sei o que a ponto de dizer o seguinte: “Fibra é um dos nutrientes mais benéficos que uma pessoa pode consumir.” Da última vez que você viu os fatos, fibra não é nem um nutriente, não é, dr. Souto? Para começo de história.
Dr. Souto: É um negócio que não é absorvido, né? A definição de uma fibra é um carboidrato que não é digerido, de modo que… Está bem, vamos admitir que ela possa produzir benefícios para a flora intestinal e tal. Essencial não é.
Rodrigo Polesso: Isso é fato, não é nem discussão.
Dr. Souto: É fato, essencial não é. Mas eu li uma vez um negócio muito engraçado no Twitter. Eu infelizmente não me lembro quem era o autor. Mas ele dizia que estava postulando para o mundo uma nova teoria que era a teoria da conservação dos gases.
Rodrigo Polesso: Jesus!
Dr. Souto: Então ele diz assim: o gás será emitido, o gás pode ser emitido pela vaca ou por você, mas ele será emitido. Então, se você comer um ruminante, bom, o ruminante vai ter emitido gases, você não. Agora, você pode comer a comida dele e aí você vai emitir os gases que ele emitiria, mas os gases serão emitidos de toda forma. Assim como tem a teoria da conservação da energia, da massa… É a conservação dos gases…
Rodrigo Polesso: Eles veneram a fibra, tal, não sei o quê… Mas eles basicamente, para ajudar as pessoas que estão tendo gases e inchaço, sugerem que as pessoas façam substituições alimentares afim de diminuir a quantidade de fibras. Por exemplo, recomendando uma dieta low-FODMAP… Diminuindo as fibras, substituindo por exemplo o feijão por lentilha, por tofu, etc. Você vai reduzir os gases e aumentar os problemas endócrinos, mas tudo bem.
Dr. Souto: Eis um problema que eu gostaria de ver alguém tentar resolver… Como fazer uma dieta de baixo FODMAP e vegana ao mesmo tempo.
Rodrigo Polesso: Pois é, é isso que eles estão sugerindo para o pessoal fazer. E dizendo que sim, é um problema comum que a gente pode ter… É uma dieta muito rica em fibra, mas veja só, fibra é sensacional. Como a gente falou, fibra não tem valor nutritivo nenhum. Mas é um problema que os veganos tendem a ter bastante… Gases, inchaço, IBS, SIBO, esse tipo de coisa… Além da falta de praticidade de você ter que ir ao banheiro múltiplas vezes por dia, muitos deles. E fica outra dica da natureza. Quanto mais lixo para dentro, mais lixo para fora. Então, fica uma dica. Se você precisa ir ao banheiro demais para o número 2, é um indício de que tem muita coisa que não é útil para seu corpo que você está eliminado. Enfim… O terceiro é gravíssimo. A gente já mencionou isso antigamente. O terceiro problema reportado… Uns dos problemas mais comuns… Mulheres reclamando que estão parando de menstruar na dieta vegana. Eles dizem, esses médicos, que isso não tem nada a ver com a dieta vegana, mesmo lembrando que o nome do artigo é “problemas comuns com a dieta vegana”. Ridículo, né? Enfim, eles tentam ignorar isso… Dá uma de João Sem Braço e ignorar isso. Eles culpam basicamente tudo… Todo esse problema da amenorreia, que é a falta de menstruação, na ingestão insuficiente de calorias na dieta vegana, que é uma coisa muito fácil de acontecer. É óbvio que é um problema muito grave, afinal ninguém tem horas por dia para ficar mascando fibras e tentando extrair energia de coisas tão pobres em calorias. Não é por nada que a vaca fica comendo o dia inteiro, assim como o gorila e outros herbívoros. Até eles sugerem que o corte do exercício pode ser uma solução para facilitar o ganho de peso. Como aumentar a sua ingestão calórica, eles sugerem… Aumente o tamanho das porções e a frequência com que você come. Que dica genial. Eles falam… Adicione mais lanches ao longo do dia… Faça smoothies… Eles dizem que não tem nada de especial em comidas de fonte animal, de alimentos de fonte animal… Que especificamente irão promover fertilidade. Claro! Além de todos os nutrientes, não tem mais nada mesmo, né?
Dr. Souto: Vamos colocar assim… Existe um fundo de verdade no fato de que qualquer restrição calórica severa vai produzir amenorreia. E a gente vê isso em mulheres em cetogênica. E também vê relacionado ao excesso de exercício. Então, atletas, maratonistas e tal. O que acontece é assim… O hipotálamo percebe que existe um perigo… Crise energética… Ou seja, essa gestação tem alto risco de terminar mal para a mãe e filho por falta de comida, falta de nutrientes, falta de nutrição… Ele muitas vezes aborta a fertilidade. Ele interrompe o ciclo menstrual. Provoca amenorreia como uma estratégia evolutiva. Obviamente, pode ser simplesmente porque a nutrição está inadequada.
Rodrigo Polesso: Sim, sim.
Dr. Souto: Digamos assim… Eu aqui até vou concordar que existe uma certa verdade que se aumentar o consumo calórico isso tende a resolver. É que sabe o quê? Agora uma opinião… Tipo opinião pessoal, observação de consultório. Eu acho que é muito comum que o tipo de pessoa que migra para esse tipo de alimentação tenha associado algum transtorno alimentar. Então, já são pessoas que têm essa tendência… Podem ter uma tendência a anorexia. Então, para comer muito pouco, para fazer muito exercício no sentido de ficar extremamente magro… Que sim, é um caminho para a amenorreia.
Rodrigo Polesso: Sim, com certeza. O problema é que esse problema da amenorreia é bem mais comum a incidência dele na dieta vegana justamente porque é muito difícil você ingerir a quantidade que você precisa de calorias e nutrientes obviamente. Então, o pessoal focou a solução nisso. Aumente a ingestão de calorias. Aumente a ingestão de gorduras. Aumente as porções e aumente a frequência. Faça smoothies. Você precisa comer bastante. E é muito mais desafiador, eu diria, fazer isso numa dieta vegana do que numa dieta onívora que seja. Acho que por isso é mais difícil, mais comum também que as pessoas enfrentem esses problemas seguindo essa filosofia alimentar. Imagina, se o corpo não consegue seguir em frente com o processo reprodutivo, é porque a coisa está feia, já que é o objetivo de qualquer animal. Bom… Número 4 aqui… Não precisa de carne para absorver ferro? Uma pergunta. O pessoal está preocupado com anemia. Eles admitem que o ferro da carne é facilmente absorvido e depois começam a dizer que o ferro não-heme… O tipo de ferro não-heme iron… Das plantas… Ele é difícil de se absorver. Mas isso é bom, segundo eles, porque a absorção é mais regulada e não é acelerada. Caramba! É que nem falar que amenorreia é bom porque é mais prático. E eu já ouvi veganos falarem isso, viu?
Dr. Souto: Que horror.
Rodrigo Polesso: Eu vi ouvi. Não estou inventando. Ouvi meninas falando que era mais prático para elas não terem menstruação.
Dr. Souto: Uma coisa tem que ficar bem clara. Acho que isso é uma distinção também. Assim como no início do episódio de hoje a gente conversou… Quem vai fazer uma viagem… A pessoa tem que ter seus objetivos claros. Se ela está indo para a Itália para comer massa, então tá. Mas pelo menos que admita que é isso e não fica reclamando que eu não posso fazer a dieta porque eu viajo. Por exemplo, eu, Souto, viajo bastante e mantenho minha alimentação. Mas a minha prioridade pode ser diferente de outra pessoa. Então, vamos falar aqui nesse assunto. Se a pessoa opta pelo veganismo por motivos éticos e filosóficos dos quais eu eventualmente discordo, mas eu respeito… É uma situação. O que não dá é mentir sobre saúde e biologia, não é verdade? Dentro do paradigma evolutivo, se algo, por exemplo, é absolutamente essencial e se eu não comer, não consumir aquilo, eu morro, o que que acontece? O corpo passa a produzir aquilo ali. É o caso da glicose, né? A glicose é essencial para algumas células do cérebro. O que acontece? Nosso fígado fabrica toda glicose que a gente precisa, porque se nós dependêssemos da glicose da dieta, bem, os nossos antepassados teriam todos morrido e a nossa espécie não existiria mais. Porque que o ferro que a gente absorve bem é só o ferro de origem animal? Porque que a gente absorve tão mal o ferro de origem vegetal? Porque animais estiveram presentes durante a evolução da espécie humana e foram importantes na nossa dieta? Por exemplo, vamos pegar a B12. Tem um monte de organismos na face da Terra que fabricam a própria B12. Bem, o ser humano não fabrica B12 por quê… Se a B12 não está presente em nenhum produto de origem vegetal? É porque nós sempre comemos produtos de origem animal. Eu entendo a pessoa dizer o seguinte… Acontece que a minha filosofia, minha religião, minha crença impede que eu coma animais… Sabendo que são alimentos que evolutivamente não são os melhores para mim, eu prefiro mesmo assim fazer uma alimentação dessa forma. Vou suplementar B12. Vou cuidar a anemia e, se for o caso, suplementar ferro ou então forçar alguns alimentos vegetais que têm uma quantidade maior de ferro para ver se eu compenso a má absorção. Mas veja… Tem que ficar claro… Tem que ficar bem evidente… Que esta é uma opção filosófica e não se saúde. Cara, nós estamos optando por uma coisa que gera problemas de deficiência.
Rodrigo Polesso: Sim, sim. Exato. Isso leva ao quinto ponto que é: “Eu sinto fadiga, é a minha dieta? É uma das reclamações que estamos vendo cada vez mais é de pessoas que se sentem cansadas e fadigadas numa dieta baseada em plantas.” Pessoal, não é difícil de entender o porquê. Basicamente dizem que, de novo, que a causa é que você não está comendo o suficiente… Que tem que comer mais… Dizem também que pode não ser a dieta… Mas sim pode ser anemia, a deficiência de ferro ou a deficiência de B12. São todos problemas que a gente acabou de falar que são causados pela dieta. Então, você está lascado. E para concluir, esse belo artigo de grande ajuda desses médicos aí… Concluir em alto nível, com boas notícias, eles falam o seguinte: “A ótima notícia é que comendo uma dieta baseada em plantas nós estamos ficando mais saudáveis. Lutar contra a fadiga pode ser tão simples quanto comer mais desses alimentos maravilhosos de plantas.” É basicamente assim que eles fecham o negócio. Se a gente fosse ficar mais saudável comendo planta, para começar a gente não teria todos esses problemas que são, na minha opinião, gravíssimos… Você se sentir fadigado, ter deficiência de ferro, anemia, deficiência de B12… Deficiência… Muitas deficiências que eu não vou nem falar aqui para não assustar muito o pessoal. Tem muita coisa com isso. Esses médicos veganos tentando incentivar o pessoal a continuar, tentando dar sugestão… Basicamente tudo se resume a: coma mais. Pessoal, não deveria ser tão difícil assim você comer o suficiente para você se manter numa saúde, com a disposição boa. Não é uma dificuldade no mundo moderno hoje para a maioria das pessoas comer o suficiente. O problema é comer em excesso. E como que as pessoas podem ter tanto problema assim ao basearem sua alimentação nos alimentos menos nutritivos do planeta Terra? Não é difícil de entender.
Dr. Souto: É a famosa dissonância cognitiva.
Rodrigo Polesso: Pois é. Você falou. A decisão é ideológica. Tudo bem. A gente respeita. Nada contra. Mas tem que assumir que você vai fazer um esforço para tentar fazer funcionar.
Dr. Souto: E se a pessoa assumisse isso, resolveria a dissonância cognitiva e o discurso ficaria tão mais simples. Seria assim… Você corre o risco de ficar anêmico, mas tudo bem. Você está fazendo isso pelo bem-estar animal. Então tome seu suplemento e tal. Você tem o risco de B12… Você vai ter que suplementar. Mas tudo bem, você está fazendo isso pelo bem-estar animal. Você está com muitos gases e distensão abdominal, mas tudo bem. Você está passando por esse perrengue, mas você está fazendo pensando no bem-estar animal. Usa o argumento correto e não tentar convencer as pessoas de que algo que elas estão fazendo que está lhes deixando anêmicos, sem menstruar, com distensão abdominal, deficiência de ferro e B12… É bom para a saúde e basta você comer ainda mais vegetais. O argumento fica esquisito por causa da dissonância cognitiva, porque no fundo as pessoas não estão colocando nos termos corretos. Nós temos que colocar nosso objetivo. No momento que a gente admite que essa não é a melhor estratégia para a saúde, que é anti-evolutivo, que não faz sentido do ponto de vista darwiniano, mas a gente escolhe o motivo correto… Eu tenho bem claro para mim… Não é pela minha saúde… Eu prefiro que minha saúde sofra do que um animal sofra. Está bem, é uma opção da pessoa. Claro que a pessoa poderia fazer uma outra solução para a dissonância cognitiva, que é assim… Vou lutar para que os animais não sofram. Vejam, eles morrem igual, porque nenhum bicho é imortal. Então, assim, vamos fazer com que essa morte seja a mais humanizada possível. O animal vai ter uma vida boa para um animal. Quando ele for sacrificado rapidamente da forma menos dolorosa e problemática possível, que sempre será, eu repito, menos dolorosa do que na natureza morrendo de doença ou sendo predado a mordidas… Porque ele não é imortal. Ele não vai morrer de velho de um infarto. Vai ser por predação ou porque os dentes já não são suficientes… Ele vai começando a ficar pele e osso e aí finalmente ele morre por predação. Então, assim, a morte na natureza é uma constante. Os bichos não sobem para o céu com música de arpas. É muito melhor que o bicho possa ficar lá comendo bastante capim que vai ser providenciado para ele por quem tem interesse econômico em que ele tenha bastante capim à vontade. O fazendeiro vai manter os predadores longe dele, porque é do interesse do fazendeiro isso daí, de um modo em que o bicho vai basicamente se preocupar em comer e viver. E aí um belo dia, ao invés de ser atacado por cães selvagens… Porque não tem a opção de morrer na cama cercado dos seus familiares. Ao invés de ser atacado por um cão selvagem, ele vai ser levado para um matadouro que obviamente é uma situação que envolve algum stress, mas eu suponho que não seja um stress maior do que vários cães selvagens te mordendo o suficiente para você morrer. Porque assim… Repito… A morte faz parte da vida. Os bichos morrem. E daí você de repente luta pelo tratamento humanizado. Essa morte tem que ser rápida, sem sofrimento desnecessário. É por isso que essas pessoas que pensam nos animais deveriam estar lutando. Agora, se a pessoa acha que não, que o caminho melhor não é esse, que eu prefiro sacrificar a minha saúde porque eu como ser racional posso sofrer de forma voluntária, ao contrário desses animais que sofrem de forma involuntária… Eticamente é mais correto eu escolher sofrer… Bom, então tá, a pessoa faz isso. Mas aí com a coisa clara na cabeça. É uma opção.
Rodrigo Polesso: Eu acho que se você decide ser vegano como você falou e você acaba pagando o preço para salvar os animais, você está sendo não vegano ao mesmo… Por que adivinha… Novidade… Você é um animal. Você está se maltratando, você não está se valorizando. Então, você não está cuidado bem dos animais… Do animal mais importante da sua vida, que é você mesmo. Mas acho que o objetivo nosso aqui… E eu gostaria que esse mundo chegasse nessa situação… É justamente o que você falou. Onde veganos e não-veganos possam enxergar de fato os fatos. Os fatos sobre saúde. Os fatos sobre meio-ambiente. Os fatos sobre animais. Eles podem olhar os fatos crus e com base nisso eles põem decidir se vão tomar uma decisão ideológica ou não. E não mais se enganar achando que vai ser bom para eles ou para o meio-ambiente sendo que os fatos mostram o oposto. Quem sabe a gente chega lá uma hora ou outra, mas é difícil, ainda mais com artigos como esse que a gente está vendo aqui.
Dr. Souto: Eu acho que isso aí vai seguir um ciclo. Se a gente se basear no ciclo do low fat, bota uns 40 anos nisso.
Rodrigo Polesso: Pois é. A seleção natural demora bastante tempo. Beleza, pessoal. Vamos falar, então. Chegou na hora de a gente falar o que a gente degustou na última refeição. Na última refeição eu degustei um belo bife. Eu comprei umas ostras em lata. Então, comi umas ostras em lata junto com um bife também. Um queijo búlgaro de ovelha muito gostoso também. Essa foi minha refeição basicamente. Dr. Souto, o que foi por aí?
Dr. Souto: Quem já nos segue no Instagram já conhece a cozinheira da minha mãe. Mas quem quiser dar uma olhadinha, ela tem Instagram. É @silamelodias. E aí vocês podem ver as receitinhas e as coisas da Sila. A Sila sempre faz coisas maravilhosas e todas low carb. Hoje a Sila fez bolinho de arroz… Vocês vão dizer… “Há! Pecador! Eu sabia que você ia comer carboidrato.” Não, pessoal. São bolinhos de arroz de couve-flor fritos na banha. Eles ficam iguaizinhos ao bolinho de arroz aquele… Com arroz… Mas é sem arroz. Então, bolinho de arroz. Ela fez um picadinho… Olha que interessante… Usando carne que sobrou da véspera para não ir fora, mas aí fez aquele picadinho com molho, com cogumelos, com purê de cenoura. Ficou absolutamente espetacular. E de sobremesa tinha um bolinho de amendoim. Low carb, obviamente, com farinha de amêndoas, com xilitol. Hoje foi um banquete.
Rodrigo Polesso: Que maravilha. Low carb high anti-nutrient. Enfim, cada um com sua escolha.
Dr. Souto: Deixa meu amendoim que eu gosto.
Rodrigo Polesso: Tem pessoas que arrumam briga se falarem do amendoim ou da pipoca deles. Eu que não vou falar mal. Maravilha, pessoal. Siga lá no Instagram, porque é uma maneira legal de compartilhar o que a gente faz no dia a dia. Você pode ver o que a gente está cozinhando… Fotos dos alimentos, etc… Participar mais ativamente do estilo de vida no dia a dia. Siga o Dr. Souto, é @jcsouto. O meu é o meu nome mesmo @rodrigopolesso. Você me encontra lá e a gente segue em frente junto aí. Maravilha, pessoal. Esse foi o podcast de hoje. Semana que vem a gente está aqui novamente. Lembre-se, se você quer fazer parte dessa Tribo, entre em TriboForte.com.br. Veja o que tem lá dentro. Um destaque para mais de 500 receitas incríveis lá dentro. E são colocadas mais quase que diariamente pelas sensacionais nutris Polyana Freitas e também a Paty Ayres. TriboForte.com.br. Vai lá que está boa a coisa. Beleza? Dr. Souto, obrigado pelo nosso papo de hoje. Semana que vem a gente está aí de novo.
Dr. Souto: Beleza. Um abraço. Até a próxima.