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Neste podcast:

  • Vamos ver uns dados interessantes sobre Colesterol… será que ele pode ser uma vantagem ao invés de um problema?
  • Resultados de uma revisão nova que analisou a alimentação de populações isoladas modernas… o que comem para serem tão em forma e saudáveis…

Escute e passe adiante!!?

Saúde é importante!

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Caso de Sucesso do Dia

sucesso

 

 

Referências

Estudo Epidemiológico Publicado dia 5 de Novembro de 2018 no Jornal Circulation Sobre Colesterol

Artigo Sobre Modelos em Saúde Pública

 

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá! Bem-vindo a mais um podcast da Tribo Forte. Eu sou o Rodrigo Polesso e esse é o episódio número 147. Na verdade, a gente está gravando ele aqui dia 24 de dezembro, logo logo antes do natal. Que maravilha. E você que está aí também vai poder saber o que a gente vai degustar na ceia de natal talvez. Eu não vou ter uma ceia, de fato. Mas enfim, no final do episódio a gente compartilha um pouco o que a gente planeja degustar na próxima refeição, na ceia desse dia. Mas, no mais, o assunto de hoje vai ser… Alguns dados interessantes sobre colesterol. Será que ele pode ser uma vantagem ao invés de um problema até? Será? A gente vai ver também os resultados de uma revisão nova que analisou a alimentação de populações isoladas modernas. O que eles comem para serem tão em forma e saudáveis? Qual é o bendito do segredo? A gente vai ver um pouco mais sobre isso também. Dr. Souto, bom dia. Bem-vindo a esse podcast

Dr. Souto: Bom dia. Bom dia, Rodrigo. Bom dia aos ouvintes. Feliz natal para os ouvintes que vão nos ouvir só depois do natal.

Rodrigo Polesso: Exatamente. Vale a intenção. Bom, pessoal, seguinte… Teve um grande estudo epidemiológico publicado agora no dia 5 de novembro de 2018 no jornal Circulation sobre colesterol. Se você já nos escuta há um bom tempo, você já sabe que colesterol natural oriundo de alimentos naturais pouco tem a ver com os níveis de colesterol no sangue e que mesmo os níveis de colesterol no sangue são marcadores bastante fracos para qualquer predição de problemas cardíacos. Agora, nesse estudo recém publicado eles analisaram os dados de colesterol e mortalidade de mais de 2 milhões de veteranos nos Estados Unidos. E veja as conclusões que esse estudo teve. Comparado com os níveis de colesterol entre 160 e 180 miligramas por decilitro no sangue, níveis que eram menores de 120… Colesterol bem baixo… Foram associados com maior risco de morte de todas as causas e morte por doenças cardiovasculares. Níveis acima de 200 foram associados com menores riscos ou ausência de risco de morte de todas as causas. É totalmente o oposto do que é divulgado por aí, não é verdade? Lembrando que este é um estudo observacional e de forma alguma mostra causa e efeito. No entanto, esse estudo por não mostrar uma associação… Ou melhor, mostrar uma associação inversa entre mortes de todas as causas e níveis de colesterol, acaba por sinalizar que não é possível que níveis altos de colesterol causem problemas cardíacos. Esse não é o primeiro estudo que mostra uma associação positiva boa, no caso, de níveis de colesterol mais altos com menores riscos de morte e também sinaliza maiores problemas com pessoas que têm níveis de colesterol bastante baixos. A minha opinião pessoal ainda continua sendo que no contexto de uma alimentação forte, uma alimentação natural, níveis mais elevados de colesterol são um privilégio e não o oposto disso. Então, eu achei interessante trazer, Dr. Souto, esse estudo, porque, querendo ou não, são dados de mais de 2 milhões de veteranos, pessoas já mais velhas. É uma base de dados bastante grande. E é interessante mostrar que há uma associação inversa quando o colesterol é acima de 200. E uma associação ali de mais problemas quando as pessoas têm níveis bem baixos de colesterol que fariam qualquer cardiologista ficar satisfeito. Então, são, enfim, bastante opostos às impressões que a gente tem. E como eu falei, não é a primeira vez que a gente fala sobre isso. É um estudo associativo, então a gente tem que sempre considerar dessa forma. Enfim, é uma discussão de colesterol que a gente já falou 20 vezes aqui. Mas o que você acha desses resultados? Tem alguma pitada que você quer adicionar?

Dr. Souto: Eu tinha visto esse estudo também, Rodrigo. Acabamos os dois, independentemente vendo o mesmo estudo. Como você disse, é um estudo observacional, então ele tem as suas limitações. Mas você pontuou muito bem o fato de um estudo observacional grande como esse… Um estudo de grandes proporções… Mostrando não haver uma associação  enfraquece muito a hipótese de causalidade. Afinal, se colesterol alto fosse realmente uma grande fonte de morte… E aqui eu não vou falar uma fonte de problemas cardíacos, eu vou falar uma fonte de morte. Porque realmente o que o estudo mostrou é… Não tem associação com mortalidade por todas as causas. Significa que é muito pouco provável que eu possa ao mesmo tempo ter o colesterol como uma grande causa de morte por todas as causas, mas quando eu for fazer um estudo observacional, eu não observo nenhuma relação. Porque se uma coisa causa a outra, tem que haver uma associação entre uma coisa e outra. Lógico, a gente sempre poderia dizer… O estudo tem tantos vieses… Ele é um estudo observacional com tantos vieses que mesmo uma coisa que causa acabou diluída ali. Mas aí significa que essa causalidade é fraca. Significa que a potência da influência é muito pouca. Mas eu vou aproveitar para chamar atenção das pessoas para um detalhe que já pincelamos aqui. Na realidade, o desfecho mais importante… O desfecho que realmente conta é a mortalidade por todas as causas. Primeiro porque não interessa muito para a maioria das pessoas o que que vai constar no atestado de óbito dela depois que ela já morreu. Então, assim… Digamos que um determinado estilo de vida alimentar aumentasse um pouco o risco de morrer por uma causa X, mas diminuísse o risco de morrer por uma causa Y, de modo que a pessoa vai morrer igual, vai morrer na mesma época, mas as causas mudam. Bom… Não faz muita diferença, é isso que quero dizer. Então, esse é o primeiro aspecto. O segundo é o seguinte. Muitas vezes, quando a gente se foca em uma causa específica, isso obscurece esse outro fato. Isso é muito comum a gente ver, por exemplo, em estudos que envolvam medicamentos na área de câncer. Então, digamos o seguinte… Que a pessoa tenha lá câncer de pulmão. E aí se consegue demonstrar que uma determinada medicação reduz a mortalidade de câncer específica. Então, a pessoa… Vamos dizer… Passa a viver 3 meses mais usando aquele remédio do que se ela tivesse usando um placebo. Bom, 3 meses já não é muito. Mas digamos que a pessoa ache aquilo ali muito bom. Mas ela não está, na realidade, vivendo 3 meses mais. Ela está vivendo 3 meses mais em média no que diz respeito à mortalidade específica por câncer de pulmão, mas se nós formos ver a mortalidade total por todas as causas, aí é igual nos dois grupos, tomando remédio ou não. Isso aí, muitas vezes… Muitas, eu diria a grande maioria das vezes… Essas medicações caríssimas, que custam aí 100 reais por ano para câncer disso ou daquilo não mudam a mortalidade geral por todas as causas. Mudam só a sobrevida livre de doença ou só a mortalidade especificamente por aquele câncer. Então, no fundo é uma forma de esconder que não faz muita diferença tomar aquele remédio ou não. Então, toda essa conversinha que estou tendo aqui é para chamar a atenção das pessoas que o grande desfecho é aquele que só tem no fundo, Rodrigo… Minha opinião… Só tem dois desfechos que realmente importam. Mortalidade total e qualidade de vida.

Rodrigo Polesso: Certo.

Dr. Souto: São esses que importam. Eu quero o quê? Na medida do possível, viver mais. E viver mais com qualidade. Então, vamos imaginar o seguinte. Que se eu fizesse uma dieta da pirâmide alimentar… Que eu fosse morrer menos do coração. Eu não acredito nisso, eu acho que vou morrer mais do coração, mas para fins de argumento. Se eu fizesse uma dieta da pirâmide alimentar, eu fosse morrer menos do coração. Mas que a mortalidade por todas as causas fosse a mesma, ou seja, ao fim na mesma época eu vou estar morto, só que por outra causa, provavelmente diabetes ou algo assim. Mas a qualidade de vida na pirâmide vai ser pior, porque eu vou estar mais obeso… Eu não vou estar… Eu vou estar tendo que passar fome para conseguir tentar manter o peso sobre controle. Eu vou estar com menos massa magra. Então, o que que me adianta morrer menos de uma coisa e morrer mais de outras de modo que eu vou estar morto na mesma época… E daqui a pouco eu vou estar me olhando no espelho e achando que aquela barriga não me pertence. Então, coisas para as pessoas pensarem. Fica a dica. Esse é mais um grande estudo observacional. E aí a gente também já discutiu uma metanálise. Acho que faz um ano já isso. Uma metanálise que saiu no BMJ (British Medical Journal) mostrando que uma série de grandes estudos observacionais mostrou haver uma correlação inversa entre colesterol LDL e mortalidade por todas as causas. Ou seja, aquelas pessoas que tinham o colesterol mais alto, depois do 60 anos de idade, morriam menos. Então, esse estudo que o Polesso trouxe aí para nós não é a exceção. Ele está alinhado com outros, como mostra essa metanálise do British.

Rodrigo Polesso: O problema é que os muitos — infelizmente — profissionais aí que estão atuantes não estão alinhados com toda essa nova evidência. recentemente alguém me mandou no Instagram também. Uma pessoa disse… Comecei a fazer alimentação forte, comecei a fazer não sei o quê… Perdi um monte de peso… Daí fiz meus exames e meu HDL deu muito bom… Deu 85 o HDL dela… E ela perdeu peso e tudo mais… Só que o LDL dela deu 135. Daí, nesse contexto, o que o médico fez? O médico receitou estatinas para ela, para baixar esse LDL. E ela veio escrever dizendo… Nossa, o que você acha disso? Apesar de tudo de bom que está acontecendo, ele acha que meu colesterol está alto ainda… E isso acaba amedrontando as pessoas.

Dr. Souto: E veja bem… 135 de LDL…

Rodrigo Polesso: A soma deu mais de 200, o médico deve ter levantado a bandeirinha.

Dr. Souto: Exatamente. Esses dias eu vi alguém com o LDL de cento e tantos lá no consultório. É óbvio… Desculpa, HDL de cento e tantos. Óbvio que se a pessoa tem o HDL tão alto assim, o colesterol total sempre vai dar alto, porque o HDL, o bom digamos assim, está contido dentro do total. A explicação que eu sempre dou para as pessoas… A gente também já falou aqui no podcast… Mas sempre para você que está nos ouvindo pensar… É a mesma coisa que eu falar de peso sem falar em altura. Vamos pegar um exemplo real. Vocês que estão nos ouvindo conhecem o Polesso. Já assistiram na Tribo Forte. Já viram fotos. O Polesso é um cara magro. Mas o Polesso tem 1 metro e 90 e poucos. Então, qual é seu peso, Rodrigo? Vamos divulgar para o povo.

Rodrigo Polesso: Ele flutua entre 84 e 87.

Dr. Souto: Então, se eu só dissesse para você que está nos ouvindo… O sujeito tem 87 quilos… Vocês pensariam que ele talvez fosse gordinho. Ou imagina que fosse uma menina de 1,55 de altura com 87 quilos. Ela estaria obesa. Agora, o Polesso que ainda não perdeu massa magra embora não coma carboidratos… Tem esse peso e é um sujeito magro. Por quê? Porque vocês têm que levar em conta a altura. Ele tem um metro e noventa e poucos. Então, um HDL… Um colesterol total de 250 é alto ou baixo? Depende. Depende do HDL. Então, um peso de 80 quilos é alto ou baixo? Depende. Depende da altura. Essas coisas são relacionais. A gente tem que ver a relação, tem que ver a proporção.

Rodrigo Polesso: Só apontar que eu como carboidratos sim, mas não é todo dia que acontece. Ontem, por exemplo, por sinal, eu tive uma festa de tâmaras aqui em casa. Toda quantidade de carboidrato da semana consumida num dia, praticamente. Mas, enfim… Essa liberdade cada um pode ter. Mas vocês já entendem como fazer isso. Só para dizer que não existe extremismo. Existe sim bom senso. Você tem que saber em que situação você está e o que você pode fazer para melhorar os resultados. Bom… Maravilha. Antes de falar dessa revisão nova de populações tradicionais, vamos dar um break aqui. Uma notícia boa da nossa querida caso de sucesso de hoje que foi enviado pela Estefani. Ela falou, “Jejum intermitente e alimentação forte realmente são um milagre em nossa saúde e boa forma.” Ela perdeu 11 quilos em apenas 35 dias seguindo o programa Código Emagrecer de Vez. Uma mudança grande. Mandou a foto dela aqui, antes e depois. Pessoal, 11 quilo fazem muita diferença numa pessoa. Você pode ver isso bem. Parabéns para a Estefani aí, pelo novo estilo de vida dela e pelos resultados também que com certeza vão continuar daqui para frente. E se você tem interesse em seguir o programa, entra em CodigoEmagrecerDeVez.com.br Obrigado, Estefani, por mandar seu caso de sucesso. Eu estava no Twitter e vi que o Dr. David Ludwig postou sobre essa revisão que saiu. Uma nova revisão da saúde de populações tradicionais modernas que foi publicada no jornal Obesity agora em dezembro. Ele aponta… Outro assunto que a gente já comentou, inclusive, mas é interessante. A obesidade nessas populações isoladas e tradicionais, mas modernas, do mundo mundo atual é bastante baixa. A incidência de obesidade é de menos de 5%, ao passo que no mundo está mais de 50% agora em muitos países. As doenças metabólicas e cardíacas são raras. Isso foi dito também na revisão. E a expectativa de vida se aproxima às das nações industrializadas. O gasto calórico diário dessas pessoas também é parecido com populações de países industrializados. E a alimentação deles não é necessariamente low carb, no sentido que varia muito, varia muito. Então, qual é o segredo, já que a gente vê todas essas coisas? Qual é o segredo de tanta saúde, tanta boa forma nessas populações? Na verdade, esse foi o tema da minha palestra na Tribo Forte 2017… Na verdade, esse segredo. Como podem populações tradicionais terem alimentação completamente diferentes umas das outras… Umas que são bastante altas em carboidratos, por exemplo, como os Okinawas… Também outras muito baixas em carboidratos… E todos desfrutarem de saúde e boa forma. O segredo está na essência, no fundamento da alimentação forte, que é o quê? É limitar ao máximo o consumo de alimentos processados e refinados, e basear sua alimentação em comida de verdade e natural. E esse foi o ponto em comum também encontrado nessa revisão que vem mostrar mais uma vez que não existe, digamos, um segredo. O segredo é basicamente voltar a comer da forma que a gente sempre comeu na vida, né, Dr. Souto? É mais um estudo que vem mostrar o que a gente já sabe, que a gente propaga aqui nos podcasts desde o primeiro episódio.

Dr. Souto: Com certeza. Tem uma expressão que tem se popularizado no Twitter em inglês sobre alimentação… E o pessoal coloca “species-specific diet”. Quer dizer, aquela dieta que é adequada especificamente para aquela espécie. Então, a gente sabe que se nós utilizarmos uma dieta que tem uma incompatibilidade evolutiva com determinada espécie, nós podemos provocar doença. Às vezes isso é um objetivo de quem cria aqueles animais. Por exemplo, a maioria das pessoas que estão nos ouvindo deve saber o que é foie gras. Foie gras em francês é literalmente fígado gordo. É quando se pega o ganso e se alimenta ele à força de modo que ele desenvolva esteatose, desenvolva gordura no fígado porque aí aquele fígado gordo fica muito gostoso para fazer patê. Da mesma forma, como que a gente faz para marmorizar a carne? Deixar a carne de gado com aquela gordura entremeada no meio do músculo? É normal haver uma camada de gordura por fora do músculo. Mas para ter gordura dentro do músculo, o bicho tem que estar com resistência à insulina. Ele tem que estar meio obeso. E o gado dificilmente vai ficar obeso comendo uma dieta específica para a espécie, adequada evolutivamente para a espécie. O gado evoluiu para comer capim. Grama, capim. Mas se eu der grãos para o gado, se eu der ração à base de grãos para o gado, que é uma ração cheia de amido… Porque gado não come amido na natureza. Não tem amido. Tem capim. Capim é celulose. Então, ele come o microbioma do gado… É evolutivamente feito para digerir essa celulose e libera ácidos graxos curtos, que o gado então absorve aqueles ácidos graxos e ele fica bem, saudável, vai lá viver sua vida. Mas se eu alimentar o gado com grãos, ele engorda mais. Os mesmos grãos que se eu alimentasse seres humanos eles vão ficar tanto com gordura no meio do músculo, resistência à insulina, mas inclusive vão ficar com o seu foie gras.

Rodrigo Polesso: É a mesma coisa.

Dr. Souto: Se eu der para as pessoas seguirem uma pirâmide alimentar, elas vão ficar com foie gras. Em 2015 eu escrevi uma postagem lá no blog que o título é assim: o erro de tratar os diferentes de forma igual. E o que eu queria dizer com essa postagem? É que, na realidade, dependendo do estado de saúde da pessoa, se a pessoa tem resistência à insulina ou não, se a pessoa está numa situação de saúde ou se ela está numa situação de doença… Ela vai ter maior ou menor flexibilidade metabólica. Por que eu estou tocando nesse assunto? Porque eu concordo completamente com isso que o Rodrigo falou, que desde que seja com comida de verdade, nós podemos ter populações saudáveis comendo pouco carboidrato, nenhum carboidrato, um monte de carboidrato… Desde que esse monte de carboidrato seja de comida de verdade, seja frutas e raízes e não comida processada, não produtos alimentícios. Mas eu não acho que issos e aplique para pessoas que já adoeceram. Esse é um pequeno “senão” que é muito importante na hora de lermos esse tipo de estudo. Então, aquele sujeito caçador-coletor que vive numa região tropical e come bastante fruta e come bastante raízes tuberosas… Ele nunca foi doente. Ele nunca chegou a desenvolver o foie gras, o fígado gordo dele comendo batata frita, comendo pão, comendo farinha, comendo açúcar. Então, ele teve não oportunidade de adoecer, de modo que ele mantém sua flexibilidade metabólica. Um dia ele come mais carboidratos. São todos carboidratos naturais. Outro dia ele come menos. E o corpo dele se adapta. Então, quem olhar essa minha postagem… Botar no Google “o erro de tratar os diferentes de forma igual blog Dr Souto”… Vai encontrar a primeira figurinha que eu coloco ali, que é uma figurinha da entrada de um tanque de combustível de um automóvel. Diz ali, “gasolina e/ou álcool”. Então, quero dizer assim, o carro é flex, mas nem todo carro é flex. Então, se eu pegar um carro flex, eu posso botar 100% álcool ou 100% gasolina, ou 50% álcool e 50% gasolina e o carro vai andar tranquilo. Mas se eu tiver um carro… E a segunda figurinha que eu postei ali… Que aceita só gasolina? Esse carro não é flex. Então, esse carro… Olha como a analogia é boa… Ele até aguenta um pouco de álcool. Até porque nossa gasolina aqui é 25% álcool. E o carro que foi fabricado fora, foi fabricado em outro país, que não tem motor flex e que funciona só com gasolina… Se botar até 25% de álcool, ele vai. Mas se eu passar disso o motor começa a engasgar, começa a dar problema, o desempenho começa… E lá pelas tantas o motor simplesmente para de funcionar. Então, o que que eu quero dizer com isso? Sim, pessoas saudáveis podem viver bem e de forma saudável consumindo aí, como é o caso, por exemplo, dos Tsimani da Colômbia, se não me engano. Ou como é o caso dos nativos de Quitava, que comem aí 60%, 70% das suas calorias na forma de carboidratos… Mas lembrando… Os carboidratos não são churros, não são pipoca, não são batata frita, são frutas e raízes. E eles se dão muito bem. Eles são como carros flex. Agora, se eu pegar aquela pessoa que passou a vida inteira comendo porcaria, que tem diabetes, que tem gordura no fígado… Essa pessoa não é mais um carro flex. Ela é como se fosse um carro à gasolina. Passou de um X% de carboidrato na dieta, ela começa a ter glicose elevada, gordura no fígado, síndrome metabólica, triglicérides altos, HDL baixo, aumento da circunferência abdominal, hipertensão. É um desastre, porque ela perdeu essa flexibilidade metabólica. Vocês sabem qual é o grande desastre? O grande desastre é que o que eu acabei de descrever corresponde a mais da metade da população. Então, o fato é… Nutricionistas aprendem a fazer uma dieta que é 60% de carboidratos para oferecer para uma população que não flex, para uma população que não tolera essa quantidade de carboidratos. Esses dias saiu um estudo, você deve ter visto, Rodrigo. Não sei até se não está na pauta aí. Mas mostrando que na população americana… Quantos porcento da população americana pode ser considerada metabolicamente saudável… 12%! 88% da população norte-americana não pode ser enquadrada numa situação de metabolicamente saudável. Está na hora de que as diretrizes contemplem a maioria. A maioria não é saudável. Infelizmente, nós chegamos num ponto… E chegamos provavelmente por causa das diretrizes desatualizadas… Em que a maioria das pessoas precisa sim cuidar do excesso de carboidratos na sua dieta até mesmo de raízes.

Rodrigo Polesso: Com certeza.

Dr. Souto: A maioria das pessoas não pode comer batata como se não houvesse amanhã. Sim, os tsimani podem. Sim, os quitavanos podem. Mas os brasileiros e os americanos provavelmente não

Rodrigo Polesso: É, provavelmente não. Eu estava vendo uma revista online… Deram um cardápio detox… Quando tem “detox” no nome, já me dá arrepio. Mas eu vi lá no café da manhã… Não sei o que detox… Eu não lembro o que era, mas o ponto é… Margarina sem lactose era sugerido.

Dr. Souto: Existe alguma com lactose?

Rodrigo Polesso: Pois é! Exatamente. Deve ter lá 1%, um traço.

Dr. Souto: Eu acho que o pessoal se confundiu porque chegou à conclusão de que como tem leite de soja… Vai que a soja tem mamas e produz… Produz leite de verdade.

Rodrigo Polesso: Olha, a soja não tem mamas, mas dá mamas, viu? Isso eu vou te dizer. Vai saber. Cada um com seus problemas. Mas veja só… Essas coisas estão aí. Estão ainda na época de hoje… Tem gente sugerindo que você consuma margarina, pessoal. Fique esperto. Não caia no conto do vigário. Mas olha só… Eu falei que era dia 24 hoje, que a gente estava gravando isso aqui… Para mim agora é 1:20 da tarde. Eu vou compartilhar o que eu vou comer na próxima refeição, que é o almoço. Eu vou comer jejum na próxima refeição. Vou comer nada. Hoje eu farei só a janta de segunda-feira… Ontem eu comi bastante tâmaras à noite, que é uma coisa que eu adoro. Estou em Dubai agora, no deserto. Tâmara é… A thingIt’s a thing here. É uma coisa. Tem de todos os tipos. Tem recheadas, sem recheio, grande pequena. É um negócio legal, tem que aproveitar. Então, hoje eu dou uma folga para o corpo e vou fazer só a janta. Eu vou pegar um frango assado no mercado e degustar isso com um vinhozinho para relaxar nesse dia antes do natal. Dr. Souto, conta aí para a gente o que você está planejando degustar.

Dr. Souto: Então, olha só. Eu tenho uma mãe low carb. Minha mãe tem 83 anos, mas segue na linha. E aí, se for como o natal passado, é uma ceia de fazer inveja e toda comida de verdade low carb. Então, coisas que eu me lembro do natal passado. Tinha um arroz à grega que não era arroz, era arroz de couve-flor. Mas tinha todas aquelas coisinhas coloridas que tem no arroz à grega. Uma delícia. Tinha lombinho de porco. Tinha peru. Tinha umas tortas low carb que a gente encomenda de um fornecedor aqui em Porto Alegre. Tinha cheesecake de frutas vermelhas.

Rodrigo Polesso: Meu Deus.

Dr. Souto: Tinha uma torta de chocolate com toquezinho de café. Não adianta o pessoal mandar a pergunta… “Qual é a receita?” Eu não sei, pessoal. Comprei pronto. Mas eu sei a pessoa que faz. E uma época, quando eu estava utilizando o sensor de glicose contínuo eu experimentei e o negócio não muda a glicemia. Leva farinha de amêndoas, leva cacau 100%. No caso da cheesecake, obviamente, o queijo da cheesecake… Ricota, enfim… É sem amido. As coisas usam xylitol para os doces. É uma bela de uma ceia bonita para os olhos, gostosa de comer. Obviamente, isso não significa que a pessoa não possa fazer uma exceção lá no natal e comer o que bem entender. A gente sempre brinca… É uma boa época para lembrar aquele ditado… O que realmente importa para seu peso não é o que você faz entre o natal e o ano novo, e sim o que você faz entre o ano novo e o natal. É o que você faz a maior parte do tempo. Mas eu ainda acrescentaria o seguinte. Mesmo que você coma qualquer coisa… Porcaria mesmo… Porque é festa… No natal e no ano novo… O natal e o ano novo tem uma semana entre eles. Entendeu? Não é como aquelas saturnálias que tinham em Roma… Que eram mais ou menos na mesma época… Que o troço levava 5 dias, uma semana de festa contínua. A gente pode comer o que quiser na ceia de natal… Coisas que lembram a infância, que têm uma memória afetiva. Bom, depois tem uma semana entre um e outro e aí depois no natal come de novo o que quiser…. Desculpa, no ano novo. Então, eu prefiro fazer com essas receitas adaptadas por quê? Porque elas são tão boas ou melhores do que as outras. E segundo, eu não acordo com ressaca no outro dia.

Rodrigo Polesso: Isso é importante.

Dr. Souto: Ressaca não é só de bebida. Quantas pessoas que estão nos ouvindo que já adotaram um estilo de vida alimentar diferenciado e que quando comem porcaria se sentem mal? Acordam mal. Acordam arrependidos, estufados, com gases.

Rodrigo Polesso: A pergunta é… Vale a pena?

Dr. Souto: A pergunta é… Vale a pena? Eu já sei, por exemplo, a quantidade de álcool que eu posso beber a partir da qual não vale mais a pena. Se eu passar daquela quantidade no dia seguinte eu acordo com dor de cabeça…

Rodrigo Polesso: Duas garrafas.

Dr. Souto: Não, é menos que isso. E penso assim, poxa, para quê? Não precisa. Cada um de nós que está nos ouvindo conhece essa experiência. Sim, na hora é engraçado. O cara está… Enfim, alcoolizado ali… Mas depois é ruim a experiência. Então, a gente aprende a ter moderação para que o dia seguinte não seja de arrependimento. Eu acho que isso vale para comida também.

Rodrigo Polesso: Vale, vale. Exatamente. E não tem que ficar se martirizando e pensando… Como que eu posso ter uma ceia saudável? Tem que se martirizar e pensar como você vai ter o resto dos seus dias no estilo de vida que você possa se manter e te dá a liberdade de chutar o pau da barraca nessas datas se você bem entender.

Dr. Souto: Vamos fazer uma comparação que eu gosto sempre de fazer. Eu gosto de tirar a analogia do mundo da alimentação porque na alimentação a gente tem uma tendência a pensar bobagem. Então, assim… Pensa no mundo do exercício. Imagina que você faça regularmente atividade física. Mas aí você tirou umas férias e naquela semana você não vai fazer atividade física. Bom, está bem. O problema não é a semana que você não faz atividade física. É as outras 51 semanas do ano. Aquilo que for uma exceção não tem problema. E eu queria aproveitar e fazer uma propagandinha para vocês. Na Associação Brasileira Low Carb, na ABLC… ABLC.org.br. No Instagram @ablc.org.br. Nessa semana, para quem é sócio contribuinte lá tinha um cardápio inteiro de natal. Bom, quem vai nos ouvir provavelmente vai nos ouvir depois do natal. Mas talvez antes do ano novo. E tem ali, então, um cardápio de fim de ano e tal. Embora a ideia da associação… Vocês já sabem… É ser uma coisa de contribuição voluntária para levar adiante a causa low carb… Então, não é necessariamente uma troca. Mas é um presente, vamos dizer assim, que a ABLC oferece para aqueles que estão ajudando a ABLC a tocar esse projeto para frente. Então, tem lá um cardapiozinho especial de fim de ano.

Rodrigo Polesso: Maravilha. É isso aí. E sigam a gente no Instagram, pessoal. Siga lá no @jcsouto e @rodrigopolesso. Se você quer essas receitas de natal, se você quer mais de 500 receitas, você pode contar com a Tribo Forte para você ter bebidas, sobremesa, almoço que você quiser. Entra em TriboForte.com.br. O ponto é: não falta lugar para você obter informação e construir o estilo de vida que vai te levar a ser saudável e em forma por muito tempo. Só existem desculpas agora. Vamos em frente. Quebre todas elas e construa esse ano novo como ele deve ser para você. Espero que você tenha tido uma ceia legal, porque esse episódio vai ao ar depois e que essas dicas sejam úteis de qualquer forma. Maravilha. Então, é isso aí, Dr. Souto. A gente se fala no próximo episódio. Grande abraço a todo mundo. Até mais.

Dr. Souto: Até lá. Feliz natal. Um abraço e até a próxima!