Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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Neste Podcast:
- Documentário do Netflix;
- Nossa opinião sobre ele;
Escute e passe adiante!!
Saúde é importante!
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Caso de Sucesso do Dia
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá olá, bem vindo a mais um episódio aqui da Tribo Forte! Sua dose semanal de saúde, estilo de vida saudável, alimentação baseada em evidência. Esse episódio é o episódio Game Changer. É o episódio onde a gente vai falar do documentário que todo mundo pediu pra gente falar, o game changer, que tá no Netflix com Arnold schwarzenegger, etc. Se o Arnold ta no documentário é porque é verdade, com certeza né pessoal? He… Bom, a gente vai tentar dar uma pitada da nossa opinião sobre o que ta acontecendo sobre esse documentário. Eu espero que você possa aproveitar, e disseminar isso, passar a frente, porque muitas pessoas estão bastante confusas com essa série de documentários veganos ai que o Netlix tem publicado mais recentemente. Então eu acho que vai ser divertido, espero que interessante também, esse episódio aí pra você, episódio 190 da Tribo Forte. Lembrando, se você não faz parte da Tribo Forte você pode garantir seu acesso de membro em triboforte.com.br e ter acesso por tabela a todas as palestras gravadas em todos eventos da Tribo Forte e ainda assim mais de 500 receitas lá dentro esperando por você também. Além de apoiar o nosso trabalho aqui. Maravilha, deixa eu dar as boas vindas ao Dr. Souto, a esse podcast. Tudo bem Dr. Souto.
Dr. Souto: Tudo bem Rodrigo! Boa tarde! Boa tarde aos ouvintes. Eu acho que o título do documentário em português é Dieta dos Guerreiros ou algo assim.
Rodrigo Polesso: Ok! Dieta dos guerreiros ou game changer, que seja… o seguinte, a má notícia é que tanto eu quanto o Dr. Souto assistimos esse documentário. Porque a gente precisou assistir, porque a gente queria assim… bom, eu sabia que ia sair, antes de ter saído eu já tinha falado que ia sair, avisei o pessoal que ia sair, mas enfim, saiu e chove pergunta, chove confusão e o pessoal pede pra mim, pede pro Dr. Souto que que a gente acha sobre isso, e hoje a gente vai falar. Esse documentário é no mínimo o terceiro de uma série de documentário veganos como eu já falei, disfarçados de algo sério, no Netflix. Então ele vem seguindo o Cowspiracy, que foi publicado, e também what the health, e agora tem esse game changers ou dieta dos guerreiros…
Dr. Souto: Dieta dos gladiadores, agora eu li ali, dieta dos gladiadores.
Rodrigo Polesso: Ah, ótimo. Eu até sei porque eles colocaram isso, mas beleza. Dieta dos gladiadores. Bom todos tentam empurrar nos documentários essa ideologia goela abaixo, ne, do veganismo, vegetarianismo. E o pior que eles fazem isso usando duma terrível ciência, terrível nível científico de embasamento, se é que a gente pode chamar disso. Ou literalmente mentiras para tentar causar comoção no pessoal, e manipular a audiência, a opinião da audiência. Esse novo documentário, o game changers, ele apelou a níveis pra lá do ridículo, na minha opinião, pra tentar gerar essa comoção, e você já vai entender um pouco mais sobre isso. Eu até gravei, na verdade, não publiquei ainda, um vídeo até longo sobre isso, com mais detalhes que vai pro meu canal do Youtube, provavelmente semana que vem no canal do Emagrecer De Vez lá. Então, porque eu acho que é merecido falar aqui no podcast, também eu vou falar depois lá. Bom, como contexto, antes de começar de falar alguns aspectos desse documentário, como contexto pra gente saber, o que eles tão querendo fazer… eles tão passando a agenda vegana, agenda vegetariana. Que é basicamente a gente transformar a nossa alimentação numa alimentação que é baseada em plantas, alimentos de origem vegetal, e reduzir ao máximo de preferência sem alimentos de origem animal. O problema é que isso, a gente como população já está fazendo. Os americanos aí, por exemplo, que esse documentário é americano, os americanos já estão a um bom tempo comendo 70 a 80% das calorias diárias vindos de origem vegetal, a alimentação deles já é baseada nisso. Aí são dados oficiais do USDA. E mesmo assim a gente tem concomitantemente um crescimento aí do câncer, obesidade, diabetes, etc. Então isso continua aumentando ao passo que a população já vem baseando fortemente a sua alimentação em alimentos de origem vegetal. Então, interessante que eles querem que aumente ainda mais o consumo de vegetal, talvez pra aumentar mais ainda o problema que ta acontecendo já. Dr. Souto, a gente conversou um pouco sobre… até quando comecei o podcast perguntei se ele já fez um detox mental, porque é difícil assistir um documentário desses inteiro, sabendo o que a gente sabe, vendo por trás dessa agenda. É difícil a gente conseguir ver isso passivamente, dá uma certa… a gente gasta mais calorias né Dr. Souto, mental vendo um negócio desses não?
Dr. Souto: Olha, era um troço muito irritante. Porque durante o documentário várias vezes eu pausava e dizia assim: “nossa, isso tá errado. Tem tal e tal artigo que mostra que isso não é…”. Sabe, assim… eles conseguiram fazer uma peça de propaganda, que é propaganda mesmo. Eles tem alguns argumentos que dá pra discutir numa esfera científica, né?! Por exemplo, a questão dos estudos observacionais, a gente pode discutir aquela coisa. Tá bem, tem determinado estudo que mostra que uma dieta com mais carne ta associado a determinados desfechos ruins, e aí a gente sabe que tem aquele viés do paciente bem comportado né? Então algumas coisas podem ser discutidas com nuança… mas outras são coisas bizarras, muito bizarras. Elementares, completamente erradas, que não é por ignorância que eles colocaram, eles sabiam muito bem que aquilo não fazia nenhum sentido. Mas é uma peça de propaganda, ela não deve nada a verdade. Na realidade a peça de propaganda ela tem o objetivo convencimento com qualquer argumento necessário. Vamos pegar uma das coisas que foi falada, que eu digo, nossa, eu não acredito que em 2019 alguém ainda ta usando isso como argumento. A história de que o cérebro precisa de glicose, portanto se você não comer um monte de amido o seu cérebro vai parar de funcionar. Que é o nosso caso né Rodrigo? Nós estamos aqui conversando e o nosso cérebro obviamente não funciona.
Rodrigo Polesso: Não, não, não funciona de forma alguma. Eu até anotei o nome do gênio que falou isso aqui. Essa foi… eu até anotei o que ele falou inclusive da glicose. Ahh, eu tenho que ler o nome desse cara, deixa eu achar aqui. Você lembra o nome do cara, é Mark alguma coisa?
Dr. Souto: Eu não me lembro sabe porque? Eu tava dirigindo, eu tava viajando pro interior, eu deixei o som no som do carro. Então…
Rodrigo Polesso: Ah, melhor que eu tava sofrendo visualmente e também auditivamente. O nome do cara…
Dr. Souto: Agora, é possível que eu tenha levado uma multa num radar daqueles que é um radar de 60km/h porque eu tava tão indignado e praguejando em voz alta, assim, que eu acho que não vi o radar…
Rodrigo Polesso: Dr. Mark Thomas. Dr. Mark Thomas… ele fala: “nossa, o cérebro ele usa muita glicose, ele usa só glicose como fonte de energia”.
Dr. Souto: Então, ele usa só glicose como fonte de energia se for só glicose que você der. Agora, olha que interessante, se você for reduzindo a quantidade de glicose na dieta, o cérebro imediatamente começa a usar corpos cetônicos, e o fato de que ele passa rapidamente a usar corpos cetônicos, provavelmente significa, se a gente quisesse argumentar, é que ele prefere corpos cetônicos. Caso contrário porque ele estaria utilizando 70% de corpos cetônicos numa dieta cetogênica quando não falta glicose no sangue? Se você fizer uma dieta com 0 carboidratos você vai ter 80 miligramas por decilitro de glicose no sangue. Quem medir a glicose no sangue de uma pessoa que não está comendo carboidrato, não vai saber se ela ta comendo ou não carboidratos, por que a glicose não muda. O cérebro, se realmente preferisse a glicose, poderia usar 100% de glicose. Por que quando os corpos cetônicos estão disponíveis ele usa 70 a 75% de corpos cetônicos? É obviamente uma opção do cérebro. E tendo corpos cetônicos disponíveis ele prefere os corpos cetônicos. Já pensaram nisso? Mas vamos lá!
Rodrigo Polesso: É! Exatamente! Deixa eu fazer um apanhado geral… eu acho que é legal a gente pegar por partes alguns argumentos. Mas só pro pessoal entender, basicamente esse documentário eles selecionaram alguns casos excepcionais de atletas que se tornaram veganos, não tem um que é vegano a vida inteira, mas se tornaram veganos. E tem certos resultados aí notórios nas suas categorias. Então eles selecionaram a dedo algumas em várias áreas, e fizeram essa propaganda. Enfim, montaram esse documentário em cima disso. Essa é uma coisa. A outra coisa muito notória que eles fizeram aqui, como o Dr. Souto já falou, é o péssimo uso de ciência. Eles usam só, basicamente, estudos associativos. Eles ficam jogando no ar toda hora, ah se comer isso aumenta 40% do risco disso, diminui isso, diminui 25% do negócio disso… então eu falei, cara, como é possível que eles usem um nível de ciência tão baixo, tão ridículo, pra tentar embasar isso aí? Mas daí logo logo a resposta veio pra mim. Eles escolheram o dream team, o time dos sonhos dos médicos mais incompetentes do mundo da nutrição, que a gente já falou deles muitas vezes aqui. Nesse time incrível de médicos que vem colocar esse respaldo da profissão de medicina nesse documentário. Estão aí o Dean Ornish, que vem da Ornish Diet, que ele propõe o vegetarianismo a muito tem já. Tem o Walter Willet, que a gente falou aqui já milhares de vezes, da escola pública de Harvard, que ele acredita que a carne foi criada pelo demônio, ele não vai mudar a opinião dele. Tem também o David David Katz, que é aquele carinha que já foi na rua protestar a favor do veganismo. E tem o Kim Williams também, que é o presidente do colégio americano de cardiologia. Que na verdade ele falou o seguinte: “quando você come alimentos de origem animal você começa a formar placas nas artérias coronárias”. Jesus amada, como que uma pessoa dessas não sabe que isso é uma mentira deslavada? E pra piorar Dr. Souto, pra piorar, essa você não vai saber. Eu falei, beleza, eu entendi que esse time de doutores desde sempre propões péssima ciência, tem uma ideologia forte em vegetarianismo, mas como é que pode ter ainda assim uma ciência tão ruim? Daí bem no final, quando ta rolando os créditos… quando tá rolando os créditos fala lá: Cientific consultor…o consultor científico do documentário. Adivinha quem foi o cidadão? O cara é o Michael Greger . Ele é o consultor científico desse documentário. Esse cara pessoal, é motivo de chacota no mundo. Se você procurar Michael Greger aí e ver as imagens dele, você vai ver que figuraça ele é. Ele anda com camisa com brócolis desenhada pra vocês ter uma ideia. Mas enfim, dá pra fazer sentido agora um pouco, sobre como que foi montado e como é possível que tanta ciência ruim esteja concentrada em um lugar só.
Dr. Souto: Então, a gente… é até difícil saber por onde começar. Mas vamos começar pelo óbvio, que é o tema, é o título, dieta dos gladiadores. Meses atrás quando a gente soube que esse documentário existiria, eu postei lá no meu instagram, quem quiser da uma olhada lá, olha uns meses atrás @jcsouto , eu reproduzi um artigo que o Gary Taubes localizou escrito, acho que nos anos 80, ou seja, muito antes que houvesse qualquer uma dessa discussão aí sobre veganismo e tal, muito antes que esse documentário fosse feito, e era um artigo numa revista de paleontologia. E naquela revista eles explicavam que realmente aparentemente os gladiadores consumiam uma dieta predominantemente de origem vegetal, mas que havia dois motivos para isso. O primeiro era porque eles eram escravos. Então eles não tinham a comida que os senhores guardavam pra si, que era carne, era peixe, certo? Eles eram escravos. E segundo, porque eles precisavam ser gordos. Eles precisavam ser gordos porque ter um subcutâneo mais grosso fazia com que os golpes de espada, de faca, fizessem ferimento com potencial fatal menor. Porque você faz, vamos dizer, corta a gordura mas não corta o músculo onde estão as artérias que sangram mais tá? Então isso não foi escrito como uma defesa depois que esse filme foi feito, isso foi escrito por antropólogos, paleontólogos, décadas atrás. Então isso não é novidade, é importante que fique claro. Não foi assim, ah, então vamos contra atacar aquilo que o James Cameron alegou. Não, já se sabe isso a muito tempo. E a segunda coisa óbvia que vem a cabeça, é evidentemente escolher casos a dedo não é a melhor forma de fazer ciência. Eu literalmente podia encontrar atletas que vivem só de junk food, certo? Aliás, é famosa a história, nunca chequei se é verdadeira, mas se dizia, eu acho que vi na televisão, o Michael Phelps, o cara que foi talvez o maior campeão da natação da história. O Michael Phelps comia uma quantidade absurda de calorias por dia, porque ele treinava muitas horas por dia, e era basicamente junk food. Ele era fã da pizza, do McDonalds, e assim, você vai dizer, olha, o segredo para ser um grande atleta é comer muita pizza, muito McDonalds. Não, veja bem, o sujeito pode conseguir ter um desempenho excepcional não porque ele come pizza, mas a despeito de comer pizza, porque ele é um sujeito que treina excepcionalmente e ele tem uma genética privilegiada. E como você bem disse Rodrigo, nenhum, absolutamente nenhum dos atletas que eles mostram no documentário, começou a ter o seu desempenho melhorado… ao contrário do que eles argumentam ali, teve gente que foi atrás e investigou. Eles já eram atletas com grande desempenho comendo carne, com dieta onívora, e eles depois que adotaram o veganismo conseguiram manter por algum tempo o mesmo desempenho que eles tinham. Porque na realidade a deficiência leva um tempo pra se instalar. Mas essa nem é a questão, vamos dizer que seja possível manter um desempenho atlético maravilhoso para alguns indivíduos comendo pizza, comendo McDonalds ou comendo uma dieta vegana, isso não prova nada a respeito da dieta vegana, da pizza ou do Mc Donalds. Então esse é um argumento de propaganda, do tipo, é literalmente a mesma estratégia da indústria do tabaco, eu sou um cara bonito e rico, eu fumo o cigarro tal. Então se você fumar o cigarro tal você vai ser bonito e rico como eu. Vocês lembram né? Quem é mais velho lembra dessas propagandas.
Rodrigo Polesso: Aham, com certeza. Deixa eu dar uma pitada ainda sobre a questão dos gladiadores, porque afinal isso virou nome em português da dieta aparentemente. No próprio artigo que eles mostram, eles começa o documentário mostrando esse artigo do jornal Archeology, artigo não, na verdade é um… é literalmente um artigo, não é um estudo, de duas pessoas conversando num café, num bar em Viena. Onde um traz uns ossos assim de gladiadores, e começam a conversar. E a questão é, eles falam justamente isso, que a dieta deles era fortemente baseada em cevada e leguminosas, e eles tinham que ter essa gordura subcutânea e tudo mais. Mas também um ponto que eles não falaram, mas tá nesse pique, o artigo tá bem lá, eles tinham uma grande deficiência de cálcio, esses gladiadores. Então pra poder corrigir essa deficiência de cálcio, afinal eles não podiam começar a lutar e quebrar o braço com uma pancada só, eles comiam o que? Eles ingeriam um suplemento de cálcio, que no caso eram cinzas de ossos que eles consumiam na época, ou seja, eles não eram veganos coisa nenhuma. E outra coisa ridícula que eles usam no documentário, que é a nível infantil na minha opinião, que eles começam falando “os gladiadores eram os maiores guerreiros que já existiram na espécie humana, não sei o que, eles não eram escravos, eles eram alimentados, não sei o que, como reis, não sei o que”… sim sim, certo, acho que o pessoal nunca leu, ou viu algum filme mostrando que era basicamente circo isso aí. E você acha que eles iam gastar carne nesse pessoal aí? Mas essa questão da deficiência, eles não falaram obviamente que era uma deficiência grave que eles tinha de cálcio, que foi verificada nos ossos, e eles consumiam essas coisas. E outra coisa que você falou, James Cameron, o James Cameron é o produtor desse bendito documentário…
Dr. Souto: Pra quem não lembra pessoal, James Cameron é o cara que tem aí filmes famosíssimos, ganhou o oscar como produtor, diretor…
Rodrigo Polesso: Titanic eu acho que ele fez…
Dr. Souto: Titanic… etc. Então assim, quando nós soubemos que ele era um dos co-produtores desse filme já bateu um desespero, nossa, vai ser uma peça de propaganda gigante.
Rodrigo Polesso: É, exato, eu acho que esse documentário nem foi tão bom assim, eu acho que a dieta vegana ta pegando no cérebro dele também já. Mas só que, o que ele fez é o seguinte, os filmes ele já venderam mais de 6 bilhões de dólares ao redor do mundo, só que esse cartoon que ele fez aqui, chamado game changers ficou ruim. Agora o ponto que vocês talvez não saibam, é que o James Cameron, ele tem sardinha nessa jogada aí. Ele já investiu mais de 100 milhões de dólares em iniciativas veganas, como empresas que tão produzindo proteína vegana. E outra coisa, como ele é um cara muito influente, ele acabou chamando o Arnold Schwarzenegger para ser um poster boy disso aí. Até hoje eu não sei por que raios o Arnold Schwarzenegger decidiu participar disso aí. Porque ele fala exatamente isso no documentário. Mostra ele ganhando 7, 7 vezes o Mister Olimpia. É o recordista mundial desde sempre tá? Eles fez isso comendo 15 ovos por dia, e 250 gramas de proteína por dia. Com steak, frango e caramba a 4. Assim que ele se tornou 7 vezes campeão do Mister Olimpia, e hoje ele falou já em entrevista recente que ele não é vegano. Ele falou que adora steak, ele faz pros amigos dele ainda. Ele fala “eu to tentando reduzir o consumo de carne”. Mas ele não é vegano, ele come steak, eu não sei porque raios ele decidiu fazer parte.
Dr. Souto: Ah, eu tenho uma hipótese. Eu acho que é por motivos eleitorais. Lembrando, ele não sei se ainda é, mas era governador da Califórnia, e aquele é um estado todo alternativo, todo vegano. Tá certo? Então provavelmente é uma forma de ganhar votos, ganhar popularidade né? Morar na Califórnia, dirigir um Prius elétrico e dizer que não come carne, é a forma mais fácil de ser popular na Califórnia. E como você bem citou aí, o James Cameron colocou não apenas 100 milhões… é 140 milhões de dólares em uma empresa de proteína vegana. Essa é a velha tática de você cria um problema e você vende a solução, tá certo? Então, nossa, animais vão lhe matar, você não pode comer carne, você não pode comer ovos. Nossa, e agora nós estamos desnutridos. A minha empresa tem a solução para você. Isso é estratégia clássica, isso foi usado e é usado pela indústria alimentícia até hoje, demoniza-se a gordura, vende-se o desnatado.
Rodrigo Polesso: É! Tem uma coisa muito interessante que eu achei também nesse documentário, tem uma hora que eles mostram uma luta entre o McGregor e o Diaz, que são lutadores de UFC famosíssimos, o McGregor é um dos mais famosos do mundo. E daí eles tão no ringue, daí eles mostra assim… o McGregor é comedor de bife, comedor de carne. É o cara que come carne. É um dos maiores campeões da história tá? Aí ele ta lá… comedor de carne. Aí eles mostram esse Diaz, que é um cara que o McGregor desafiou, que aceitou lutar contra o McGregor. E esse Diaz eles colocam como vegano, então ele é vegano. Então basicamente eles montam um enredo nessa hora do documentário, como se fosse uma luta entre a carne e o vegano. O que acontece? Acontece que o McGregor por algum motivo perdeu essa luta. Isso acontece no mundo dos esportes, você não ganha sempre. Ele perdeu pra esse Diaz. Então ficou nossa né, esse Diaz vegano bateu no McGregor, ganhou, impressionante como o veganismo tem muito mais poder que a carne. Ficou encenado dessa forma. O que o pessoal não sabe, obviamente não é dito nesse documentário, é a entrevista que aconteceu com o Diaz também num canal UFC Fight Pass V. V de vegetariano. O canal ta no Youtube todo mundo pode ver uma entrevista tá? Onde esse Diaz que foi colocado como vegano no documentário disse o seguinte, que ele come peixes e come ovos. Ele falou o seguinte: “quando eu vou ter uma luta, 1 mês antes da luta eu corto a carne, depois quando acaba a luta eu vou pra casa e como carne”. Ele basicamente disse que só corta a carne 1 mês… não sei porque razão…
Dr. Souto: Porque ele acreditou na propaganda de que faz mal… mas ele continua comendo produtos de origem animal.
Rodrigo Polesso: Então… ele não é vegano, não é vegano. Foi tudo mentiroso essa encenação toda, mais uma besteira.
Dr. Souto: E outra, seria mais uma vez, se isso é argumento, vou dizer pra vocês… digamos que um dos lutadores seja fumante e ocorra que ele ganha uma luta. Então a conclusão é: cigarro faz você ganhar lutas. Assim, é tão tolo, tão pueril, tão tolinho, é tão bobinho isso… é como eu disse, é como a propaganda do tabaco lá, que mostrava isso. Pessoas fazendo esportes, pessoas bonitas, pessoas de sucesso, pessoas ricas, e diziam, ela fuma Marlboro, ela fuma não sei o que… e assim, alguém no fundo acredita que aquilo é por causa do cigarro? É a mesma coisa que dizer que é porque o sujeito comeu ou não comeu carne antes da luta. Então, assim, acontece que, claro, é uma peça de propaganda, assim como a propaganda do cigarro não precisa se preocupar em ser verdadeira, ela precisa se preocupar só em convencer, isso aí também não. Só que isso tem os ares de um documentário. Tem esses doutores de jaleco branco. Esses dias uma paciente me escreveu, mandou um email, falou que o filho dela de 24 anos assistiu o documentário e decidiu que não ia mais comer carne. Então assim, é eficiente pessoal, é eficiente, não se enganem, a propaganda funciona.
Rodrigo Polesso: É muito eficiente. Tem outra pessoa famosa, talvez todo mundo conheça aí, é o Lewis Hamilton, o Lewis Hamilton é um dos maiores corredores de fórmula 1, ele ainda ta atuando. Ele participou desse documentário, uma participação bem curta. Ele é um dos executive producer, é uma das pessoas que colocou dinheiro nesse documentário, pra fazer o documentário acontecer. E nesse documentário tem uma parte que ele fala o seguinte: “eu nunca me senti tão bem em todos meus 32 anos de vida”. Digamos, quando ele se mudou pra ser vegano, ele acabou dizendo que nunca se sentiu tão bem em 32 anos de vida. Só que em comparação a isso, hehehe, ele postou no Instagram dele, uma história que tem esse texto que vou ler pra você agora: “honestamente eu sinto vontade de largar os bets, largar tudo. E me afastar completamente. Por que se importar quando o mundo ta tão caótico assim e as pessoas parecem não se importar. Eu vou tirar um tempo pra mim mesmo pra tentar fazer sentido os meus pensamentos. Obrigado a todo mundo que se importa pelo menos um pouco com o mundo”.
Dr. Souto: Nossa, imagina se ele se sentisse mal.
Rodrigo Polesso: Exatamente, ele tá deprimido aparentemente. Ta com um caos mental, que é uma coisa que a gente vê normalmente, não em todo mundo, mas é típico de ver em pessoas que tão fazendo veganismo a um tempo já, porque falta nutrientes para o cérebro. Então tá aí mai uma vez, o que é colocado no documentário e o que acontece na vida real desse cara.
Dr. Souto: É, então, importante é que vocês fiquem com a ideia assim de que é ridículo, assim como seria ridículo se fosse um documentário ao contrário. Mostrando pessoas que, por exemplo, fazem low carb e aí são atletas maravilhosos alegando que eles são atletas maravilhosos porque eles fazem low carb. Veja bem, o nosso argumento não é esse. Quando a gente salienta que tem lá o Zach Bitter, que é ultra maratonista, recordista, a gente não ta dizendo que ele é recordista porque ele come carne, ou porque ele faz low carb, ou porque ele faz cetogênica. A gente usa o exemplo dele da forma como tem que ser usada, que é pra contrapor um argumento falacioso. Então dizem assim: “É impossível fazer esporte de elite sem comer carboidrato”. Se o sujeito é um recordista e não come carboidratos, isso é um cisne negro, isso derruba aquela teoria ok? Então, nós podemos sim usar caso individuais pra derrubar uma teoria errada. Nós não podemos não usar casos individuais pra confirmar uma teoria ok? Entenderam a diferença? Vou repetir, a gente já falou aqui, é uma coisa básica da ciência. Se eu vejo 10 cisnes e todos são brancos, eu posso pensar que os cisnes são brancos, mas é pouco. Aí eu vejo 1000 cisnes e todos são brancos. Eu digo olha, eu vou fazer uma teoria, todo cisne é branco. Quantos cisnes que não são brancos, cisnes negros, eu preciso pra derrubar essa teoria? Um. Se eu ver um cisne negro isso acabou de botar por terra a teoria de que todos são brancos. Mas quantos cisnes brancos eu preciso ver pra chega a conclusão que todos são brancos? Não existe essa resposta, eu nunca vou poder afirmar que todos são brancos. Tá certo? Então se eu pegar, não 10, não mil, mas 4 ou 5 atletas como eles pegaram naquele filme e mostrar que eles conseguem manter um desempenho comendo uma dieta vegana, isso não prova que a dieta vegana é a causa do bom desempenho. Vocês entenderam a diferença? Então isso tem que ficar bem claro, em ciência casos individuais são suficientes pra provar que uma teoria tá errada. Mas em ciência uma coletânea de meia dúzia de casos não prova que uma teoria tá correta.
Rodrigo Polesso: Exato, exato, muito bem dito. Agora, sobre as aberrações científicas que eles dizem, algumas afirmações assim completamente esdrúxulas, entre elas está o seguinte, eles mostram 200 gramas de lentilha, ou um sanduíche de pasta de amendoim, tem a mesma quantidade de proteína que 85 gramas de carne, ou 3 ovos grandes. Como se as coisas fossem equivalentes. É igual um sanduíche de pasta de amendoim e um bife de carne Dr. Soutu? O que você acha disso?
Dr. Souto: É completamente diferente em vários apectos, mas vamos nos concentrar principalmente na questão da proteína. Eles falaram e ta completamente errado, eles disseram… foi uma das horas que esbravejei dentro do carro. Bom, primeiro eles pegam uma afirmação que até é verdadeira, que toda planta tem todos aminoácidos. Isso é verdade, agora tem em proporções completamente diferentes e inadequadas pra nós animais. Especialmente pra nós animais que comem carne, não to falando de herbívoros. Então o que acontece? A plantas as vezes tem uma grande quantidade de meia dúzia de aminoácidos, quantidades muito pequenas de outros aminoácidos, e que esses outros aminoácidos podem ser aminoácidos que nós precisamos muitos. Então a gente sabe que a gente não consegue ter uma dieta completa em termos de quantidade dos aminoácidos essenciais, se nós comermos apenas plantas. A não ser que se misture cuidadosamente diferentes plantas desenhadas por um nutricionista. Segundo, a questão da biodisponibilidade, que é muito importante…
Rodrigo Polesso: Exatamente.
Dr. Souto: A gente não consegue digerir e absorver com a mesma eficiência aminoácidos de origem vegetal do que aminoácidos de origem animal. Embora eles tenha dito o contrário lá, aí sinto muito, é naquelas coisas onde aí é uma questão de referência bibliográfica, assim, isso não é discutido hoje em dia. Se sabe que é necessário consumir uma quantidade maior de proteína vegetal pra atingir a mesma quantidade por que? Porque a biodisponibilidade é menor. E deixa eu contar pra vocês outra coisa; a forma como a quantidade de proteína nos alimentos costuma ser avaliada, é pela quantidade de nitrogênio nos alimentos. Porque os aminoácidos, cada aminoácido tem um nitrogênio, só que em animais essa conta da certo, em plantas não dá. Por que? Porque as plantas tem vários, grande quantidade de compostos nitrogenados que não são proteínas. De modo que quando você usa estimativa baseada em nitrogênio você não ta medindo diretamente a proteína que é muito mais difícil e caro, você mede a quantidade de nitrogênio, você na realidade ta superestimando a quantidade de proteínas que tem nas plantas. Então elas tem uma biodisponibilidade menor, tem uma distribuição de aminoácidos pior, e na realidade a quantidade de proteínas que diz ali na tabela nutricional tá errada, ela superestima, a quantidade de proteína real é menor. Isso não é novidade, fraudadores, por exemplo, do leite, sabem disso. Alguns anos atrás aqui no Rio Grande do Sul houve alguns escândalos de fraude no leite, e uma das coisas… então eles faziam o que? Eles diluíam o leite com água, só que daí eles seriam descobertos, porque nos testes por amostragem vai se detectar a quantidade de proteína que tem no leite, a quantidade de cálcio que tem no leite. E se for abaixo do padrão o pessoal diz “olha, isso aí foi diluído com água”. Então eles diluíam com água e acrescentavam ureia no leite, e acrescentavam calcário. De modo que eles sabiam que o que ia ser medido não era a proteína, o que ia ser medido era o nitrogênio. Bom, você bota um nitrogênio não proteico, como a ureia, e vai aparecer que tem mais proteína do que tem. Bom, nas plantas é assim.
Rodrigo Polesso: Caraca, não sabia dessa do leite, que sacanagem.
Dr. Souto: Então assim, se até o fraudador do leite, até o bandido sabe que é fácil enganar os testes de proteína com nitrogênio não proteico, eu suponho que quem fez o filme também saiba que está falando bobagem. Eles sabem. É propaganda mesmo, é tipo, nós não temos problemas em mentir pra avançar nossa agenda.
Rodrigo Polesso: Você viu que eles trouxeram a tona também o nosso querido e estimado TMAO ?
Dr. Souto: Eu vi essa parte…
Rodrigo Polesso: Pra dizer que a carne é inflamatória…
Dr. Souto: Eu achei sensacional… porque, então, a carne é inflamatória porque tem TMAO, pois é, mas aí vegetais tem TMAO, ah, mas aí ele é bom… aí é o TBOM… o peixe ta associado com bons desfechos cardiovasculares e tem muito mais TMAO que a carne. Ah, bom, mas é que no peixe ele não faz mal… então, é porque eles realmente… eles buscarm… se vocês querem assim um agregado de todos os argumentos falaciosos que existem pra fazer propaganda de vegetarianismo, é esse filme. Ele conseguiu pegar todos, os bons e os ruins, indistintamente.
Rodrigo Polesso: É, eles inclusive… como eu falei, o tema desse documentário é comoção, eles querem gerar comoção, então eles usam de vários artifícios até visuais, pra tentar gerar comoção. E uma parte hilária também, quando eles mostram um grupo de bombeiros lá, que tem um dos bombeiros que tá lá com um flip chart na frente, com um desenho de uma artéria grande assim, no clip chart, uma artéria limpa, como um cano pvc limpo, novo… daí depois ele fala quando vocês comem carne e comem laticínios, ele vira a folha assim, daí essa mesma artéria toda suja, entupida, isso que acontece dentro das artérias, você sabe qual a principal causa de morte dos bombeiros nos Estados Unidos, você sabe qual é? Não é fogo, é ataque cardíaco. Daí eu falei, nossa, que coincidência, porque a causa número 1 de morte nos Estados Unidos inteiro é ataque cardíaco…
Dr. Souto: Quer dizer, se você for bombeiro, advogado, médico, dentista, a chance maior e morrer é ataque cardíaco… não é específico pra bombeiros.
Rodrigo Polesso: Mas ele fala então, ele mostra as placas, mostra as placas lá, e daí fica falando, olha, isso acontece, inclusive essa placa branca aqui deve ser laticínio… haha…
Dr. Souto: Rodrigo, o mais engraçado é o seguinte, é que você olhava aqueles bombeiros, eles eram obesos… então assim, sim eles morrem muito do coração porque eles são obesos. Eu vou lançar um desafio, eu quero ver alguém engordar bombeiros ou qualquer pessoa com carne e salada. Quero ver, fazer o cara ficar gordo, com carne e salada. É por isso que os gladiadores comiam tanta planta, assim como o fazendeiro sabe como engordar porco. É com cereal tá certo…
Rodrigo Polesso: É, seria um estudo interessante você medir o tempo de resposta de um grupo de bombeiros, depois de um outro grupo de bombeiros que se tornou vegano, pra ver qual que é o mais rápido…
Dr. Souto: Mas olha aqui ó, mas aí claro, eles pegaram essa história da placa, pegaram o colesterol, então pegaram o exemplo de um bombeiro obeso, que tinha o colesterol elevado, aí botaram ele numa dieta plant based, e depois já de uma semana, uma coisa assim, medira o colesterol e tinha caído um montão. Aí em média tinha caído, se não me engano, 22% o colesterol daqueles indivíduos. Por que ninguém falou no hdl e triglicerídeos deles o que aconteceu? Porque provavelmente as mudanças foram adversas né pessoal? Acontece que se você tem um colesterol total, que tá um pouco mais alto, mas tem um hdl alto e triglicerídeos baixo, você tem um risco cardiovascular menor do que se você tiver um colesterol baixo com triglicerídeos alto e hdl baixo, que é o que costuma acontecer quando a gente passa a comer muito amido.
Rodrigo Polesso: Aham… eles falam inclusive que o nosso corpo não é feito pra comer carne. Eles falam que o nosso corpo não é feito pra comer carne. Não sei se você escutou essa…
Dr. Souto: Sim, quando chegou nessa foi esse momento que eu disse assim, pronto, agora eles perderam completamente…
Rodrigo Polesso: Quase bateu o carro…
Dr. Souto: … completamente os escrúpulos. Porque entende, é aquilo que eu digo, existem bons argumentos e maus argumentos. Eu posso não concordar com um argumento bom, mas eu reconheço a legitimidade dele como argumento. Já dei um exemplo, a questão dos estudos observacionais, de fato se você compara os vegetarianos adventistas do sétimo dia, com os controles que comem carne aí o vegetarianos adventistas do sétimo dia que também não fumam pela religião, que também não bebem pela religião, e que tem uma comunidade todo ali que eles participam. Existe suporte familiar e comunitário, vivem mais. Enquanto que os controles que fumam, bebem, vivem sozinho e deprimidos e vivem menos. Aí você pode argumentar, olha, além da questão da diferença que um come carne e outro não, tem uma série de outras diferenças. Mas é uma discussão cientificamente legítima. Não é legítimo você dizer que os dentes do ser humano e o trato digestivo do ser humano não foi feto pra comer carne. Pessoal, eu vou contar uma notícia para os que não são médicos e estão nos ouvindo, que é assim ó: se você pegar um gorila e tira o intestino grosso dele ele morre. Sabe por que? Porque no intestino grosso dele, que é gigante, ele tem uma quantidade imensa de bactérias especializada em digerir celulose. Então o gorila passa comendo folha o dia inteiro, aquelas bactérias digerem a celulose e produzem ácidos graxos, ou seja, gordura, e produzem aminoácidos. E aí o gorila, ele gorila, te uma dieta que é rica em gordura, rica em proteínas aminoácidos, e pobre em carboidratos. Mas ai você vai dizer “como, ele ta comendo folhas”. Não, que ta comendo folhas são as bactérias do cólon dele, e elas estão alimentando o gorila com gordura e proteína. Só que como folha são muito pobre desses nutrientes, o bicho tem que passar 12 horas comendo sem parar. Mas o principal é, se você tira o cólon de um gorila, ele morre. Porque ele não tem um aparelho digestivo pra comer carne, ele é um herbívoro. Agora , se você tira o intestino grosso de um ser humano o que acontece? Não acontece nada. Ele vai ficar com uma ilha ostomia, ele vai ficar com uma bolsinha ali que coleta… aliás, como o presidente teve depois da facada. E ta aí, continua… então, o cólon no ser humano ele tem uma função basicamente de absorção de água e sais pra tornar o conteúdo líquido do intestino em conteúdo sólido pra virar fezes. Mas o cólon do ser humano foi virando uma coisa cada vez menor e menos importante, sabe por que Rodrigo? Porque os nossos antepassados a medida que foram ficando humano começaram a comer cada vez mais carne.
Rodrigo: Carne… olha, eu adorei essa perspectiva que você falou agora, isso eu acho que faz muito sentido, você tira… porque o vegano se compara muito com o gorila, “nossa, o gorila é tão grande, é tão forte, ele só come folhas”. Aí eu falei, óbvio, é porque ele é um gorila. Tenta fazer igual. O gorila come 20 kg de plantas por dia. Então o sistema digestivo dele é completamente diferente. Uma barriga grande pra um gorila é uma coisa saudável, barriga grande pro ser humano é uma péssima coisa…
Dr. Souto: A barriga grande do gorila, não é porque ele é gordo, a barriga grande do gorila é porque ele sim tem um intestino adequado pra digestão de vegetais. E pra isso tem que ter o intestino grande pra caramba. Olha a barriga do cavalo, olha a barriga do boi, olha a barriga da ovelha, tá certo?! Agora, olha a barriga do leão, é negativa, é chupada pra dentro. Cachorro só tem barriga se comer a dieta do vegetariano. Cachorro tem barriga se comer plantas, farinha, ração com farinha, comer arroz… agora, se você der pro cachorro uma dieta adequada pra espécie, o cachorro tem uma barriguinha chupada, assim como o gato, assim como o leão… então esse é um argumento tão ridículo, que ninguém sério proporia isso. Então a questão é assim, se fosse uma discussão honesta, o documentário deveria dizer: tá bem, nós sabemos toda evidência antropológica e biológica mostra que o ser humano sim vem comendo carne a 400 milhões de anos, vem cozinhando a carne a uns 2 milhões de anos vem comendo carne, isso é evidente, mostra no tipo de intestino, no intestino que predomina o intestino delgado, que o intestino grosso é curto. Todas essas coisas. Aí ele diria assim: mas o que nós queremos provar é que nós podemos, com a tecnologia moderna, adequar plantas para que um animal, que originalmente não evolui pra comer plantas, possa viver delas. Esse seria um argumento que eu estaria disposto a discutir. Agora, na hora que alguém chega e diz: nossa, o nosso intestino foi feito pra comer plantas e não carne”, não dá mais pra levar a sério né. Nós temos transportadores celulares na superfície do nosso intestino, que transportam substância especificamente que contém na carne, que não existem no mundo animal. São tantas evidências evolutivas, e outra coisa de dissonância cognitiva sensacional que houve ali foi o seguinte, eles disseram: “olha, a prova que nós comemos plantas a muito tempo é que a vitamina C pra nós é essencial”. Agora, na hora que falaram da vitamina B12, disseram que não, a B12 essa basta tomar como suplemento…
Rodrigo: Daí falo assim, todo mundo tem que tomar, veganos e não veganos tem que tomar B12.
Dr. Souto: Então assim ó, só pra colocar as coisas nos devidos lugares, a quantidade de vitamina C necessária pra evitar escorbuto, pra evitar deficiência, é apenas 10 miligramas por dia, que é uma quantidade muito pequena. Pessoal quando vai na farmácia e compra lá vitamina C de 1 grama, ta tomando 100 vezes essa dose, 10 miligramas você já evita a deficiência. E 10 miligramas de vitamina C você consegue obter inclusive na carne. Carne tem um pouquinho de vitamina C. Pra quem consome pouco carboidrato, e que portanto a necessidade de vitamina c cai no corpo, você pode… além do que, sim eu concordo que o ser humano vem comendo carne e vegetais a milhões de anos, então um pouquinho de vegetal que o nosso antepassado comesse já tinha vitamina C suficiente. Se você faz uma dieta mais baseada mais em produtos animais e toma uma limonada de vez em quando, a vitamina C ta garantida. Se você come um tomate a vitamina c ta garantida. E se você come uma carne que não ta passada demais, a vitamina c ta garantida. Então, agora, já a b12, bem com essa não tem escapatória, ela é absolutamente essencial, e ela só existe em produtos de origem animal. Aí eles subitamente lembraram da mesma coisa que acabei de falar, olha, o gorila na realidade, o que entra no sangue dele é uma dieta de baixo carboidrato, alta gordura e alta proteína, porque quem fornece isso é as bactérias. Bom, tá certo, quem dá a vitamina B12 pra carne dos ruminantes, quando você come uma vaca e tem vitamina B12, quem fabricou aquela vitamina B12 foram os microrganismos que estão no intestino da vaca. Aí eles falaram a maior asneira do século, que nossos antepassados só viviam de plantas também, mas que eles não tinham insuficiência de B12 porque eles comiam as bactérias na sujeira que eles comiam junto na boca. E que agora, como tem cloro na água, todo mundo precisa de suplementação de B12. Você já suplementou sua B12 Rodrigo?
Rodrigo: Não, não…
Dr. Souto: Pois é, eu nunca suplementei a minha, e quando eu fui medir estava 700. Que estranho né? Eu devo ta comendo muita sujeira…
Rodrigo: Hahaha… muita terra… hahaha… esse foi ridículo. Foi tão ridículo, mas um dos pontos centrais do documentário que eles enfatizam várias vezes, é a questão de nós seres humanos estarmos acima, daí a gente come os animais, e os animais comem as plantas. Aí eles falam assim: “mas que coisa, por que ao invés de comer o intermediário, a gente não come direto as plantas que é onde está todos nutrientes?”. Ó que ideia genial! Então, todo mundo ir pastar, comer soja crua, milho cru, entendeu? Pronto, funcionou… Não demoraria pra provar essa teoria errada né Dr. Souto?
Dr. Souto: Eu acho que a teoria ta certa, e a gente deveria levar ela um ponto a mais. Eu acho que a planta também é o intermediário, acho que a gente devia ir pra rua pra fazer fotossíntese, pegar sol… respirar CO2. Porque a planta, afinal, é o intermediário. A planta não tira a energia dela assim do nada. Ela pega o gás carbônico da atmosfera, o sol, e cria os carboidratos. Quem sabe a gente ao invés de comer os animais, ao invés de comer plantas, e vai nós mesmos fazer fotossíntese. Então, assim, é tão ridículo o argumento. Assim, por que a gente tem que comer outros bichos? Porque nós somos heterótrofos. Pessoal, vamo lembrar lá, essa aqui deve ter dado uma dor de cabeça em alguém, pessoal que ta estudando pro enem e tal. Autótrofo e o heterótrofo. O autótrofo é a planta assim, que faz fotossíntese, ela gera o próprio nutriente. Nós somos heterótrofos, a gente tem que comer outros seres vivos. Bom, aí o que acontece? A gente vai comer o ser vivo que fornece aquilo que a gente precisa. Capim tem energia? Tem, mas tá trancado numa molécula que é a celulose, que nós não conseguimos digerir. Então, felizmente, tem lá a vaca, a ovelha, que comem o capim, digerem, aí, tá bem o que eles falaram no documentário ta correto. A rigor são as bactérias que estão no rumem do ruminante que vão produzir essas coisas maravilhosas, ok. A gente não pode comer bactéria e viver de bactéria. Então a gente faz aquilo que a evolução nos deixou aptos a fazer. Sinto muito, mas assim, a gente precisa sim desses intermediários. E o vegano ta usando sim a planta como intermediário, porque ele, vegano, não tem cloroplastos na célula dele, certo? Ele tem mitocôndrias.
Rodrigo: Exato, olha, a gente poderia sem dúvida falar 3 horas sobre esse documentário. Eu convido todo mundo a… enfim… não convido ninguém a assistir na verdade. Mas se você já cometeu esse erro, você começa a perceber tudo que a gente falou, e começa a contestar cada um desses argumentos deles. Perceba como quando eles trazem estudos é tudo associativo, e tudo com aumento de risco de 20%, 30, 40… a gente já falou aqui dos pré requisitos de bradford hill, para estudos associativos, e em nenhum desses estudos que eles mostraram eles aderem a esses pré requisitos, ou seja, pode ser um erro estatístico, ou um erro de qualquer outra variável de confusão, etc. Em termos de ciência, é abismal a péssima qualidade que ele tem. E a gente entende isso muito claramente, porque como a gente falou aqui, é uma propaganda, eles selecionaram um time médico, é um time médico famoso e difamado por quem entende de ciência aí… é famoso por passar em frente a ideologia da carne… a ideologia vegana na verdade. Criminalizando, demonizando a carne, não importa o que custe isso. Tem o Michael Greger, ali como consultor científico, tem o James Cameron, o Lewis Hamilton, pessoas que estão investidas na indústria do veganismo. E também toda essa comoção que eles tentam fazer no pessoal, com vários exemplos por aí. Inclusive, uma boa parte do documentário eles gastam mostrando esse cara, é um cara que compete como Strong man, essa competição de força. Ele é um cara pequeninho, que na verdade no time de elite de Strong man no mundo, ele é desconhecido. Ele não participa nesse time de elite. Mas enfim, eles mostram como se ele fosse o cara mais forte do planeta. E ele fala o seguinte, que demonstra exatamente qual o conhecimento de nutrição que esse cara tem, ele fala o seguinte: “ah, uma vez me perguntaram como eu consigo ser tão forte como um touro sem comer carne? Daí eu virei pra pessoa e falei: mas você já viu um touro comendo carne?”. Hahahaha…
Dr. Souto: Eu acho que a frase que ele deveria ter dito é: as pessoas me perguntam como eu posso ser tão burro quanto um bovino comendo… né? Aí eu acho que ele conseguiria ter feito melhor. E outra, também eles mostraram aquele cara que fazia uma corrida de distância, que é o Appalachian Trail, não era isso?
Rodrigo: Isso.
Dr. Souto: É, e aí o cara comia só vegetais, e ele conseguiu fazer uma corrida que, sei lá, são quantos dias correndo consecutivo e tal… e assim o recorde dele foi destroçado pouco tempo depois por outro que comia carne.
Rodrigo: Hm, olha só, não falaram isso né?!!
Dr. Souto: É… nem o cara que come plantas prova alguma coisa fazendo essa trilha, mas também o cara que comia carne ter ganho dele também não prova que ele fez isso porque come carne. Na realidade são atletas excepcionais! Eles conseguem esses feitos não muitas vezes devido ao que eles comem, mas a despeito do que eles comem. Então eu trago de novo pra vocês, porque essa é uma mensagem muito importante. Exemplos de sucesso são exemplos pinçados no meio de um monte… bom, se a gente fosse fazer uma estatística, vamos ver quantas das pessoas que são excepcionais no esporte que comem carne e quantas não comem. Bom, se eu fosse usar essa estatística, seria sei lá, 1% vegano e 99% onívoro. Então não é por aí que a gente prova, mas o que é importante é o contrário. Na hora que você diz, o cérebro não pode viver se você não come glicose. Basta 1 de nós passar 1 ano sem comer glicose, e estar vivo e com cérebro funcionando, pra dizer essa teoria tá errada. Um caso isolado desprova uma teoria, mas uma meia dúzia de casos não prova nada. Essa é a grande mensagem que você tem que ter pra argumentar com todos os chatos que vão lhe mandar assistir mais esse documentário de propaganda. Mas enfim, a luta é feia, ela tá cada vez mais complicada, porque a grana envolvida é muito grande né? Tanto que… é isso que você falou, por que o Schwarzenegger ta participando desse negocio? Todo mundo sabe que ele come carne e tal. Provavelmente ele chegou a conclusão que para popularidade que ele como político atualmente se importe com isso, popularidade, ele percebeu o espírito do tempo, o Zeitgeist é vegano, então eu vou fazer de conta que eu consigo manter toda essa massa aqui comendo rúcula.
Rodrigo: É, exatamente… e vocês aí, quando alguém mandar pa vocês esse documentário, vocês podem mandar o link desse podcast, pra tentar elucidar um pouco as pessoas. E antes da gente falar o que comeu na última refeição, fica no ar se a gente resolver comer de acordo cm o Game Changers ou não, deixa eu te contar um caso de sucesso bem legal aqui de perda de peso, a Vanessa mandou. Ela perdeu 29 kg. Ela falou: “a minha saúde mudou muito muito, minha disposição é outra e o humor nossa, nem se compara. Por aqui sigo esse estilo maravilhoso de vida, que me dá liberdade de viver bem e feliz”. E outra pessoal, essa perda de peso de 29 kg é de gordura tá? Não é de osso, massa encefálica e outros tecidos do corpo não, como acontece com quem retira as fontes de nutrição da dieta. Ela fez isso com Alimentação Forte programada para emagrecimento, seguindo o programa Código Emagrecer De Vez, que eu sempre falo aqui. Se você precisa de ajuda para emagrecer de vez, baseada em ciência, eu sugiro que você entre em codigoemagrecerdevez.com.br e depois mande pra gente aí o seu testemunho pra gente ler aqui no podcast. Dr. Souto, compartilhe o que você degustou ai, se você arriscou a vida, afinal, seu organismo não é preparado pra comer carne… o que você fez na sua última refeição aí?
Dr. Souto: Pois é, eu consumi coisas que meu organismo não era preparado para digerir. Eu to fazendo aqui uma confissão. Eu comi várias costelinhas de porco no almoço, várias…
Rodrigo: É muito bom, é muito bom…nossa, depois que eu descobri a panela de pressão cara, em 30 minutos você faz uma costelinha de porco de sair o osso…
Dr. Souto: Exato, de sair o osso. Coisa maravilhosa. E a propósito, é um dos motivos pelos quais eles tão errados na questão dos dentes. A anatomia dos dentes do ser humano, elas refletem já o fato do ser humano a muitos milhões de anos já vem utilizando ferramentas que ajudam a cortar, a rasgar a carne. E já vem utilizando a cocção, o cozinhar. Então o nosso intestino, inclusive, o intestino delgado, ele é mais curto do que o que seria de esperar de um intestino delgado de um carnívoro. Então assim, não só o intestino nosso é muito mais curto do que o intestino de um herbívoro, mas ele é mais curto até que a maioria dos carnívoros. E sabe qual é o outro bicho que tem o intestino proporcionalmente do mesmo tamanho? O cachorro. Por que? Porque ele co evolui com os seres humanos. Também comendo os restos de comida que foram assados no fogo. Então, é assim… aquele documentário me tirou do sério
Rodrigo: Ah, claro, e eles mostram ainda um crânio humano, que aparece todos os dentes e eles falam: “Veja só, esses dentes chatos aqui são mais parecidos com um cachorro ou são mais parecido, sei lá, com um herbívoro?”. E na verdade tem que pensar seguinte; alguém aqui tem dificuldade pra comer carne? Alguém que tenha os dentes? Não né?!! Porque a gente mastiga, a gente coloca na boca, pega uma coxa de frango, é fácil. O cachorro, o lobo, o urso, esses animais, não sei se ninguém já assistiu Discovery Channel na vida, esses animais tem que sair correndo, literalmente matar uma presa a dentadas. Coisa que ser humano não faz, a gente não pula no pescoço de um veado na savana, e fica grudado lá até o veado morrer. A gente não precisa de presas gigantescas e dentes pontudos pra que isso aconteça. A gente mata usando ferramentas e depois a gente degusta essa carne quando o animal já está morto. Então a gente não precisa ter essas presas iguais, que é outro argumento como você falou que é ridículo. É só a gente pensar um pouco que a gente já descobre a verdade.
Dr. Souto: Ah, e por fim eles utilizaram ainda, a gente tava quase esquecendo, não podia deixar de ter o argumento de que as vacas produzem mais CO2 do que todos os carros junto. É um troço que já foi absolutamente desmontado, the banked, pela própria organização, pela própria Fall, que faz isso aí. Mas também eles falaram aquela de que precisa milhares de litros de água pra fazer a carne, que é a água da chuva. Aliás, eu tava ouvindo o documentário e tive uma ideia… eu acho que então se as pessoas se preocupam com isso sabe o que elas não deviam comer mesmo? Peixe. Cara, pra fazer um peixe precisa o oceano inteiro. Então olha a quantidade de água que precisa pra fazer 1 kg de peixe. Então assim pessoal, vamos falar sério…
Rodrigo: Vamo falar sério, porque não existe irrigação de monocultura… ninguém irriga…
Dr. Souto: Ah, não não, imagina… e arroz não produz metano né?
Rodrigo: Não, claro que não. Então é ridículo né pessoal?! É ridículo mesmo. É um nível que eu não sei como que uma coisa dessas é aceita numa ferramenta tipo Netflix, que é… na verdade substitui hoje em dia, ta substituindo a grande mídia de massa, a Netflix e coisas parecidas, então continua sendo uma manobra, uma ferramenta de manipulação de opinião, continua sendo. Enfim, é propaganda pessoal, não é científico, não é feito pra instruir as pessoas, é feito pra manipular as pessoas, e isso é muito óbvio. É ridiculamente óbvio. Siga a gente no Instagram pessoal se você quer acompanhar essa onda positiva de sobriedade, de ciência, e não de ideologia somente. Segue o Dr. Souto lá é @jcsouto , eu é só procurar o nome, é @rodrigopolesso . E também tem a ablc.org.br . A triboforte.com.br . Tem uma quantidade de recursos que você pode contar aí pra se manter informado, se manter protegido aí dessa onda terrível de ideologia que está tentando levar nossa saúde ladeira abaixo né? Bom, esse episódio fica por aqui então, espero que vocês tenham curtido. Passe a frente por favor, vamos espalhar isso aí. Obrigado Dr. Souto, obrigado por esse papo divertido e acho que nunca vai faltar assunto nesse sentido pra gente né?
Dr. Souto: Nunca, cada vez tem mais. Vai ter que fazer duas vezes por semana. Até a próxima.
Rodrigo: Abração! Até mais! Tchau tchau!