Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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Neste Episódio:
- Hambúrguer vegano;
- Novo estudo,
- Novamente o TMAO;
- Estatinas;
Escute e passe adiante!!
Saúde é importante!
OBS: O podcast está disponível no iTunes, no Spotify e também no emagrecerdevez.com e triboforte.com.br
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Ouça o Episódio De Hoje:
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Caso de Sucesso do Dia
Referências
Artigo Sobre Carnes de Plantas
Estudo Publicado no The American Journal of Clinical Nutrition
Transcrição do Episódio
Transcrição estará disponível em breve.
Rodrigo Polesso: Fala pessoal, bem-vindos ao episódio número 232, aqui do podcast da Tribo Forte, o seu podcast oficial semanal de saúde, emagrecimento, estilo de vida saudável e nutrição baseado em evidência. Hoje a gente vai bater um papo aqui sobre hambúrguer vegano, com certeza é um paraíso da saúde isso, a gente vai ver um pouco, você vai ficar talvez um pouco incrédulo em saber alguns detalhes sobre um estudo novo que foi publicado sobre isso, vai entender um pouco mais sobre a falácia da autoridade também e um pouco mais também para turbinar o seu senso crítico. E vamos falar sobre TMAO que tem a ver com isso aí, a gente já falou sobre isso antes, mas a gente vai revisar um pouco disso também. E a gente vai começar aquecendo aqui com assunto sobre estatinas, colesterol LDL e tudo mais, que é outro assunto também que não morre parece. Doutor Souto, tudo bem? Bem-vindo aí ao podcast de hoje!
Dr. Souto: Bom dia Rodrigo! Bom dia aos ouvintes!
Rodrigo Polesso: Vamos começar aquecer com essa questão do LDL, das estatinas… Estatina é aquele medicamento para baixar o colesterol, como você já sabe, o colesterol vem sendo utilizado como marcador de risco metabólico desde a época de Cristo basicamente, há muito tempo, infelizmente, apesar da ciência que a gente tem disponível aí, isso parece não mudar, e agora tem uma coisa interessante para eu contar para vocês, que enfim, essa loucura como eu falei das estatinas e da redução de colesterol no sangue continua agora com novas diretrizes que focam na redução do LDL em 30% ou mais em pessoas que tenham um risco calculado cardíaco moderado e em 50% ou mais em pessoas com alto risco calculado, ou seja, eles querem sempre aumentar a audiência que pode tirar proveito aí, fazer uso na verdade de estatinas né, e o doutor Aseem Malhotra, lá do Reino Unido, cardiologista e mais dois colegas, fizeram uma revisão sistemática que foi recém publicada no British Medical Journal, com 35 ensaios clínicos randomizados, que foram analisados e concluiu nessa revisão que estatinas não proporcionam qualquer benefício adicional às pessoas que se encaixam nesse grupo de risco que eles querem aumentar, enfim, a prescrição, eles dizem o seguinte: “os resultados negativos de vários ensaios clínicos randomizados sobre redução de colesterol questionam a validade de se usar o LDL como marcador de prevenção para doença metabólica”… Enfim, isso que a gente tá falando Doutor Souto, acho que a questão da estatina, a gente já falou que um milhão de vezes, é uma das maiores indústrias do mundo, é um medicamento que cada vez mais parece que eles querem dar para mais pessoas, tem uma parruda base de evidência científica mostrando que ele não favorece o benefício todo que as pessoas acham que ele favorece, e Inclusive tem vários efeitos colaterais, e eu acho que as evidências foi trazida agora recente publicada, com 35 ensaios randomizados, é uma evidência que a gente tem que considerar também e eu não sei o que mais falta para mudar, quando a ciência vai poder ganhar sobre interesses financeiros… não sei, não sei, o que que você acha de sobre isso aí?
Dr. Souto: É, é um assunto que rende, dá pano pra manga, a gente sempre consegue conversar bastante sobre isso, porque a primeira coisa que quem tá nos ouvindo precisa entender é assim: existem diferentes motivos pelos quais um médico pode prescrever estatina, existe a chamada prevenção primária, que é aquela que você não tem nada, somente o número do colesterol alto no papel, ali no exame, e a ideia é que você vai tomar o remédio para diminuir o risco de ter um evento cardíaco, basicamente, é isso que essa revisão do Dr. Malhotra tá questionando, olha, as evidências são praticamente inexistentes nesse sentido… aí existe outras situações onde já muda um pouco a figura, o individuo que já é doente, já infartou e tal, esses indivíduos realmente parecem se beneficiar, não é um super benefício, não é gigante, mas eles realmente diminuem a incidência de um novo infarto ou de morte. Então, a gente tem que diferenciar essas situações. Eu vou fazer um paralelo Rodrigo, com uma área menos contenciosa, para fazer uma comparação: a maioria dos que estão nos ouvindo sabem que não adianta usar antibiótico para tratar vírus, para tratar um resfriado, uma gripe, por que? É porque vírus, resfriado e gripe não respondem antibióticos, antibiótico é para bactérias, e por muitos anos os médicos, os pediatras vem insistindo, no sentido de que se use menos antibiótico para tratar doenças virais, porque quem tem uma infecção viral sabidamente não vai se beneficiar do uso do antibiótico, isso não significa que o antibiótico seja uma coisa inútil, obviamente não, é que ele tá sendo usado numa situação de baixo risco, na qual ele não adianta, e como ele não adianta nessa situação você passa a ter o que? Os riscos associados ao uso, os riscos associados ao uso que no caso principal é o quê? Desenvolver resistência bacteriana. O dia que você tiver realmente uma infecção bacteriana, talvez aquele antibiótico não funcione bem, porque você já selecionou uma flora de bactérias resistentes no seu organismo. Então, usar uma medicação quando ela não tá indicada, significa você não ter os benefícios, mas você está sujeito aos riscos, e é isso que aparentemente acontece quando você usar estatina em indivíduos de baixo risco, mas aí você vai dizer “tá, mas eles não são de baixo risco, eles têm colesterol elevado”… E aí entra o que você tá falando, somente ter o LDL elevado quando o resto tá tudo bom, HDL tá bem, triglicerídeos também, o indivíduo não tem resistência a insulina, insulina é baixa, com glicose normal, o cara não fuma, pressão é boa, quando o resto tá tudo bom, se você botar esses números na calculadora de risco cardiovascular o sujeito pode ter 250 de colesterol total, LDL de 170 e ele vai ter um risco baixo, e a gente sabe que para risco baixo a estatina não adianta. Então, e essas diretrizes que falam em tentar atingir um valor específico de LDL ou tentar reduzir em X% o LDL, até onde eu saiba, isso é baseado em foi “tirado da cabeça das pessoas”, não tem que eu conheça estudos que mostrem “se você reduzir até o número tal LDL isso vai ser melhor”…
Rodrigo Polesso: Tem o oposto disso, na verdade, mostrando que não tem benefício nenhum, tem até malefícios…
Dr. Souto: Então, eu diria que boa parte das pessoas que estão usando esses medicamentos hoje em dia, estão usando sem indicação, estão usando apenas porque, como eu brinco, tem um laboratório famoso que tá espalhado pelo Brasil que quando o resultado dá alterado o número vem em vermelho, então as pessoas estão basicamente recebendo remédios porque “o númerozinho veio vermelho”, isso não é boa medicina. Eu não me lembro se eu já fiz aqui no podcast a analogia da piscina, mas eu acho que eu já fiz, de qualquer forma se eu não fiz, vale repetir: imagina que você mora num edificio que tem um terraço e nesse terraço tem uma piscina, e o seu quarto infelizmente fica debaixo da piscina do prédio, daqui a pouco começa a haver uma infiltração no teto, e começa a mofar o teto, tá infiltrando a água da piscina no seu teto, qual é o problema? O problema é que a piscina tá com a impermeabilização ruim, não é mesmo? Se ela tivesse com a sua impermeabilização em dia a piscina podia tá cheia da água que não ia infiltrar no seu teto. Então, o problema não é a piscina ter água ou não ter água, o problema é que a piscina não está boa, porque se ela tiver boa ela pode ter água e não vai infiltrar. Então, vamos trazer isso para o exemplo do colesterol: todos nós temos partículas de LDL carregando colesterol no sangue, elas têm suas funções, elas ajudam a inativar vírus e bactérias, elas ajudam a levar nutrientes e vitaminas lipossolúveis aos tecidos, quem carrega os triglicerídeos, a gordura que sai do seu fígado para ser queimada no músculo como fonte de energia são as partículas de LDL, ou seja, elas estão lá cumprindo funções. Aí se você tem o revestimento interno dos vasos sanguíneos, que é o endotélio, se esse revestimento tá bem, tá saudável, se ele está adequadamente impermeável, não tem muito como essas partículas de LDL saírem de dentro do vaso sanguíneo, atravessar essa barreira e ir parar na parede do vaso, para que ela passe por ali, esse endotélio, esse revestimento interno tem que estar com a permeabilidade aumentada, ele tem que estar doente, e aí os exemplos que a gente sempre dá: Por que o cigarro aumenta o risco cardiovascular? Ele não aumenta o seu colesterol, nem as suas partículas de LDL, ele danifica o endotélio, ele danifica a impermeabilização dos seus vasos. Bom, vou voltar para analogia da piscina… Se você tem uma piscina que está com a impermeabilização ruim e se você esvaziar, tira a água da piscina, resolve o problema da infiltração, isso não significa que o problema original fosse ter água na piscina, porque a piscina foi feita para ter água, o problema era a e permeabilidade, se você consertar você pode encher a piscina de novo. Então, trazendo a analogia para o colesterol: se o indivíduo está com todos os outros marcadores bons, ou seja, está com seu endotélio sadio, tá com seus vasos sanguíneos com a permeabilidade adequada, você não precisa tirar o colesterol, reduzi-lo com medicamento até aquele colesterol ficar cento e poucos… Claro, se você pegar um indivíduo doente, olha a sutileza do raciocínio, o cara é diabético, o cara é hipertenso, ele come mal, não se exercita e ele se recusa a mudar o estilo de vida, nesse indivíduo se você reduzir drasticamente o colesterol dele com medicamento você vai sim diminuir o risco cardiovascular dele, da mesma forma que você vai diminuir a infiltração de água no teto esvaziando a piscina. Mas o problema não era ter água na piscina, o problema não era o colesterol, o problema é que o individuo tem diabetes, tem pressão alta e não muda o seu estilo de vida. Então é isso que ajuda a gente a entender certos paradoxos. “Poxa vida, mas tem um estudo que mostra que em diabeticos a estatina reduz o risco de eventos cardiovasculares”, sim, mas você sabia que o diabético pode deixar de ser diabético se ele mudar o estilo de vida dele?
Rodrigo Polesso: É, pois é, pois é!
Dr. Souto: E você sabia que a piscina que tá vazando pode ser consertada?
Rodrigo Polesso: Sim, exato! E esse risco positivo suposto que tem em algumas pessoas é muito pequeno, deixa eu deixar isso bem claro aqui, é muito pequeno e ainda assim dá para você contestar isso também…
Dr. Souto: É Rodrigo, a gente já falou tantas vezes na história do NNT e da necessidade de ter uma discussão aberta/franca com o paciente, de colocar em números, dizer assim “olha, o seu , vamos colocar aqui na calculadora de risco, ele é um risco estimado tal… e se você usar a medicação ele vai vir para X”, muitas vezes a pessoa vai olhar e você vai dizer que precisa tratar 100 pessoas como eu por 10 anos para beneficiar um… E aí o sujeito diz assim “eu prefiro não” e é um direito , ou veja bem, ele pode dizer que para ele essa redução por diminuta que seja, ele acha que vale a pena, porque ele tem muito medo, porque enfim, o pai dele morreu disso, e ele tem aspectos … acho que tá bem, é a chamada “decisão compartilhada”.
Rodrigo Polesso: Não, exatamente, exatamente!
Dr. Souto: O que nos irrita e deixa nas pontas dos cascos, é o pessoal dizer de forma paternalista e ditatorial que todo mundo que tem o LDL acima de X tem que tomar remédio… porque não é simplesmente essa a interpretação mais correta da ciência né…
Rodrigo Polesso: De forma alguma! Exatamente! Bom, como eu disse, foi um “aquecimento de LDL”, pessoal, porque o assunto principal hoje aqui é hambúrguer vegano. Teve um artigo publicado agora no dia 11 de Agosto, bem recente né, no site da Escola de Medicina de Stanford, nos Estados Unidos, com o seguinte título: “carne de plantas abaixa alguns fatores de risco cardiovascular, quando comparado com carne vermelha, diz estudo”, a dieta que inclui uma média de duas porções de alternativa de carne feita com plantas abaixa alguns riscos, fatores de riscos, cardiovasculares comparado com uma dieta que inclua a mesma quantidade de carne animal. Cientistas da Escola de Medicina de Stanford acharam. Daí vamos lá, no segundo parágrafo do estudo eles falam o seguinte, do estudo não, do artigo no site da Escola de medicina de Stanford, que falou sobre o estudo, eles falam o seguinte: “esse pequeno estudo foi patrocinado, como um presente, sem restrição, da Beyond Meat, se você não , Beyond Meat e a Impossible Burguer são as duas maiores do mundo que produzem discos de vegetais, que eles insistem em chamar de Hambúrguer né…
Dr. Souto: Isso elas competem para ver quem faz mais fake meat, mais carne fake.
Rodrigo Polesso: Exatamente! Então, o estudo foi patrocinado pela Beyond Meat, que faz alternativas a carne. Os pesquisadores usaram produtos da companhia e compararam os efeitos na saúde, com carne e essas alternativas. A Beyond Meat disse que não teve nenhum envolvimento no design e condução do estudo e não participou da análise dos dados. Claro né, a única influência foi patrocinar todo mundo!
Dr. Souto: Rodrigo, é assim ó, nós vamos falar disso, mas eu não quero perder a linha: Por que a Beyond Meat deu esse presente, esse dinheiro de presente para esta Universidade específica? Porque eles sabiam que o Christopher Gardner, que é o investigador principal, é vegetariano/vegano, então não estavam envolvidos no desenho, sim, eles só escolheram alguém que eles sabiam que ia dar o resultado que eles queriam. Então, assim pessoal, você que tá aí nos ouvindo em casa, você tem uma empresa, sei lá, que faz cosméticos, e aí você vai dar de presente esses cosméticos para alguém para ver se essa pessoa faz Stories e fazpostagens no Instagram que possam ser úteis para sua empresa de cosméticos… Você vai dar o presente para o Polesso?
Rodrigo Polesso: Ô, vou me ofender cara! Você tá assumindo, corretamente, que eu não uso cosméticos?!
Dr. Souto: Talvez o exemplo… Eu quis dizer que mesmo que o Polesso bote o batom e tal, assim, vai ser ruim para sua empresa, tá certo?! Então, você vai escolher para quem você dá esse presente, porque você espera que o resultado seja útil para sua empresa, tá claro o que que eu quis dizer aqui né?! Tá, vamos adiante, desculpa interromper aí…
Rodrigo Polesso: Tá muito claro, com certeza! Então, fala assim como “presente e restrito da Beyond Meat”, aham, é porque eles tem um coração bom… Daí eles falam “Pode parecer óbvio que um hambúrguer feito de plantas é mais saudável do que o hambúrguer de carne, mas muito…”
Dr. Souto: Essa frase foi a frase que me deu mais vontade de chutar tudo que tinha pela frente!
Rodrigo Polesso: Exatamente, como eles se invertem né pessoal, eles invertem o paradigma, todo mundo sabe que hambúrguer de carne, até antes de ver essa propaganda, é uma coisa mais saudável, até porque hambúrguer de planta é uma coisa que não existe, é totalmente processado. Daí eles falam que muitas dessas alternativas das carnes, como as do Beyond Meat tem relativamente altos níveis de gordura saturada e também sal adicionado, por sinal mais sal do que as alternativas de carne, e também são consideradas comidas altamente processadas. Correto. Eles falam enfim, que são feitas com extratos e compostos isolados de alimentos, ao invés de holdings, feijões inteiros… É muito engraçado quando o pessoal fala, com cogumelos cortados… Enfim, estou falando basicamente que tem essa ideia né, que essas alternativas de carnes são processadas, enfim, o estudo foi um ensaio Clínico randomizado com 36 pessoas, onde metade delas fariam uma dieta com pelo menos duas porções de carne por dia, e a outra metade com duas porções de carne feitas de plantas, tudo por 8 semanas, cada grupo ia fazer uma fase. Então teve gente que começa com um hambúrguer de carne por oito semanas, depois faz hambúrguer vegetariano por oito semanas… O estudo foi publicado no Jornal Americano De Nutrição Clínica, isso que eu achei engraçado também, eles focaram na análise toda como desfecho primário dessa análise do estudo inteiro o TMAO, só para falar sobre o TMAO. Então, eles já escolheram o marcador que eles já sabiam que ia favorecer, digamos assim, a causa né. Então, eles escolheram o TMAO, vai saber por quê né… bom, como eu falei, eles já sabiam que ia dar resultado positivo. Claro, assumindo que o TMAO é um fator reconhecido de risco, o que não é verdade. Esse TMAO, se ele fosse válido, mesmo se ele fosse o marcador válido de fato, eles ainda assim não conseguiram provar certinho o que eles queriam, porque eles falam no estudo que essa diferença positiva que eles disseram na conclusão do TMAO só foi observado em quem comeu plantas primeiro, por oito semanas, e depois comeu carne, mas não foi observada em quem comeu carne primeiro e depois comeu plantas, então eles não conseguiram provar a exatamente que eles queriam apesar de tentar de todos os jeitos provar isso. Outra coisa, eles assumem que o alto, o maior nível de TMAO no sangue, é associado com maiores riscos de saúde e problemas de saúde, que é uma associação errada. Por que? Olha só que fator interessante: o peixe é reconhecidamente a maior fonte de TMAO na dieta humana, pessoal, o peixe é universalmente aceito como um alimento saudável, em todos estudos que a gente conhece, até vegetarianos aceitam este fato, e o peixe, como eu falei, é o que mais eleva a TMAO na dieta humana, então como pode o TMAO mais alto no sangue ser um problema? E foi justamente isso que eles estavam querendo provar. Ainda sobre o TMAO, um estudo postado no Jornal Daybeds, em 2019, investigou uma suposta associação causal do TMAO, será que ele causa problemas cardíacos, diabetes e etc? E concluiu que altos níveis de TMAO não foram associados de forma causal a esses problemas. Então, tem estudo mostrando isso, tem a questão do peixe falando também que vai totalmente contra isso, e uma limitação interessante aqui também, Doutor Souto, eu tava lendo o estudo, eles falam assim: uma limitação foi que teve a inclusão nos dois grupos que participaram, a inclusão e a permissão, no caso das pessoas, de ingerirem o quê? Frango e peixe no estudo. Porque ambos têm diferentes impactos no TMAO, e eles assumem que isso fez a diferença entre a intervenção planta e a intervenção animal, um pouco menos contrastante né?! E agora pensa: as pessoas que estavam comendo tubos e vegetais X as pessoas que estavam comendo hambúrguer de carne, esse grupo enquanto tava seguindo essa parte vegetariana de comer esses hambúrgueres vegetais, você acha que essas pessoas também talvez comeriam menos peixe, já que elas estavam fazendo um experimento vegetariano? Provavelmente né. Então, você comendo menos peixe, você abaixa também o TMAO, e as pessoas que estavam comendo hambúrguer de carne elas vão continuar comendo o frango dela e o peixe dela normal, porque elas não tão fazendo experimento vegetariano. Então, só isso, na minha opinião, já coloca abaixo completamente esse péssimo estudo, mas de novo, Doutor Souto, acho que você pode falar um pouquinho aí, por que será que eles escolheram o TMAO como desfecho primário do estudo desse tipo? E mesmo assim deram um tiro no pé, e quando você lê a conclusão do estudo, você consegue enxergar a pachorra deles de tentar maquiar uma coisa que é imaquiável…
Dr. Souto: Nós tivemos um episódio muito divertido no passado, onde a gente usou a expressão o “TMAL” e o “TBOM”, que era uma brincadeira, justamente para mostrar que nos estudos em que se mostrava que a carne vermelha estava associada com o aumento dessa substância TMAO, se dizia os motivos pelos quais o TMAO é um fator de risco cardiovascular, aí outros estudos nos quais se mostrava que o peixe aumentava o TMAO, se mostrava porque o TMAO tava associado com coisas boas, mas ele é ruim ou ele é bom? É o “TMAL” ou o “TBOM”? Porque na verdade o objetivo é demonizar a carne vermelha, e para isso, já que ela aumenta o TMAO, bom, então o TMAO tem que ser mal. Agora, quando você descobre que plantas, por exemplo, podem em determinadas circunstâncias aumentar o TMAO, ou no caso o peixe, como você muito colocou, universalmente em todos os estudos observacionais de coortes, todos esses estudos de epidemiologia nutricional, o peixe tá sempre associado com bons desfechos, com redução de doenças, com redução de doença cardiovascular e de mortalidade, e o peixe aumenta o TMAO, não é um pouco, é muitas vezes mais do que a carne vermelha.
Rodrigo Polesso: Sabe uma curiosidade, enquanto você tá falando Doutor Souto, porque eu acho que fecha bem com isso, é sempre legal a gente olhar os fundamentos por trás do que é de fato alguma coisa fundamentalmente falando, o TMAO, por isso que ele é mais alto no peixe também, ele tem um papel muito importante na estabilidade das proteínas, e no caso do peixe que é um animal que vive, obviamente, embaixo d’água e tá submisso aí, está suscetível a pressão da água, pressão do oceano, esse é o maior nível de TMAO nesses animais, ele acaba meio que contrabalanceando essa pressão do ambiente externo e estabilizando mais a proteína da carne desses animais, então, é por isso que ele tem um pouco mais de concentração de TMAO do que outros animais, então é impossível que seja uma coisa ruim, né?!
Dr. Souto: Ou seja, eu poderia olhar esse estudo e dizer: os que comeram carne de verdade, tiveram uma elevação no TMAO, comparado com os que comeram carne fake, e eu direi assim: olha, sinal que carne de verdade é o que você deve comer, uma coisa que está associada muito mais com consumo de peixe, que por sua vez tá associado… Então, vocês veem que eu tô falando “associado”, “que por sua vez está associado”, sabe qual é o problema disso? É que TMAO não é um desfecho concreto, vocês que já nos escutam há bastante tempo conhecem essa conversinha, quem começou a escutar menos tempo existem dois tipos de desfecho que interessam: o desfecho concreto e o desfecho substituto. Desfecho concreto é coisas que interessam realmente para o ser humano, morte, infarto, amputação, hemodiálise, então, se você faz um estudo comparando um hambúrguer de verdade com um hambúrguer fake, e descobre, sei lá, que as pessoas morrem menos depois de 20 anos, aí isso interessa, porque isso é um desfecho concreto. O TMAO ele é um desfecho substituto, o que significa isso? Ele é um desfecho que você usa para substituir aquele que realmente interessa, só que o problema é o seguinte, aí você entra nesse tipo de discussão: sim, ter um TMAO maior é bom no ruim? É a brincadeira, é “TMAL” ou “TBOM”? Por que? Porque poxa vida, ele está associado com outras coisas que todo mundo acha que é bom, como consumo de peixe também, então no fundo Rodrigo, vamos agora assim dizer o que aconteceu, eles tinham que encontrar algo que fizesse com que o hambúrguer do patrocinador parecesse melhor, então você vai escolher o que? Um marcador que você sabe que é característico do consumo de carne ou de peixe, tanto faz, por que? Porque aí ele vai dar mais alto no grupo que come carne, aí basta você uma vez encontrando o óbvio, imagina que eu tivesse comparando o consumo de carne com consumo de batatas e o marcador que eu escolhesse fosse glicose, eu obviamente encontraria um aumento de glicose na batata e não na carne, então aqui eu queria mostrar que o hambúrguer fake do patrocinador era melhor, então eu vou escolher um marcador que eu sei que vai dar diferente no sangue de quem comeu o de carne e aí depois o trabalho é simplesmente alegar que esse marcador aumentado seja ruim, muito embora, tenha outros estudos que mostram que ele é bom, mas daí você cita só os que são ruins, e aí depois diz aquela balela ali que “o patrocinador deu a grana toda, mas não teve nenhuma influência”, a influência inclusive em escolher um pesquisador que pensa que nem você, isto é influência também.
Rodrigo Polesso: Com certeza! Com certeza é influência!
Dr. Souto: Imagina assim pessoal, essa coisa que se discute muito nas campanhas eleitorais do Brasil e tal, se determinadas empresas fornecerem doação para determinados candidatos: Por que uma empresa dá uma doação para um candidato? Só para ser legal? Então, não vamos ser ingênuos. E aí assim, vocês pegam um jornalista e ele sai com essas pérolas, pode parecer obvio que o hambúrguer feito de plantas é uma opção mais saudável, bom, para mim isso não é absolutamente obvio, então só nessa frase o jornalista já está se entregando…
Rodrigo Polesso: Sim, se entregando e tentando montar a cabeça das pessoas sem precisão também.
Dr. Souto: E aí vem outra frase sensacional, a questão é: se você está adicionando o sal e óleo de coco, que é uma gordura saturada e usando ingredientes processados, será que o seu produto ainda é saudável? Então, a Beyond Meat resolveu achar alguém que conseguisse montar um estudo que de alguma forma pudesse ter um spin, uma forma de torcer a realidade, para mostrar que sim, que aquele… o negócio é basicamente se vocês olharem a lista de ingredientes desse tipo de hambúrguer vegano ou de ração de cachorro é bem parecido.
Rodrigo Polesso: É isso que eu ia falar agora! Eu yenho aberta aqui na minha frente, eu ia te perguntar, quais são os ingredientes de um hambúrguer de carne? Bom, carne né, que é um dos alimentos mais antigos do planeta Terra. Agora eles têm aqui no estudo os ingredientes, então os ingredientes desse hambúrguer vegano eles colocaram é o seguinte , vamos lá, só com base nisso a gente podia perguntar para as pessoas na rua “qual você acha que é mais saudável?”… Vamos lá: primeiro ingrediente água, segundo ingrediente é proteína de ervilha isolada, o terceiro é óleo de canola, o quarto é óleo de coco refinado, depois proteína de arroz, sabores naturais, manteiga de cacau, proteína de mango, que é um tipo de feijão, metilcelulose, ou seja, papel, amido de batata, extrato de maçã, extrato de fruta do conde, sal, cloreto de potássio, vinagre, concentrado de suco de limão, lecitina de semente de girassol, extrato de suco de beterraba e cenoura. Isso tudo são os ingredientes desse hambúrguer de plantas pessoal! Só com base nisso: Qual é mais saudável será? Sendo que o terceiro ingrediente é óleo de canola.
Dr. Souto: É, então é basicamente uma pequena aula para você que está nos ouvindo, de se você tiver o seu negócio, como que você pode fazer para tornar aquilo que é um problema em uma vantagem. Então assim, problema: eu tenho um produto que é fake e é cheio de ingredientes processados, cheio, eu tô tentando comparar com uma coisa real, como é que eu vou fazer? Eu conduzo um estudo onde eu meço no sangue aquilo que está presente apenas no real, mas eu alego que aquilo é ruim.
Rodrigo Polesso: Perfeito né!
Dr. Souto: É isso! E o resumo é isso. Eu fico imaginando se as pessoas fizessem isso fora, porque a propaganda contra a carne vermelha é tão forte, tão disseminada, que as pessoas engolem isso, mas imagina que você tivesse assim ó: Um vinho Cabernet de verdade e um vinho fake, o vinho fake é feito com água, corante cor uva, sabor artificial de uva, ácido cítrico, álcool de milho e aí você reconstitui uma coisa alcoólica fake que é para parecer vinho, só que aí você mede no sangue uma coisa que esteja presente só no verdadeiro e depois alega na discussão do seu artigo que aquela coisa faz mal, afinal, fez mal em porcos da Índia, e a conclusão: a coisa fake é melhor que é verdadeira.
Rodrigo Polesso: É como se estivesse em um tribunal, a gente tá julgando o Souto, e eu levo meu pai de Juíz, o meu irmão como júri, e eu lá como advogado, entendeu?! É basicamente isso, é óbvio que você vai ser condenado.
Dr. Souto: É assim…
Rodrigo Polesso: É isso né, tipo um absurdo…
Dr. Souto: É, nem sei o que dizer mais…
Rodrigo Polesso: E aqui no estudo, nos seus detalhes eles colocam em uma coluna eles colocam os ingredientes do hambúrguer, da salsicha que eles usaram e várias coisas eles colocam do Beyond Meat, e na outra coluna tem os ingredientes do de carne, então como eu falei, eu li para vocês os ingredientes do hambúrguer vegano e na coluna da direita tem aqui hambúrguer de carne, ingredientes: carne. Daí tem depois os beef croumbles, que são pedaços para imitar tipo carne moída vegano, tem vários ingredientes de novo, e aqui no direita carne moída o ingrediente é carne, e depois tem a salsicha também com mais ingredientes ainda veganos do que o hambúrguer, acredita se puder, e na direita aqui salsicha de porco: porco, água, sal, ervas orgânicas e temperos. Então, é ridículo se você lê uma coluna cheia de ingredientes que você não consegue nem ler o nome e depois na direita alimentos que a gente vem consumindo há milhares de anos. E é claro que o processado é mais saudável né, óbvio.
Dr. Souto: Rodrigo, mais embaixo, tem ali o jornalista, diz assim (Gardner é o autor do estudo tá): “Gardner, um a long time vegetarian, de muito tempo, é um proponente forte de comer comida integral com ênfase especial em vegetais”, então assim, esse é o viés dele, e vejam, eu até gosto do Gardner,o Gardner ele é o autor de um estudo que entrou para a história nutrição, que é o estudo chamado “A to Z”, que é um estudo com prospectivo randomizado que comparou quatro dietas, e como os nomes variavam ele chamou de “A to Z”, porque a primeira era Atkins e a última era Zone, ele comparou então Atkins,Ornish, zone e Mediterrâneo, alguma coisa assim, e a dieta atkins foi a que teve os melhores resultados naquele estudo, ou seja, ele é um pesquisador que ele pública aquilo que ele realmente acha, ele não é um cara que tá inventando. A questão é: aqui ele pode deixar o viés dele correr solto, porque ele foi escolhido pela Beyond Meat para fazer um estudo para mostrar aquilo que ele já acredita. Eu sigo o Gardner no Twitter, e aí esses dias ele twittou o seguinte, que ele gostou muito do resultado do estudo porque afinal nós sabemos que isso é uma forma de melhorar a questão da emissão dos gases, o confinamento do gado e tal, o consumo da água… então, ele engole todas essa mitologia de quê é preciso um monte de água para fazer carne, quando na realidade a água é da chuva e choveria igual, de que produz um monte de CO2, quando na realidade o CO2 esse saiu da grama e vira grama de novo… então, ele é um sujeito que ele tá dentro dessa ideologia, e o estudo que ele produz é uma reprodução disso. Ele não é má pessoa, ele é…
Rodrigo Polesso: É só tapado…
Dr. Souto: Ele uma pessoa que tá dentro da ideologia, é dragado pela ideologia…
Rodrigo Polesso: Exatamente! E ele fala, nesse artigo ele falou inclusive, que “nesse ponto nós não estamos certos que o TMAO é um fator causal ou somente uma associação”. Então, ele sabe, por isso que eu falei que é tapado, porque com certeza ele está tentando evitar pensar muito sobre esse assunto senão a carreira dele inteira pode vir abaixo, né?! Mas acho que o pessoal entendeu bem, um pouco mais sobre isso, não importa se é de Stanford, de Harvard, do Papa, não importa, você tem que questionar sempre as evidências, como todo ser humano, todo mundo pode ser vítima ideologia, pode ser tapado, enfim, apesar de ser inteligente e bem intencionado, né… Então, tem que questionar sempre as evidências. Quando você faz as coisas certas e segue as evidências, uma coisa natural, o bastante evolutivo, você vê resultados como da Sandra Brito, que mandou: “Perdi 10.5 kg e perdi medidas. Nunca pensei em ficar tão feliz, em dois meses e meio”, mandou foto do antes e depois, – 10.5 kg seguindo alimentação forte focada em emagrecimento, se você quer ajuda para seguir isso passo a passo em 3 fases baseada em evidência, você pode entrar em codigoemagrecerdevez.com.br e ver o vídeo lá, se te interessar você pode entrar também. Maravilha! Doutor Souto,o que você vai degustar agora no almoço?
Dr. Souto: Sexta-feira Rodrigo, normalmente a resposta tem sido sempre a mesma, que eu vou dar uma passadinha no açougue ali da esquina, mas eu tô na dúvida se eu vou comprar um churrasco feito na hora ou se eu vou comprar uma carne fake feita de concentrado de ervilha…
Rodrigo Polesso: E com o óleo de canola… É muito tentador
Dr. Souto: É, com óleo de canola e com beterraba que é para parecer vermelho…
Rodrigo Polesso: E água basicamente, o primeiro ingrediente é água. Eu acho até engraçado que eles colocam no primeiro ingrediente. Eu comprei já e fiz um teste uma vez no YouTube, eu testei esse hambúrguer vegano, quem procurar “hambúrguer vegano Rodrigo” vai achar o vídeo lá, eu provei e realmente é uma coisa meio “paposa”, ele é cheio de água, se você deixar em cima ele vai vazando água, é um negócio bizarro assim, tem cheiro artificial, tem textura artificial…
Dr. Souto: É que Rodrigo, também tô preocupado com o meio ambiente e eu fico imaginando que aqueles hectares de plantação de monocultura de ervilha com pesticidas e herbicidas que eliminam absolutamente toda e qualquer forma de vida vegetal ou animal além da ervilha, eu acho que aquilo vai ser melhor para o ambiente do que eu pegar a vaquinha que pasta na grama, que bebe água da chuva, que tem aqueles passarinhos atrás, eles vem por causa do cocô da vaca, eu acho que aquilo tudo é muita biodiversidade, isso não pode ser bom, eu gosto mesmo é de uma monocultura de ervilha, e de arroz também, porque arroz é bom pelo seguinte: arroz precisa irrigar com um monte de água e como é uma cultura alagada, o arroz produz uma quantidade de metano incrível, mas eu ouvi falar que o metano desde que seja do arroz não causa aquecimento global só se o metano for arrotado pela vaca…
Rodrigo Polesso: É outro “TMAL e TBOM” exatamente! Absurdo pessoal! Quando você começa a pensar mesmo a nível básico, você começa a questionar tudo que a gente acha que tá certo por aí e a gente começa a descobrir realmente como o mundo funciona, que nós somos marionetes se a gente não fizer isso. Hoje eu vou comer um camarãozinho aqui eu acho, com um carneiro que sobrou da panela de pressão também, vou degustar isso aí, bom demais, simples, barato, tranquilo… pessoal,se você quer acesso a mais de 600 receitas, isso mesmo, mais de 600, café da manhã, almoço, sobremesa e bebidas, triboforte.com.br, não só isso você vai ter acesso, mas também a todas as palestras gravadas ao longo de quatro eventos inteiros da Tribo Forte que a gente fez ao vivo em São Paulo, que foram legendários! Então é triboforte.com.br e no mais, sigam conectados com a gente aí Rodrigo Polesso nas mídias sociais, no Instagram, do Dr Souto no telegram e no Instagram também, tem a ablc.org.br, Associação Low Carb que você também pode se conectar, enfim, tem muito recurso para você se conectar e continuar questionando junto com a gente a norma. A gente vai tá aqui semana que vem de novo para ajudar você com o que a gente pode. No mais, tenha uma ótima semana, aproveite Doutor Souto, obrigado, e a gente se fala na próxima!
Dr. Souto: Abraços! Até a próxima!