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Neste episódio:

  • Perguntas feitas pela comunidade respondidas por Rodrigo Polesso e Dr. Souto.

Tudo no podcast de hoje da Tribo Forte!

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Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá! Bom dia para você! Bem-vindo a esse podcast especial de perguntas e respostas aqui do Tribo Forte Podcast, a sua dose de saúde, estilo de vida e alimentação saudável. De vez em quando a gente gosta de fazer episódios de perguntas e respostas. A gente acaba falando sobre uma variedade de temas diferentes. A gente pega… Eu acabo dando uma passeada nas redes sociais e captando aqui pergunta das pessoas que postam no YouTube, no Facebook, nas respostas dos Artigos, etc. Então acho que é legal, fica um episódio variado. E quando a gente fez antes esse tipo de coisa, o pessoal gostou e falou para a gente fazer mais. Então a gente vai fazer hoje mais um podcast nesse sentido assim. Então, primeiro deixa eu dar as boas-vindas ao dr. Souto a este podcast. Tudo bem, doutor?

Dr. Souto: Tudo bem! Tudo bem, Rodrigo? Boa noite e boa noite aos ouvintes!

Rodrigo Polesso: Isso aí! Maravilha! Por que não a gente começar já direto com a primeira pergunta? A primeira pergunta vem da Raissa Lira e a pergunta é um pouco mais longa. Olha só: “Meu nome é Raissa, eu tenho 28 anos, eu peso 99 kg e eu meço 1,58 m. Eu acabei de realizar todos os exames pré-operatórios para fazer a bariátrica. Acontece que a minha mãe me pediu muito para não fazer a cirurgia, mas não vi outra alternativa. Veja, eu sempre fui gordinha, por duas vezes já emagreci 25 a 30 kg, mas recuperei tudo. Ano retrasado eu perdi 30 kg, mas por problemas familiares recuperei 35. Eu estava muito decidida pela bariátrica, a minha namorada irá fazer no mês que vem. Mas li seu livro Emagrecer de Vez e estou querendo acreditar que posso controlar a minha insulina e emagrecer. Além disso, estou acreditando que posso ter um corpo que me agrade, entende? Outra coisa, ainda tenho dúvidas em relação ao seguinte, com a bariátrica a perda de peso é maior? Com a redução do estômago você sustenta seu peso por mais tempo mesmo com reganho de peso? Quem faz bariátrica reganha menos? Veja, não quero engordar mais, isso não é uma opção para mim. Eu quero ter o corpo que eu sei que tenho por baixo desse corpo, mas quero uma decisão 100% de desistir ou não da bariátrica. Se você puder me ajudar, eu agradeço.” Olha só, então, dr. Souto. Você tem alguma pitada de informação para ajudar nossa amiga?

Dr. Souto: Eu acho que… Toda a equipe que faz cirurgia bariátrica, deve ser uma equipe multidisciplinar. Composta não apenas pelo cirurgião, mas também, em geral, por nutricionista, por psicólogo e ou psiquiatra. Então é uma equipe multidisciplinar. E por quê? Porque parte do trabalho é justamente convencer as pessoas de que ela não vai ficar livre de ter que manter uma dieta controlada depois. Essa ideia de que você vai fazer uma bariátrica e graças à bariátrica você vai poder comer errado depois e não engordar, não é verdade. É um pensamento mágico. O que acontece é que muitas vezes as pessoas fazem a bariátrica com essa ideia, porque elas pensam: bom, agora meu estômago está menor… Ou eu fiz um by-pass, então eu tenho um metro a menos de intestino e vou absorver menos nutrientes e, portanto, eu posso comer errado, porque esse errado não vai ser absorvido. E as pessoas ganham peso de novo. Existe um percentual e não é tão pequeno…

Rodrigo Polesso: É muito grande, eu acho…

Dr. Souto: De pessoas que reganham parte do peso é muito grande… ou todo o peso é um percentual também não negligenciável. Então, no fundo, muitas vezes me parece que a bariátrica acaba sendo uma forma de garantir cirurgicamente que a pessoa vai conseguir manter a sua dieta como ela deveria ser. Porque existe uma coisa chamada Síndrome de Dumping (para explicar para quem não é da área, não conhece). Normalmente quando a gente come um alimento, esse alimento fica no estômago e o estômago é uma antessala do aparelho digestivo. O estômago tem uma capacidade de se expandir, de acomodar uma quantidade grande de comida, mas o estômago não é exatamente um… ele não é um órgão absortivo. Ele mistura a comida, começa a digestão, mas uma das principais funções dele é segurar a comida para ir largando elas aos pouquinhos no intestino, em uma frequência que o intestino consiga aceitar. Bom, quando a gente faz uma cirurgia de by-pass, a gente perde essa capacidade de administrar a comida aos pouquinhos no intestino. E aí quando a comida entra muito rápido no intestino dá um mal estar que é o Dumping, onde a pessoa se sente muito mal, mas muito mal mesmo. Sudorese, mal estar… E uma das principais coisas que causa Dumping em quem fez by-pass é justamente consumo de carboidrato, especialmente os refinados. Então, entende onde eu quero chegar? No fundo a pessoa diminui um pouco o consumo daquilo que ela já não deveria estar consumindo. Mas claro, com o tempo as pessoas vão aprendendo truques, o intestino vai acostumando, o novo estômago vai acostumando, daqui a pouco a pessoa está comendo errado e engorda outra vez. Então eu não… Longe de mim ser contra a cirurgia bariátrica como estratégia. Mas eu acho que a cirurgia bariátrica muitas vezes poderia ser evitada se as pessoas adotassem antes da bariátrica o estilo de via que elas serão obrigadas a adotar depois.

Rodrigo Polesso: Exatamente!

Dr. Souto: Os nutricionistas que trabalham com bariátrica, frequentemente recomendam aos pacientes que consumam uma dieta mais rica em proteína e mais pobre em carboidratos refinados. Mais uma vez: a pessoa fazendo isso antes, talvez ela nem precisasse da cirurgia. Mas eu acho que a nossa leitora tem que ter em mente que ela tem que se comprometer com a mudança de forma permanente. É estilo de vida. E assim, a obesidade é uma condição crônica. O que que significa isso? Uma intervenção aguda não resolve uma condição crônica. Se eu fizer uma dieta aguda, e ela já fez várias pelo que ela nos disse, ela perde peso. Mas como a obesidade é uma condição crônica, o corpo voltará para o peso obeso, uma vez que a intervenção seja interrompida. A intervenção não deve e não pode ser interrompida nunca. Ela tem que ser permanente.

Rodrigo Polesso: Ótimo! Acho que essa colocação foi muito boa mesmo.

Dr. Souto: Essa é a dica. Se ela estiver realmente em uma situação em que ela fizer o Código Emagrecer, ela fizer uma dieta low carb, ela não conseguir perder uma quantidade de peso adequada para a sua saúde e ela precisar lançar mão de uma bariátrica, igual ela deverá continuar comendo low carb depois da bariátrica para não engordar. Porque ela pode sim engordar depois da bariátrica.

Rodrigo Polesso: Com certeza. No caso específico dela, me preocupa um pouco porque ela diz que já perdeu até 30 kg antes, mais de uma vez. Então é mostrado, é provado que ela consegue perder esse peso. Não sei como que ela está fazendo, mas ela é nova, 28 anos, e consegue perder esse peso. Então se a gente pensar: será que a bariátrica seria o melhor resultado? A melhor alternativa? Se mutilar, digamos, um pouco assim dessa forma? Ainda mas um by-pass no intestino, que é uma coisa que a gente está vendo que está gerando um monte de pessoas subnutridas, infelizmente. Então é de se pensar, realmente.

Dr. Souto: Então assim, não é um passeio no parque. É uma cirurgia de grande porte. Uma cirurgia com riscos. Existem os riscos cirúrgicos imediatos, de hérnia, de deiscência de sutura, de peritonite, de sepse, de morte. E existem os riscos crônicos, muitos dos quais a gente ainda não sabe, que é isso que você está falando. Quer dizer, daqui a pouco será que a absorção ruim de determinados micronutrientes que a gente nem conhece, que a gente não mede e, portanto, a gente não controla e não repõe. Será que não vão fazer diferença na saúde da pessoa 20, 30 anos depois? A gente não tem segmento por tantos anos para saber o que acontece. Então, sim, isso é um problema menor para quem está com 200 kg e está para morrer. Mas para uma pessoa que já demonstrou que consegue fazer dieta e perder 35 kg, será que ela não pode pensar com carinho nessa ideia de tornar a coisa um estilo de vida permanente? As exceções serem apenas exceções. Já que se ela fizer a cirurgia bariátrica, ela igual terá que tornar a dieta um estilo de vida permanente. É isso que eu queria passar. É essa a mensagem.

Rodrigo Polesso: Eu acho que é muito boa. Muito boa mesmo. Eu espero que seja útil, Raissa, para você e para outras pessoas que estiverem na mesma situação talvez. A gente entende que é tentadora a questão da cirurgia e, na verdade, esse é que o maior apelo, a cirurgia uma solução aparentemente fácil: você entra e sai resolvido. Mas a gente sabe que não é isso. E, principalmente na bariátrica, não é esse o caso de fato. Então é bom manter isso em mente. Não é uma solução fácil, de forma alguma, e tem muitos riscos também. Então a segunda pergunta vem de um cidadão aqui que eu acho… tenho uma suspeita que ele é italiano pelo nome dele. O nome dele é Ricciotti Pettinati. Se ele não for italiano, eu não sei de onde ele é.

Dr. Souto: Deve ter um parentesco, eu acho.

Rodrigo Polesso: Deve ter um parentesco! A pergunta dele é a seguinte: “Eu gostaria de saber se comer gelatina com 0 açúcar quebra o jejum. Quebra???” Ele pergunta assim, com várias interrogações. “Seria ótimo se estivesse liberado. Outra coisa, creme de leite está liberado? Posso consumir quanto? E presunto?” Não sei se você consegue pegar a ideia principal, a essência da pergunta dele, dr. Souto, basicamente ele quer saber se milagre existe! Mas em outras palavras, ele quer… dá para perceber o que está originando talvez a pergunta dele. Bom, quero saber o que você pensa sobre esse assunto para a gente dar uns pitacos.

Dr. Souto: Bom, nós já falamos. Tem até um episódio. Você pode procurar aí. Se não me engano, era 42. Não me lembro direito. Mas é um episódio sobre jejum. O que quebra e que não quebra o jejum. Repetindo rapidinho para quem não ouviu. Jejum, a rigor, é não comer nada. Então, se nós quisermos utilizar a definição estrita de jejum, obviamente gelatina vai quebrar o jejum, porque ela é proteína e tem calorias. O fato de ser zero açúcar… É zero açúcar, mas não é zero comida… Tem proteína. Agora, depende dos objetivos da pessoa. O objetivo do jejum é fazer uma restrição calórica? Bom, neste caso estou usando o jejum como uma estratégia para agregar em cima da minha dieta, que já é uma dieta correta, low carb… Quero o jejum para dar uma acelerada na coisa. Obviamente um jejum mais ou menos é melhor do que se a pessoa tivesse comido um monte de comida. Então, esse caso, o sujeito vai dizer, “Olha, vou fazer um pseudojejum. Não é jejum de verdade, mas vou comer uma gelatina zero.” Gelatina zero é mais água do que qualquer outra coisa. Tem um pouquinho de proteína ali. Então, assim, neste sentido provavelmente não prejudicaria. A pessoa que está fazendo, por exemplo, jejum como parte de uma estratégia para baixar seus níveis de insulina porque tem síndrome metabólica, resistência à insulina e insulina de jejum muito elevada. Se essa pessoa consumir um porquinho de gordura com café… Uma colherinha de nata, uma coisa assim, isso não vai ter impacto significativo nem em glicemia, nem em insulina. Então, depende um pouco qual é o objetivo da pessoa. Se nós quisermos chamar de jejum propriamente dito… Jejum seria consumir apenas líquidos não calóricos. A pergunta dele assim… “E presunto?” Ele está querendo dizer, será, presunto no jejum?

Rodrigo Polesso: Não sei se é no jejum. Imagino que não. Parece meio óbvio que não é uma boa ideia.

Dr. Souto: Então, assim… “Presunto, pode?” Presunto… Existem presuntos e presuntos. O cara com esse sobrenome…

Rodrigo Polesso: Devia entender de presunto.

Dr. Souto: Presunto de verdade. Presunto de Parma. Aquele presunto cru. Aquilo ali é completamente low carb. Tem um processo de cura saudável, muitas vezes artesanal. É um alimento de boa qualidade. Muito desses presuntos que a gente compra pronto no supermercado, embalado já, cortado em fatias e que tem uma meleca… Uma gosminha que parece uma baba de quiabo… Aquilo ali é um negócio estranho. Se a gente olhar os ingredientes, é meio assustador. Então, assim, significa que não dá para comer? Não… É assim. É uma coisa sub-ótima. Como que eu vou colocar isso, Rodrigo? Você está com fome. Não deu tempo de comer, entrou numa padaria. Padaria só tem pão, só tem croissant, só tem salgadinho e docinho. Mas daqui a pouco tem aquela geladeira lá que tem frios. E ali tem um presunto. Aí o cara olha e diz assim, “Vou comer um presunto. Aí eu mato a minha fome. É a melhor opção que eu tenho na padaria.” Ok, eu acho que é válido. Se eu quero comer alguma coisa, e não quero sair comer pão porque estou na padaria e estou com fome. Agora… É um alimento altamente processado. O presunto… Este que estou descrevendo, industrializado, fatiado, de supermercado… Ele tem até carne de porco ali. Mas tem assim, hidróxido metilcelulose, conservante não sei das quantas, proteína isolada de soja e por aí vai. Então, o ótimo não pode ser inimigo do bom. E isso aí está meio longe de ser o ótimo. Mas assim… Pergunta se eu nunca como um presunto? Às vezes sim. Café da manhã de hotel, entendeu? Daqui a pouco vou comer uma omelete, vou comer um presunto, por que não? Não vou morrer por causa disso. Mas não é uma coisa que eu como no dia a dia. Não compro aquele tipo de presunto para ter em casa.

Rodrigo Polesso: Ele pergunta também… “Creme de leite, está liberado? Quanto posso comer?” O que eu vejo por trás desse tipo de pergunta é uma grande limitação em relação à quantidade de comida. Se ele pergunta se gelatina quebra jejum ou não, ou imagino que esteja comendo gelatina já bastante em todos os momentos que ele não está comendo. E por que ele tem necessidade de comer gelatina? Provavelmente porque as refeições principais dele não estão sendo nutritivas o suficiente, porque ele sente vontade de comer alguma coisa no jejum dele e a gente nem sabe que jejum que é. Talvez sejam 4 horas que ele está fazendo e tem que comer alguma coisa. Então, tem vários problemas que antecedem essas perguntas… Que acaba dando origem a uma variação de perguntas mas, na verdade, a pergunta principal dele é uma só: “Por que eu sinto fome e quando eu sinto fome, o que eu posso comer?” E, na verdade, a gente vai ver que ele está fazendo uma coisa talvez de forma sub-ótima… O estilo de vida alimentar dele. Então, talvez tenha que arrumar mais essa base.

Dr. Souto: Essa pergunta do creme de leite tem essa palavrinha que me dá muito medo, que é: liberado. Liberado significa coisas diferentes para diferentes pessoas.

Rodrigo Polesso: Muito diferentes.

Dr. Souto: Por exemplo, para mim, liberado significa assim… Sim, posso botar uma colher de sopa de creme de leite nos meus moranguinhos. Eu posso comer um estrogonofe. Agora, eu já tive paciente que estava comendo quatro latas de creme de leite…

Rodrigo Polesso: Caramba!

Dr. Souto: Como é possível isso? Essa é a pergunta que eu fiz. Cara, como é possível? Ele disse, “Não, é simples. Bota coco ralado, pinga sucralose, e faz tipo uma mingauzinho de coco e vai comendo”. Então, assim… Obviamente, se a pessoa comer quatro latas de leite por dia, ela não vai perder peso e possivelmente ganhe peso, mesmo sendo low carb. Por que a ideia é a seguinte. É que uma alimentação low carb… Ela inibe o apetite. Ela é altamente saciante. A pessoa fica com a insulina baixa, queima sua própria gordura, precisa comer menos. Agora, se a pessoa forçar a barra… E consumir uma quantidade incrível… Como a gente força? É aquela história que você mencionou num outro podcast da hiperpalatabilidade. Eu pego creme de leite puro… Não é tão bom. Mas se eu misturar adoçante, coco e transformar num mingauzinho com gosto de cocada… Bom, aí vai. Aí é fácil. Então, assim… Na natureza, onde o ser humano evoluiu, como caçadores-coletores, no paleolítico, não tinha lata de creme de leite Nestlé, nem sucralose, nem coco ralado.

Rodrigo Polesso: É ponto manter isso em mente. A terceira pergunta vem com basicamente a mesma essência, na minha opinião. É o Luiz Otávio que pergunta. Ele fala: “Boa tarde. Na dieta cetogênica não há limite de comida? Pode comer o quanto quiser de alimentos permitidos? Novamente, acho que é a mesma coisa. As pessoas estão acostumadas a ficarem restritas em relação à quantidade de comida… E acabam… Não tem limite de comida? O que significa? Então, você consegue ver o problema potencial desse tipo de pergunta. Está liberado… Não tem limites… O que isso significa? Para algumas pessoas significa outras coisas. Então, acho que é a mesma essência de pergunta nesse caso.

Dr. Souto: Vamos responder de uma forma bem objetiva. É possível engordar numa dieta cetogênica. Eu posso afirmar para vocês que é possível, porque eu já vi… Engordando em dieta cetogênica, picando o dedo e me mostrando que estava em cetose. Então… Mas e os corpos cetônicos? Não significa que está queimando gordura? Sim, significa. Mas está queimando gordura da dieta ao invés da sua. Então, assim… Não existe milagre. O que existe é o seguinte. Uma dieta nutricionalmente densa, saciante, que tenha uma quantidade de gordura suficiente para ser saciante, mas não absurda de modo que você acabe queimando só a gordura da dieta… Pobre em carboidratos… Pelo mecanismo da insulina, talvez… Mas também pelo fato de que o corpo vai queimar carboidratos preferencialmente, se a gente não tiver carboidratos… Ele vai ser obrigado a queimar gordura. Sim, tende a ser uma dieta na qual o controle… O contar calorias não é necessário. Mas é interessante. Se você perguntar para qualquer nutricionista que tenha já experiência… Que tenha anos de trabalho com dieta de baixo carboidrato, ela vai dizer que tem alguns pacientes nos quais a low carb, a cetogênica, não tem essa inibição de apetite que tem para a maioria. Nós não somos todos iguais. Eu, por exemplo, sinto pouca fome fazendo uma dieta cetogênica. Mas tem gente que continua comendo muito. Então, para algumas pessoas às vezes é até necessário fazer controle de porções. Então, eu diria o seguinte… Uma dieta não precisa nem ser cetogênica. Uma dieta low carb pode ser instituída com a ideia de que a pessoa pode comer até a saciedade. Eu não diria para ninguém assim… “Pode comer o quanto quiser. Pode comer à vontade, quando quiser.” Porque aí a pessoa vai tentar… Como se diz… Passar a perna no sistema. “Já que pode…” Não, a ideia é assim… Provavelmente vai ter uma diminuição de fome. A ideia aqui é que não fique com fome. Não fique assim sentindo que você está privado. Mas tente comer até a saciedade. Sendo uma dieta bem formulada, nutricionalmente densa… Alimentação forte, low carb… Normalmente, isso basta. Mas haverá sempre exceções.

Rodrigo Polesso: Talvez colocado da seguinte forma. Se você fizer alimentação forte, você tem que se esforçar para ganhar peso. Se você faz a dieta normal, americana, normal do brasileiro, você tem que se esforçar para não ganhar peso.

Dr. Souto: É uma boa. É uma boa.

Rodrigo Polesso: Eu vejo assim… Acho que se aplica a maior quantidade das pessoas. Beleza. Olha só. Caso de sucesso para dar um break. O caso de sucesso de hoje vem do nosso amigo Marcos. O Marcos fala, “Obrigado. Foram eliminados 12 quilos e várias medidas nesses 2 meses.” Ele manda a foto de antes de depois dele. Olha só. Doze quilos em 2 meses. Uma mudança muito grande. Parabéns, Marcos. Obrigado por ter mandado. O pessoal que quer ver o testemunho… A gente costuma postar a foto do antes e depois aqui, lá na página do Facebook do Emagrecer de Vez e também no Instagram do Emagrecer de Vez. É @EmagrecerDeVezOficial. Você pode ver. E se você quiser fazer parte do programa Código Emagrecer de Vez é só você entrar em CodigoEmagrecerDeVez.com.br e vê lá o que está te esperando. Maravilha. Próxima pergunta, do Leonardo Aguiar. “Boa noite. Eu venho seguindo a alimentação forte e estou em dúvida em relação a uma coisa. Eu compro um açaí congelado que vem em um balde. Eu sinto o gosto doce dele. Para emagrecimento é ruim, mesmo sendo uma fruta? Estou na dúvida nesse tipo de açaí poder vir adoçado além do doce da fruta. Será que pode sabotar a perda de peso?” Para começar, açaí não é doce. Nada. Zero doce. Então, isso já responde à pergunta. Sim, tem doce adicionado nesse açaí dele. Dr. Souto, vamos lá.

Dr. Souto: Bom… Eu gostei de uma parte da pergunta, que é assim: “Mesmo sendo fruta.”

Rodrigo Polesso: Exato.

Dr. Souto: Sempre quando eu converso com as pessoas em consultório, eu digo, assim, olha… A pergunta se é natural ou artificial não se aplica aqui, porque todo açúcar é natural. Então, o açúcar do açucareiro, todo mundo concorda, que é ruim para a saúde, que engorda… Da onde é que ele veio? Ele não veio de uma planta? Não é da cana de açúcar? Então, eu chupo cana para emagrecer? Não. Então, por que que eu acho que porque é fruta… Mas daí eu pego e escolho uma fruta bem doce… Não estou falando de açaí. “Vou comer várias bananas por dia.” Bom, isso tem um monte de açúcar. Então, assim… Vamos acabar com essa ideia de que açúcar é natural ou artificial. Todo açúcar é natural e todo açúcar é açúcar. Bom… Açaí… Eu não consumo normalmente açaí. Mas dizem… E você acabou de dizer… Que ele originalmente não é doce. Então, polpa doce de açaí significa que foi acrescentado açúcar, ou adoçante. Provavelmente, se fosse adoçante, ia estar escrito na embalagem que é light, que é diet. Está escrito lá no rótulo… Contém sacarina ou seja lá o que for. Então, normalmente o que eles fazem é pegar um xarope de guaraná cheio de açúcar e misturar com açaí, porque as pessoas estão acostumadas a comer o que é doce. Se não é doce, não vende. Então, como regra geral, salvo se você pode ler no rótulo e ver que não está adoçado com açúcar… Por exemplo, vamos imaginar que fosse uma polpa de açaí adoçado com eritritol ou xilitol. Bom, está bem. Mas aí é um troço caro. São produtos caros e obviamente o fabricante iria fazer questão de botar com letras garrafais isso aí.

Rodrigo Polesso: Com certeza.

Dr. Souto: Já o açúcar eles botam com letra bem pequenininha… Por que será?

Rodrigo Polesso: Por que será? O mesmo ponto que você comentou… Ruim para emagrecimento, mesmo sendo uma fruta… O pessoal tem que entender que fruta é feita para ganhar peso. Olha só… No verão… Fruta acontece no verão quando os animais saem da hibernação, por exemplo, e vem comer. Os ursos começam a ganhar peso. Vários animais começam a ganhar peso. Chimpanzé começa a ganhar peso. Quando tem fruta disponível. Fruta não é feita para perder peso. Fruta é feita para ganhar peso. Nenhuma fruta vai te ajudar a perder peso, de forma geral. É claro que as vezes a pessoa… “Estou afim de comer um brownie.” Se ela comer dois morangos ao invés, é obviamente melhor. Só que nenhuma fruta… Na minha opinião… Nenhuma fruta que você coloca na sua boca via te levar mais perto do seu emagrecimento. É simplesmente um fato.

Dr. Souto: Façam uma experiência, vocês que estão nos ouvindo. Bota lá no Google Imagens… Escolhe a fruta que quiser… Bota lá… Banana cultivada e banana selvagem. Vê a diferença. Os nossos antepassados, por cruzamento seletivo… Vêm gerando frutas cujo o objetivo é serem o mais doces possíveis. Então, assim… É que as pessoas às vezes são muito binárias, muito dicotômicas. “Quer dizer que comer uma fruta é a mesma coisa que comer algodão doce?” Não é isso que estou dizendo. O que estou querendo dizer é o seguinte. Se eu quero utilizar low carb como estratégia de perda de peso ou de controle de síndrome metabólica ou de controle de diabetes, comer banana não é o ideal. O ideal seria, por exemplo, comer um moranguinho, que tem menos açúcar. Agora, se eu quiser comparar banana com algodão doce, sim, banana é melhor que algodão doce. Isso não invalida o fato de que banana é pior que moranguinho, entendem? O fato de banana ser uma fruta, ser saudável, ter nutrientes e algodão doce não ter nutriente nenhum… É fato isso. Isso ainda assim não invalida o fato de que numa low carb o moranguinho é melhor. Ou um açaí sem açúcar.

Rodrigo Polesso: É. Cuidado com essa questão do açaí. Aqui na Austrália eu vejo açaí em todo lugar. Incrível! É uma moda aqui também. E quando você pede açaí, eles não te dão o açaí. Eles te dão um bowl, que é uma tigela com granola, com fruta, com xarope por cima… enfim, é uma bomba! Se isso vai substituir uma refeição sua no dia, talvez o dano seja menor. Mas se isso é adicionado, à tarde, está um calor, vou tomar um açaí para dar uma refrescada, você acabou de ingerir muita caloria sem tantos nutrientes assim. Então é perigoso, pode sabotar o processo emagrecimento das pessoas ao achar que é uma coisa saudável, que vem vestida de outras coisas. Então é complicado! Não é tão simples assim. A última pergunta aqui de hoje é da Carla Giacomuti. Ela fala: “Por favor, eu faço…” Vamos lá! Esse tipo de pergunta, dr. Souto, mostra quanto ainda nós temos que caminhar nesse mundo para disseminar low carb, disseminar a alimentação forte, os conceitos básicos disso. Olha só a pergunta dela! Ela fala: “Por favor, eu faço low carb e eu queria saber se eu posso usar açúcar orgânico, ou se só pode stevia ou xilitol mesmo?”

Dr. Souto: A pausa foi uma pausa dramática, tá? Assim… pessoal, açúcar é açúcar. Açúcar de cana é açúcar. Açúcar de beterraba é açúcar. Açúcar de coco é açúcar. Açúcar orgânico, demerara, ou mascavo, ou que tipo de açúcar for é açúcar. É a mesma molécula. No caso do açúcar de coco tem mais frutose, o que é uma coisa que não é necessariamente boa, na realidade provavelmente é ruim. Agave, néctar de agave é 90% frutose, pior ainda. Então assim, açúcar será sempre açúcar. O termo orgânico, ele significa simplesmente (se for verdade), significa que ali não foi empregado pesticidas sintéticos.

Rodrigo Polesso: Mas é tão refinado que pouco importa, eu imagino.

Dr. Souto: Que pouco importa! O processo de refinamento do açúcar branco é tal que mesmo que tenham colocado um monte de pesticidas ali, duvido que chegue muito no produto final. O produto final é realmente sacarose pura, grau quase farmacêutico. Então o troço faz mal porque ele é açúcar. Se ele for açúcar sujo com resto de planta, assim, portanto meio marrom, ele continua sendo açúcar. E se ele for orgânico… Bom, é basicamente… Eu vou dar uma analogia que acho que explica para a nossa leitora, talvez seja útil para os outros também. É a mesma coisa que você me perguntar: e se eu fumar um cigarro cujo tabaco é orgânico, aí pode? Entendeu? Porque sim, o tabaco orgânico é um tabaco cujas as folhas não foram borrifadas com venenos sintéticos, com fertilizantes sintéticos. Enfim, foi utilizado um manejo ecológico da lavoura. Bom, mas o que faz mal no tabaco é da própria folha. A planta uma vez queimada faz mal para você colocar dentro do pulmão. E o açúcar que está dentro da cana faz mal porque ele é açúcar. Não importa se ele saiu da cana, da beterraba, do agave, está certo? Então assim, açúcar é açúcar. Não se deixem enganar pelos rótulos que servem basicamente para isso: para enganar você.

Rodrigo Polesso: Perfeito! Eu acho que muita gente pergunta sobre isso, porque a indústria está muito criativa a respeito de açúcar. Eles tentam chamar de todos os nomes possíveis: xarope, açúcar, ou demerara, mascavo, etc. E por definição, pessoal, low carb, a base da dieta é você reduzir açúcares na dieta. Então obviamente que açúcar de tipo nenhum vai funcionar. E não é segredo para ninguém que açúcar é o que mais promove o ganho de peso, entre outros problemas por aí. Então açúcar seria a primeira coisa para você retirar. Não tente achar atalho. Se atalho existisse, seria chamado de rota, não de atalho (porque todo mundo ia saber). Então não existe atalho, não existe como você passar a perna no sistema. Não tem como.

Dr. Souto: É isso aí! O adoçante passa a perna um pouquinho. Pode às vezes causar aqueles problemas da hiperpalatabilidade. A história que eu falei do creme de leite: a pessoa linga adoçante no creme de leite, daqui a pouco está comendo quatro latas de creme de leite. Não comeria quatro latas se não botasse adoçante. O adoçante sim, ele não é açúcar. Sim, ele não vai elevar a sua glicose. Mas ele pode fazer você comer mais do que você comeria sem ele. Então, quer dizer, é um atalho.

Rodrigo Polesso: É, é um atalho. Mas todo mundo conhece já!

Dr. Souto: Pelo menos isso aí não é se enganar com o açúcar.

Rodrigo Polesso: Por isso que eu chamo de rota. É uma rota do adoçante, todo mundo conhece. Bom, legal! Pessoal, então várias perguntas do dia-a-dia de pessoas normais, perguntas básicas que a gente acha que vai ajudar muita gente. Então dissemine esse podcast, pode ajudar muita gente por aí. Maravilha! A gente vai fechando esse podcast de hoje. Obrigado, dr. Souto pelo seu tempo. E a gente, claro, se vê na semana que vem novamente.

Dr. Souto: Beleza. Obrigado! Um abraço e até a próxima!