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Neste podcast falamos sobre:

  • Laticínios,
  • Corrupção,
  • Colesterol,
  • E mais…

Escute e passe adiante!!?

Saúde é importante!

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Caso de Sucesso do Dia

sucesso

 

 

Referências

Artigo no Medscape Sobre Laticínios

Artigo no NY Times Sobre o Dinheiro Corromper

Artigo Sobre Doenças Cardiovasculares

 

 

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá! Bem-vindo a mais um podcast da Tribo Forte, sua dose oficial, semanal de saúde e estilo de vida saudável baseado em evidência. Esse é o podcast número 133. Hoje vai tocar por assuntos como laticínios, como corrupção… Olha só… Corrupção, quase nunca se fala nisso. Colesterol também. Estatinas. Todos os assuntos vão meio que se fechar entre si. Você vai entender já já o porquê. Então, deixa eu dar as boas-vindas a todo mundo que está ouvindo e também boas-vindas ao Dr. Souto a mais esse episódio. Tudo bem, Doutor?

Dr. Souto: Tudo bem, Rodrigo? E boa tarde ou boa noite aos ouvintes.

Rodrigo Polesso: É isso aí. Olha só. A gente já falou bastante já de… A gente fala direto aqui de má ciência. A gente fala de estudos científicos. A gente fala de laticínios, colesterol, de um monte de coisa. E vários desses assuntos periodicamente estão de volta, como é o caso hoje da questão dos laticínios, por um motivo bastante especial… Para a gente enfatizar o nível de dissonância cognitiva que muitas pessoas têm. Olha só. A gente vai falar um pouco de laticínios integrais novamente, mas para mostrar o inacreditável nível de negação das autoridades frente a evidências. O Dr. Souto vai falar um pouco mais sobre isso, mas tenha em mente isso aqui desde agora. Para se estabelecerem as diretrizes atuais, ninguém precisou de evidência. E ainda não existem evidências mostrando que elas funcionam. Mantenha isso em mente à medida que o Dr. Souto compartilha… O que saiu, Dr. Souto? Para a gente ficar de queixo caído um pouco.

Dr. Souto: Pois então. Saiu mais um dos incontáveis… Agora já é um pupurri, já é um monte de estudos sugerindo que o consumo de laticínios… Não qualquer laticínio… Laticínios integrais, com a gordura… Então, aqui nós estamos falando de leite integral, estamos falando de iogurte integral, estamos falando de queijo. Nesse estudo específico o queijo não teve associação nenhuma com mortalidade ou doença cardiovascular e já outros laticínios gordos tiveram um efeito benéfico — quer dizer, o consumo aumentado desses laticínios gordos teve efeito benéfico. Mas isso não é novidade. Vocês que nos escutam aqui já estão de saco cheio de ouvir isso aí. Já teve até podcast onde nós relatamos uma metanálise de estudos mostrando que o consumo de laticínios integrais com a gordura é benéfico e reduz o risco de doença cardiovascular.

Rodrigo Polesso: A gente já falou de algum que prova o contrário, que mostra associação contrária? Dos low fat associados a benefícios?

Dr. Souto: Não, porque não tem.

Rodrigo Polesso: Exato. Só para colocar as coisas em perspectiva.

Dr. Souto: Isso. Então, na realidade quando eu mandei para o Rodrigo o link dessa notícia de hoje, ele me comentou… “Isso daí a gente já falou várias vezes, não vamos falar.” Mas eu disse, “É porque você não viu este detalhe.” Os comentários da pessoa responsável pelo Comitê Nutricional da Associação Americana de Cardiologia, quando confrontada com estes dados. Então, o Rodrigo falou de dissonância cognitiva agora. O que é dissonância cognitiva? A maioria já sabe, mas só para lembrar. É tentar abrigar dentro da mesma cabeça duas ideias incompatíveis entre si. Como as ideias são incompatíveis entre si, isso provoca uma sensação desagradável, que é a dissonância cognitiva. Então, no caso, é o quê? Eles têm diretrizes que mandam consumir laticínios desnatados ou nem consumir laticínios. E aí vem mais um estudo mostrando que se for para consumir laticínios, que sejam com gordura, porque com gordura eles estão associados com um risco menor de doença cardiovascular. É estudo observacional? É. Não estabelece causa e efeito? Não, não estabelece causa e efeito. No entanto, porém, contudo, como o Rodrigo bem colocou, quem estabeleceu lá nos anos 70 que não podia consumir laticínios gordos porque tem gordura saturada e isso faria mal… Essas pessoas não tinham nem estudo observacional. Elas nem isso tinham. Foi sem nenhuma evidência. Então, porque eu posso estabelecer uma regra, um dogma, sem evidência nenhuma, mas na hora que eu preciso derrubar esse dogma, incontáveis evidências não adiantam? Vocês entendem a assimetria disso? Para poder dizer que uma coisa é dogma… “Não pode consumir laticínio gordo”… Para isso não precisa evidência nenhuma. Zero. É simplesmente dizer assim, “Eu acredito que vai fazer mal, porque tem gordura.” Bom, aí começam a surgir um, dois, cinco, dez estudos mostrando que não… Que a associação nos estudos observacionais é ao contrário: quanto mais laticínios gordos, menos doença cardiovascular. Então, agora eu vou traduzir para vocês. Vou traduzir ao vivo aqui. Se eu engasgar é porque estou lendo em inglês e traduzindo. “No entanto, os médicos deveriam encorajar os pacientes a consumir apenas laticínios com baixo teor de gordura ou sem gordura e continuar seguindo as diretrizes vigentes, porque mais pesquisa é necessário para especificamente testar se os laticínios com gordura de fato protegem mais do que os sem gordura.” Deixa eu fazer uma pausa. Um silêncio dramático. Pausa. Pessoal… Repetindo… Não tinha nenhuma evidência para dizer que fazia mal. Agora que tem evidências para dizer que o laticínio gordo não apenas não faz mal, mas faz bem, a gente deve continuar seguindo diretrizes que mandam comer o laticínio que não foi associado com benefício, que é o sem gordura só porque está nas diretrizes. E esperar o quê? Mais evidências? Mas que mais evidências precisa?

Rodrigo Polesso: Enquanto o pessoal vai morrendo, a gente tenta decidir.

Dr. Souto: Então, assim… Eu sou daqueles… Eu pertenço ao grupo das pessoas que acredita que recomendações de saúde pública devem ser feitas só quando a gente tem uma evidência forte. E que quando a gente não tem evidência, o melhor é simplesmente não fazer a recomendação. Deixa as pessoas consumirem aqueles alimentos que fazem parte da sua tradição, da sua cultura alimentar. Daquilo que seus avós comiam. Agora… Pelo menos, com as evidências que a gente já tem… As melhores que nós temos, que não é o ideal… Não é um ensaio clínico randomizado… Mas com os vários, diversos estudos observacionais que mostram benefício do consumo dos laticínios com gordura, o mínimo que tinha que fazer era dizer, “Olha, nós não nos manifestamos mais sobre o assunto. Você consome o laticínio do tipo que você preferir.” Pelo menos não se metam. Bom, mas tem mais. Olha lá. “Quando questionada para comentar, Joann Carson, PhD, ex-chefe do Comitê de Nutrição da Associação Americana de Cardiologia disse que os achados eram interessantes.” Ela continua. “A Associação Americana de Cardiologia atualmente recomenda laticínios sem gordura ou reduzidos em gordura como parte de um padrão alimentar saudável que também enfatiza uma variedade de frutas, vegetais, grãos integrais, frango sem pele, peixes, legumes, vegetais não tropicais.” Vegetais não tropicais significa “coco não, porque coco tem gordura”. Ela disse para o Medscape. Então, assim… Basicamente, ela atuou como um robô. Sabe esses chats de assistência? Se você comprou um produto com defeito… Aí você vai tentar achar um telefone… É impossível achar um telefone. A única forma é você entrar num chat eletrônico. Aí você entra no chat e diz assim, “Bom dia.” Aí a resposta diz assim, “Bom dia. Digite o seu nome e o seu CPF.” Aí você ainda acha que está falando com uma pessoa. “Tive um problema. Comprei um aparelho. Deu defeito.” Ele diz assim, “Por favor, qual é a sua queixa?” Aí você vai se dando conta que está falando com um robô. Então, assim… Repito… O repórter do Medscape chegou e disse para esta pessoa… PhD, ex-chefe do Comitê de Nutrição… “Olha só. Saiu esse estudo aqui. É mais um mostrando que a gordura dos laticínios não apenas não é problemática, mas é boa e previne problemas no coração.” Reposta, “A Associação Americana de Cardiologia recomenda produtos sem gordura, frango sem pele…” Entendeu? A pessoa… É uma coisa esquizofrênica. Ela respondeu algo que não tinha absolutamente nada a ver com a pergunta.

Rodrigo Polesso: Mas tem duas formas de você solucionar a dissonância cognitiva para você poder sobreviver. Uma delas é você abolir uma das ideias conflitantes e a outra é se fingir de louco, que é o que ela fez.

Dr. Souto: Fingir demência. Por fim vem a frase para fechar o negócio. “O que é importante para os médicos americanos é lembrar que as diretrizes vigentes sobre laticínios para prevenir problemas cardiovasculares permanecem imutáveis…” Não é essa a palavra, está escrito unchanged… Permanecem não-alteradas. “As pessoas devem escolher leite reduzido em gordura ou leite desnatado (sem gordura). Produtos feitos também com este leite sempre que possível no contexto de uma dieta geral saudável para o coração.” Ou seja, aquilo de frango sem pele e tal. Então, quer dizer… A pessoa diz, “Está bem. Realmente as evidências todas mostram que a gordura dos laticínios é favorável. Conclusão: vocês devem escolher laticínios sem gordura.”

Rodrigo Polesso: Esse é o nível.

Dr. Souto: Eu acho que a gente realmente está chegando no momento aquele da fábula da nova roupa do imperador, sabe? Alguém convenceu o imperador de que ele estava usando uma roupa muito maravilhosa e na realidade ele estava nu, mas ninguém tinha coragem para dizer para ele isso. Ele apareceu nu até que um menininho chegou, apontou, e disse assim: “Ele está nu!” Aí, claro, todo mundo começou a rir. A farsa caiu. Nós estamos nesse momento. A coisa está bizarra. Ela parece um cartum. Ela parece um desses comediantes de sábado à noite da televisão contando uma piada. Mais um estudo mostra uma coisa e aí a pessoa diz assim: “Vocês devem continuar fazendo o contrário, porque está nas diretrizes.” É muito bizarro. De certa forma tem um certo humor melancólico. A gente ri, mas a gente fica com um pouco de pena da pessoa que está fazendo esse papel… Da Joann Carson, mas tem um gosto amargo também, porque tem gente se prejudicando e seguindo isso.

Rodrigo Polesso: Exatamente. É isso que eu ia dizer. Não sinto pena nenhuma. Sinto pena somente de quem não está aqui escutando a gente, por exemplo, e pega… Take to heart… Aceita como verdadeira esse tipo de diretriz. Quem iria imaginar hoje no mundo que as diretrizes do governo não são embasadas em evidência e que as evidências apontam para o contrário? Ninguém iria. Eles iriam pensam assim, “Se existisse evidência, o governo iria saber. É óbvio que ia saber.” Pois é, a situação é tão feia assim. E o assunto hoje é de situação feia. Olha só, saiu um artigo no New York Times mostrando que o dinheiro pode corromper a idoneidade de qualquer nicho, qualquer indústria, qualquer profissional. E a área médica parece não ser exceção. A gente sabe que não é. Esse novo artigo publicado no New York Times como uma luz sobre esse grande problema. “A queda recente do Dr. José Baselga, ex-chefe científico do Centro de Câncer do Memorial Sloan Kettering…” Uma organização líder no tratamento de câncer…

Dr. Souto: É um dos hospitais mais importantes de câncer do mundo. É uma das Meccas. Se um cara muito rico no Brasil tem um câncer, muito provavelmente ele vai pegar um avião e vai se tratar lá, porque é a Mecca. Não estamos falando de qualquer lugarzinho.

Rodrigo Polesso: Coisa grande. Bafafá grande, pessoal. O ex-chefe científico do lugar… O que aconteceu… A queda dele. Vou explicar. “Esse problema de ele ter saído traz de volta a atenção a um grande problema na medicina.” Estou lendo entre aspas ainda. “Pagamentos da indústria farmacêutica e fabricantes de dispositivos médicos a pessoas influentes em hospitais é algo muito mais comum do que se é dito publicamente. Dr. Baselga, um gigante da pesquisa do câncer, pediu demissão depois que o New York Times reportou que ele falhou várias vezes em reportar milhões de dólares que ele recebia da indústria médica. Décadas de pesquisa e exemplos do mundo real têm mostrado que esse tipo de patrocínio da indústria pode distorcer a prática da medicina de formas grandes e pequenas. Até pequenos presentes têm mostrado influenciar a forma como médicos prescrevem as coisas e também suas percepções de produtos de determinadas empresas. Pagamentos maiores têm mostrado afetar até o design de ensaios clínicos e o reporte dos seus resultados, entre outras coisas. Esse tipo de conflito de interesse pode trazer consequência devastadoras a pacientes e à sociedade como um todo.” Para finalizar, o New York Times diz o seguinte. “Conflitos financeiros não estão limitados ao Centro Sloan Kettering. Um estudo em 2015, publicado no British Medical Journal mostrou que um número substancial de líderes acadêmicos também possui posições diretoriais que pagam tanto quanto ou mais do que seus salários da prática clínica. De acordo com outras pesquisas, quase 70% dos oncologistas que palestram em reuniões nacionais, quase 70% de psiquiatras e um número grande de médicos parte do conselho do FDA tem conflitos financeiros com a indústria farmacêutica e de dispositivos médicos.” Então, está aí. Aberto para o mundo inteiro ver um nome que era extremamente respeitado de uma organização que tem milhares de pessoas trabalhando lá… Uma organização que tem uma reputação muito forte acabou resignando por causa disso que veio à tona… Esse enorme conflito de interesse que ele vinha escondendo e não vinha declarando. Uma coisa que chamou atenção muito. Tem que colocar a pulga na orelha de todo mundo. A pergunta é: Imagine o que a gente não sabe ainda? Imagine a quantidade de pessoas que está envolvida e a gente não sabe as prescrições que estão aí tendenciosas para um lado e para o outro de acordo com o que o bolso da pessoa pesa e não de acordo com a necessidade do paciente. Imagine a situação disso tudo. Dr. Souto, é uma crise.

Dr. Souto: Eu li a reportagem original do New York Times quando eles fizeram a denúncia. Eu fiquei muito chocado. Eu retuitei aquela reportagem porque não era um pequeno conflito de interesses. Era uma soma volumosa de dinheiro que ele aceitou por muitos anos de várias empresas. E há muito tempo que existe a exigência de que esses conflitos de interesse sejam declarados e ele frequentemente não declarava porque às vezes dizia que esquecia, às vezes dizia que achava que… Então, por um lado, assim… É bom que a imprensa livre lance luz sobre esse tipo de coisa e no fim o cara acabou se demitindo, que era o que tinha que acontecer mesmo. E talvez isso seja a única coisa que dê um pouquinho de medo, de receio, para as pessoas se corromperem dessa forma

Rodrigo Polesso: Acho que ele não precisa do dinheiro mais.

Dr. Souto: Expostos publicamente. Ele já acumulou um dinheiro suficiente. Mas na mesma linha, neste final de semana surgiram notícias bem graves num local, numa área que ainda parecia… Pelo menos na minha cabeça… Ser acima de qualquer suspeita, que é a Cochrane. A Cochrane é uma instituição que existe em vários países do mundo. Uma instituição que faz as famosas revisões sistemáticas e metanálises. E ela não recebe – ou não recebia até então – dinheiro da indústria. Evitava para poder ter independência. Era uma instituição muito respeitada. E um dos fundadores da Cochrane é o Peter Gøtzsche. Não sei bem como pronuncia isso, porque ele tem um sobrenome… Não sei se norueguês, uma coisa assim. Tem um “o” daqueles com um traço no meio. Mas enfim. O Peter Gøtzsche é um dos fundadores da Cochrane e é um sujeito muito crítico. Ele, aliás, tem um livro que está traduzido para o português. Eu li esse livro em inglês e soube que eles tinham traduzido.

Rodrigo Polesso: “Como Esconder Conflito de Interesses”?

Dr. Souto: Eu acho que era um nome mais forte.

Rodrigo Polesso: “A Arte de Esconder Conflito de Interesse”.

Dr. Souto: Depois a gente bota da parte escrita do podcast o link para o nome do livro. Mas é um livro escrito há alguns anos atrás onde ele faz uma crítica muito severa a indústria farmacêutica. Então, esse cara era um cara muito sério e muito crítico à indústria. Aliás, a história pessoal desse cara é interessante, porque ele começou a vida dele como representante de laboratório. Ele era o cara que ia lá vender para os médicos… Fazer propaganda para os médicos. E aí ele começou a fazer carreira dentro da indústria farmacêutica e virou um gerente. E aí ele começou a ver coisas escabrosas, que ele eticamente não podia aceitar… De como a indústria de propósito queria enganar, inclusive os médicos, no sentido de passar informações tendenciosas para fazer com que seus medicamentos fossem prescritos até que ele, enfim, saiu da indústria farmacêutica e foi um dos fundadores da Cochrane. Pois bem… Esse sujeito começou agora a fazer críticas a própria Cochrane, dizendo que a Cochrane estava começando a virar uma instituição comercial. E ele foi expulso da Cochrane neste final de semana. O board de diretores se reuniu e o expulsou. E aí quatro outros diretores se demitiram em protesto. Então, a coisa está em crise e a crise está se desenvolvendo neste momento enquanto nós estamos aqui gravando este episódio. Eu ainda não li tudo o que eu gostaria de ler sobre o assunto, porque este fim de semana teve uma coisa muito especial. Gosto de aproveitar e dizer aqui para vocês… Nós já comentamos da primeira pós-graduação low carb do Brasil em Viçosa, na Univiçosa. Então, este fim de semana eu estava em Viçosa fazendo uma das coisas que me deu mais prazer na vida, que é dar aula para essa turma maravilhosa lá da pós-graduação da Univiçosa. Várias pessoas que vocês conhecem, que inclusive vão estar palestrando na Tribo também estão participando como professores nessa pós-graduação. Deixar registrado como eu fiquei feliz com esse convite. Meu agradecimento à Professora Cristiane, Professora Raquel e ao Professor Nelson da Univiçosa. Enfim, eu estava ocupado, estava envolvido e nesse meio tempo estão surgindo essas notícias. Então, fiquem de olho aí que talvez surjam coisas que estavam escondidas de baixo do tapete até mesmo na Cochrane. Então, essa questão do dinheiro da indústria farmacêutica corrompendo a boa ciência é muito grave. Tem um outro cara que eu ando seguindo muito… Eu gosto muito… Ele é um oncologista. O nome dele é Vinay Prasad. O Vinay Prasad é autor de um dos livros mais fantásticos que todo médico deveria ler. É um livro que não está traduzido, mas para os médicos aí chama-se… “Evitando as reversões na medicina”. Depois nós vamos botar o link também. Mas as reversões que ele chama são as seguintes… Aconteceu nesse final de semana também. Saiu publicado no New England um estudo mostrando que Aspirina… Tomar uma Aspirina infantil para evitar de ter infarto, de ter um problema, de ter um derrame… A Aspirina não previne nada disso em idosos e aumenta o risco de sangramento em idosos. Então, isso é uma reversão médica. Quer dizer, por muitos anos se recomendou uma coisa, e aí sai um ensaio clínico randomizado e aí tem quem mudar tudo de novo. E o que o Vinay Prasad defende no livro é assim… Mais ou menos o que estávamos falando sobre os laticínios. Se a evidência é ruim, não recomenda. Deixa assim, não inventa. É melhor do que prejudicar… É não recomendar nada. Bom, aí quando sai uma evidência boa, depois tem que mudar um troço. Quanta gente foi prejudicada? Quanta gente morreu de sangramento gastrointestinal porque estava tomando aspirina, que não estava ajudando? Mas o Vinay Prasad tem agora um podcast novo e nesse podcast ele defende uma coisa que tem toda razão. Se a gente parar para pensar, é dessas coisas que… Não sei como que o mundo foi aceitando isso. Não deveria ser permitido, não deveria ser considerado ético… Simplesmente não se poderia permitir que a indústria farmacêutica conduzisse os ensaios clínicos dos seus próprios remédios.

Rodrigo Polesso: Exato. Faz sentido.

Dr. Souto: Então, o que ele sugere? Que a indústria deveria pegar seus bilhões e investir na pesquisa básica, na chamada pesquisa translacional. O que é pesquisa translacional? É aquela que traduz… Translate… Traduz do laboratório… Do tubo de ensaio para a cobaia e da cobaia até o ser humano. Quando chegasse no ser humano, aí a indústria deveria entregar para as universidades fazerem os testes e não poderia se envolver. Atualmente, o que acontece, por incrível que pareça, é o oposto. Os governos despejam milhões, bilhões de dólares… Brasil não muito, porque está falido… Mas nos Estados Unidos os grants… Quer dizer, aquele dinheiro que é dado para a pesquisa vem fundamentalmente do governo e aí as grandes universidades lá dos Estados Unidos fazem descobertas, identificam novas moléculas, novas enzimas, novos alvos na célula e aí a indústria farmacêutica pega esta informação que foi descoberta com dinheiro público… Pega essa informação e, em cima dessa informação desenvolve drogas e essas drogas são testadas pela própria indústria. Então, a indústria bota muito do dinheiro no testar, só que ao testar introduzem vieses, introduzem essa corrupção toda. Então, basicamente seria como se nós… Vamos tentar imaginar uma analogia… Tivesse uma blitz e aí a gente deixasse cada pessoa testar no seu próprio bafômetro se ela bebeu ou não. Obviamente as pessoas teriam todo incentivo para ter um bafômetro batizado. Então, a gente não pode deixar a pessoa interessada… A indústria interessada avaliar se o remédio no qual ela investiu um bilhão de dólares é realmente bom. Vocês acham que ela vai chegar à conclusão de que é ruim? Então, o Peter Gøtzsche esse era um grande crítico da indústria. Ele é um dos fundadores da Cochrane e ele acabou sendo expulso pela própria Cochrane. Outros diretores saíram também. Então, acho que nós estamos realmente num momento de crise de confiança. Então, esse episódio do Memorial Sloan Kettering de Nova York é só a pontinha do iceberg.

Rodrigo Polesso: É só a pontinha. Tem o caso que a gente vai falar a seguir agora também. É outro exemplo desse problema. Uma vez que uma coisa se torna popular, como a questão da Aspirina para… Você tomar uma Aspirina por dia para…

Dr. Souto: Afinar o sangue. Afina para caramba, pois aumenta o risco de sangramento.

Rodrigo Polesso: Exato. Todo mundo sabe. “Toda no dia a dia para isso.” Imagina para reverter uma inércia dessa. Sai um estudo como um ensaio clínico randomizado mostrando que não tem efeito nenhum e só ponto negativo se tiver alguma coisa… Quantos anos vai demorar para reverter essa inércia e se tornar conhecimento popular novamente?

Dr. Souto: Até o sujeito que se formou há 30 anos atrás e clinica lá no interior mudar a conduta dele… Até essa informação chegar nele… Quanta Aspirina ainda vai ser prescrita? Mas quem mandou prescrever mandou prescrever com base em hipótese, em evidência ruim, em estudo observacional. Repito, repetimos. Parece que a gente está falando de coisas diferentes, mas se vocês pararem para pensar, nós estamos falando da mesma coisa, que é condutas de saúde pública baseadas em evidência sub-ótima, em evidência ruim. O que que é o melhor? O melhor seria não ter recomendado nada, do que recomendar algo ruim. Bom, se eu tenho uma evidência boa, ok. E depois eventualmente uma evidência melhor vier a reverter aquilo ali… Mas é muito menos provável que uma coisa baseada numa evidência boa venha a ser revertida, porque a evidência boa em geral é mais próxima da realidade. Num ensaio clínico randomizado mostra que algo funciona, normalmente é porque… É provável que isso seja verdade. Talvez a magnitude da melhora não seja tão grande, talvez tenha que se discutir os prós e contras, mas dificilmente vai haver uma reversão completa. A maioria das grandes reversões que esse livro do Prasad explora são condutas que foram adotadas porque eram hábito, baseadas em hipóteses, baseadas em opiniões de autoridade ou baseadas em estudos observacionais epidemiológicos, que é o caso de 99% da nutrição.

Rodrigo Polesso: É, exatamente. Exatamente. Muito interessante. Não só de notícia ruim vive o homem, então vem uma notícia boa curta para a gente fazer o break, antes de passar para a próxima notícia não tão boa assim. Enfim. Caso de sucesso e hoje. Mudança de vida. Isso que eu gosto de ver. Gosto de ver o poder do corpo das pessoas de se reestabelecer quando você coloca seus hábitos de volta no trilho. Isso acontece de forma muito rápida em muita gente. Por exemplo, a Camila Rodrigues compartilhou com a gente: “É emocionante. Eu não acreditei mesmo. Resultado da primeira semana. Menos 2,3 quilos, sendo 5 centímetros de peito e 3 centímetros de cintura e de perna.” De novo, 7 dias somente. É resultado rápido. A gente sabe que no começo o resultado é mais rápido. Mas, de novo, eu fico impressionado com quanto o corpo consegue reagir quando a gente coloca nossos hábitos de volta nos eixos. O corpo consegue. Se a gente parar de atrapalhar, o corpo sabe achar seu caminho de volta. Isso vale como incentivo para as pessoas que querem resultado rápido, porque sim, esse resultado rápido no começo te motiva a seguir para a segunda semana, terceira semana, quarta semana. E a coisa só melhora aí para frente, não é verdade? Independente de opiniões. A Camila seguiu o Código Emagrecer de Vez. Se você tem interesse, entre aí: CodigoEmagrecerVez.com.br. Ele é embasado em evidência que a gente tem como certa, em ensaios clínicos randomizados. Não é na falta de evidência. Não vai ter nenhuma sugestão para você comer iogurte sem gordura lá dentro. Então, é baseado na melhor evidência que a gente tem disponível hoje. Por isso também tem funcionado nas pessoas. As pessoas se sentem melhor no processo, não pior. Então beleza. Olha só. Vamos para o próximo. Saiu no Irish Times, na Irlanda. A Zoë Harcombe colocou no Twitter. Esse artigo fala: “Não existe evidência de que um alto nível de colesterol total ou um colesterol total ruim cause doença cardíaca de acordo com um novo artigo feito por 17 médicos internacionais que foi baseado numa revisão de dados de pacientes de quase 1,3 milhões de pessoas.” Claro, esse é um estudo associativo. No entanto, o montante de evidência apontando para a mesma direção desse é realmente preocupante. Isso é um exemplo claro do poder da indústria em manter ativa uma crença que a gente estava falando… E prática que não tem absolutamente nenhuma base científica. A indústria em questão aqui é as estatinas, uma das drogas mais prescrevidas do mundo. Poucos sabem que estudos mostram que o número de pessoas que precisam ser tratadas para que uma tenha um potencial benefício é 200. Ou seja, se você tratar 200 pessoas, 1 pode ter potencialmente algum benefício. E poucos sabem que não existem provas científicas nenhuma mostrando que LDL causa ataques cardíacos e essa é a premissa de toda essa questão das estatinas, que é baixar o colesterol ruim. Se a premissa está inválida, que utilidade tem a medicação que é baseada nela? Mas isso é um outro exemplo, Doutor, de um caso de inércia que… Quanto tempo vai demorar para virar isso aí? Ainda mais com o poder da indústria, das estatinas, gigantesco por trás.

Dr. Souto: Rodrigo, tem nuances.

Rodrigo Polesso: Sempre tem nuances.

Dr. Souto: Sempre tem. É fato que aquilo que as pessoas imaginam… Quando eu digo “as pessoas”, eu incluo os médicos… De que quanto maior o colesterol total, maior o risco de doença cardiovascular e que isso é uma relação linear… E quando nós vamos ver, essa é uma relação que normalmente vai começar a acontecer essa associação em níveis bem elevados de colesterol. Isso não acontece em todas idades. No idoso a relação parece ser inversa. Em mulheres frequentemente a relação é inversa. Em homens com mais de 50 anos tende a desaparecer. Então, o LDL, o colesterol… Não vamos dizer que não tenha relação nenhuma, mas ela é uma relação bem menos forte, bem menos marcada do que se imagina e parece ocorrer mais em valores extremos.

Rodrigo Polesso: E não é causal. Isso é fato. A relação não é de causa.

Dr. Souto: Há controvérsias e a maioria das pessoas acha que não há controvérsias. Enfim, há controvérsias nesse sentido. O que pode acontecer eventualmente é que se a pessoa está com todos os outros fatores de risco que são mais importantes e mais preditivos para doença cardiovascular… Como síndrome metabólica, diabetes, tabagismo, hipertensão… Se o resto está ruim, aí larga um LDL alto neste contexto, ele aumenta o risco. Então, parece que os outros fatores de risco, os que são mais preditivos, eles ajudam a modular o risco do colesterol total. A história das estatinas… Está muito relacionado ao risco do indivíduo. Tem muita gente tomando remédio porque o colesterol total deu acima de 200. Ou se for de acordo com a preferência atual da Sociedade Brasileira de Cardiologia, acima de 190. Isso não tem base científica. Desculpa, não tem. O que a Força Tarefa de Medicina Preventiva dos Estados Unidos, por exemplo, sugere é que se cogite medicar pacientes que tenham um risco calculado numa calculadora que leve em conta várias outras coisas, leve em conta a idade, leve em conta a pressão, leve em conta o tabagismo, leve em conta o HDL… Então, nesta calculadora, se a pessoa tiver um risco acima de 10%, aí eles passam a cogitar tratar esses pacientes com estatina e aí vamos nos socorrer daquilo que o Dr. Assem Malhotra sempre diz e que todo mundo que gosta de medicina baseada em evidência diz. Esse é o momento de pegar esse paciente e ter a decisão compartilhada e colocar isso que o Rodrigo colocou. Quantas pessoas eu preciso tratar na sua situação, com seu risco para beneficiar uma? E aí o paciente vai participar da decisão e ver se ele acha que para ele esse benefício, que não é muito grande… É um benefício pequeno… Vale a pena ou não. Claro, se é um cara de altíssimo risco… Se é um sujeito que já enfartou, colocou uma ponte de safena e etc… São outros 500. Aí o número de pessoas que precisam ser tratadas não é tão grande para obter um benefício. Ainda assim um paciente merece uma discussão franca com números… Com estatística numérica do quanto ele tem de chance de ser beneficiado… Para que ele possa participar da decisão. Isso é básico em medicina baseada em evidência.

Rodrigo Polesso: Mas a conversa do médico vai ser a seguinte: você tem 0,5% de chance de ter algum benefício, mas você tem pelo menos 5% de chance de ter vários malefícios.

Dr. Souto: Então, na prevenção primária, na situação do sujeito de baixo risco… Esse que só o colesterol deu acima de 200, mas o resto está tudo bom… O cara não tem nada, o cara não é doente… É isso aí que o você falou, Rodrigo. É isso aí. É 0,5%, ou seja, tem que tratar 200 pessoas para beneficiar uma. A maioria das pessoas, ao ouvir isso aí, vai dizer… Imagina… Agora, é claro. Se eu tiver uma situação onde eu preciso tratar 30 pessoas para beneficiar uma, que são os pacientes de mais alto risco, aí muitas pessoas vão pensar, “Talvez vale a pena.” Mas a medicina baseada em evidência significa que o médico tem que respeitar a preferência do paciente. Então, daqui a pouco o cara faz a conta que nem você fez rapidinho agora e diz assim… Tem que tratar 30 para beneficiar um. É 3%. Para mim, 3% não vale a pena. Pode ser que outro paciente diga, “Não! Imagina… Um em 30?” O cara começa a pensar… Uma sala de aula de tem 30 alunos. Um em 30… Se dissessem, “Vou dar um tiro dentro dessa sala de aula e pode pegar em alguém.” Entendeu que cada um vê o risco de uma forma diferente?

Rodrigo Polesso: Mas ainda esse um em 30… Esse um, está comprovado que é um benefício causado pela estatina? Eu não lembro de ter visto alguma coisa nesse sentido.

Dr. Souto: Existe. Nos pacientes de alto risco os ensaios clínicos randomizados mostram.

Rodrigo Polesso: O efeito anti-inflamatório…

Dr. Souto: Se o que está causando isso é a redução do colesterol ou se é mais os efeitos chamados pleotrópicos das estatinas, que incluem um efeito anti-inflamatório, que inclui diminuir os danos do endotélio, que incluir alterar a coagulabilidade do sangue… Deixar o sangue menos hipercoagulável… Mas o fato… Como o que importa é o desfecho e não tanto o mecanismo, nos pacientes de alto risco existe benefício, pelo menos se nós acreditarmos nos estudos patrocinados pela indústria. Para linkar com o que nós estávamos falando antes, existem metanálises que pegaram só estudos patrocinados com fundos públicos e aí a diferença tende a diminuir. O benefício já não parece tão grande. Aproveitando agora, eu vi o nome do sujeito… Ele é Peter…Gøtzsche escreve G-O-T-Z-S-C-H-E, por isso que eu não sabia falar. E o livro em português chama-se Medicamentos Mortais e Crime Organizado. Eu acho que vocês podem ter uma ideia do porquê ele foi expulso da Cochrane. Ele não mede palavras. O livro é espetacular. Ele é um livro que a gente lê e chega a se sentir mal. É um talagaço. Para quem lê em inglês, especialmente quem é da área da saúde, sugiro muito a leitura daquele outro livro que chama Ending Medical Reversals. Acabando com as reversões médicas, do Vinay Prasad. Mas o Peter Gøtzsche… Quem lê esse livro dele chamado Medicamentos Mortais e Crime Organizado, realmente a gente fica um pouco cético… Porque são dezenas, muitas dezenas de ensaios clínicos randomizados e estatina patrocinados pela indústria. E esse livro explica bem direitinho como a maioria dos ensaios clínicos jamais são publicados. Qual é a implicação disso para nosso ouvinte que não é da área entender. Imagine que eu conduza um estudo para comparar meu remédio com placebo e ao final mostra que não teve diferença. Quer dizer, o remédio não funciona. Mas aí eu não conduzo um estudo só. Eu tenho dinheiro e, então, eu faço em 15 países diferentes um estudo semelhante. Aí 14 estudos não dão diferença, mas o 15º mostra um benefício. Obviamente, é muito provável que esse benefício seja por puro acaso. Se eu fizer o mesmo estudo mil vezes, vai ter alguma vez que vai aparecer alguma diferença por puro acaso. Vocês querem ver um exemplo estatístico bem simples? Qual é a chance de eu jogar uma moeda para cima e cair cara ou coroa? É 50%. Então, se eu jogar uma moeda para cima 10 vezes, em tese, ela deve ter 5 vezes cara e 5 vezes coroa. Mas não é isso que acontece. Façam em casa se vocês não acreditam. Pegue e jogue para cima a moeda 100 vezes, mas divida em 10 vezes de 10. Vocês vão ver o seguinte. Em algumas vezes até dê 5 caras e 5 coroas, mas vão ter algumas vezes que vão dar 7 caras e 3 coroas, por puro acaso.

Rodrigo Polesso: Publica esse, daí.

Dr. Souto: Claro. Agora imagina o seguinte, que eu jogasse 10 vezes para cima a moeda por 10 vezes e aí uma das vezes desse 10 caras e duas coroas, e eu disse assim, “Baseado nesse estudo, essa moeda está alterada, viciada.” Não! É que se eu fizer muitas vezes, por puro acaso eu vou encontrar uma diferença que é falsa. E é isso que a indústria faz com os seus ensaios clínicos randomizados quando faz incontáveis estudos, mas publica só alguns, o chamado viés de publicação. Então, muitas vezes o que acontece é assim. Tem o viés de publicação, o tipo de paciente que participa dos estudos não é representativo do tipo de paciente que normalmente vai para o consultório. Por que, o que acontece? A indústria seleciona pacientes específicos que têm uma chance maior de se beneficiar. Por fim, eles ainda eliminar dos estudos os que têm mais efeitos colaterais. Eu acho que já falei isso no podcast, mas não custa falar de novo. Eu pego lá 100 pessoas que vão participar do estudo. Mas antes eu digo que por 4 semanas todo mundo vai usar o remédio. Só depois dessas 4 semanas que nós vamos sortear quem vai ir para o remédio e para o placebo. Se nessas 4 semanas a pessoa tiver algum efeito colateral maior, ela sai fora, ela não entra no estudo. Aí só entra no estudo quem tolera bem o remédio. E ao final do estudo eles dizem que o remédio não teve efeitos colaterais. O pessoal não é burro. Burros somos nós. O pessoal ali é espertinho. Esse livro Medicamentos Mortais e Crime Organizado é leitura obrigatória para quem quer ter uma visão um pouco mais crítica sobre esse assunto.

Rodrigo Polesso: É isso aí, pessoal. Esse podcast está colocando muita luz nesse problema… Credibilidade científica, credibilidade de notícia, credibilidade de tudo o que você vê por aí sobre saúde. Então, passe para frente. Mande do WhatsApp para a galera, pessoas céticas e etc. Temos um problema grave. É hora de começar a questionar tudo o que a gente vê com base. Um ceticismo inteligente que a gente sempre fala. Dr. Souto, o que você… Bom, você voltou de viagem agora… Chegou a comer? Vai comer alguma coisa agora? Compartilha com a gente aí.

Dr. Souto: Então, como eu estava viajando… Aeroporto só tem porcaria… Então, eu comi umas castanhas que eu ganhei lá em Viçosa. Foi o meu almoço. E até não estou com fome. E agora são 20 horas.

Rodrigo Polesso: É isso aí. Eu vi alguém postando… Não sei se foi a Poliana… Postou uma mesa de café colonial só de coisa low carb. Meu Deus do Céu… Dá comer umas 10 mil calorias só numa sentada.

Dr. Souto: Eu vi a foto. Era um negócio impressionante. Quem não segue ainda, o Instagram dela é @nutridaspanelas. Deem uma olhadinha lá. Essa foto enche os olhos. Mostra que é possível fazer uma festa para convidar um monte de gente e ser tudo low carb. Além do que ela tem um monte de receitas muito legais que ela posta lá. No evento de Viçosa, a professora Cristiane trouxe no intervalo das aulas uns bombons que ela fez com chocolate amargo, com amendoim e com xilitol. Era um negócio inacreditável, Rodrigo Polesso…

Rodrigo Polesso: Eu acredito. Pelo amor de Deus. Essa é a armadilha. Se a gente come, por exemplo, um bombom na semana, um bombom normal, só porque é low carb gente começa a comer todo dia de sobremesa. Essa é uma armadilha muito grande. É possível ganhar peso com low carb sim.

Dr. Souto: É isso aí.

Rodrigo Polesso: Eu vou comer… Alguém tem que dar exemplo nesse lugar, caramba! Eu vou comer um fígado de galinha hoje com um queijo brie de cabra de janta. Eu não comi ainda. Agora são 4 horas da tarde. Eu fui me exercitar em jejum. O pessoal pergunta direto: “Mas pode?” Pode se você se sentir bem, se você está adaptado. Depois eu vou, enfim, comer isso aí de janta. Maravilha. Então, acho que a gente fecha com isso aí tudo. Ficou bacana esse podcast, colocando a luz na corrupção… No potencial… Na vulnerabilidade do tipo de informação que a gente vê por aí sobre saúde. Abram o olho e sejam sempre céticos de forma inteligente. Dr. Souto, obrigado por mais esse nosso podcast. A gente se fala semana que vem. Obrigado a todos e até lá!

Dr. Souto: Até lá. Um abraço. Até a próxima. E nos vemos no Tribo Forte Ao Vivo.

Rodrigo Polesso: Com certeza.

Dr. Souto: Acho que esse episódio saia até depois, mas enfim. Um abraço. Até lá.