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Neste episódio respondemos à várias perguntas da comunidade sobre vários temas distintos como:

  • Mau hálito
  • Como queimar gordura localizada
  • Jejuns mais prolongados
  • vício por doces, etc.

Informação útil a todos, compartilhe!!

 

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Ouça o Episódio De Hoje:

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Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá! Bom dia! Boa tarde para você! Você está ouvindo nesse momento o podcast da Tribo Forte, a sua dose semanal de verdade sobre emagrecimento, de ciência nutricional, de hábitos que podem te ajudar a viver a melhor vida que você pode viver na sua melhor forma e com a melhor saúde, claro! Eu sou o Rodrigo Polesso e nesse episódio nós vamos fazer um jogo de perguntas e respostas de assuntos variados. Acho que vai ser bastante útil para todo mundo. E como eu disse anteriormente, por trás de cada pergunta, por mais básica que ela seja, existem outras milhares de pessoas que tem a mesma coisa na mente, o mesmo tipo de questionamento na mente mas não chegou a perguntar. E cada pergunta dá a margem também para a gente adicionar informações que podem ser úteis ao estilo de vida de todo mundo. Dr. Souto, como está? Tudo preparado?

Dr. Souto: Preparadíssimo. Tranquilo?

Rodrigo Polesso: Maravilha! Vamos partir aqui direto para essas perguntas e respostas de hoje. A primeira pergunta aqui vem do Alexander Moura. Ele pergunta: “as gorduras quebram o jejum intermitente?”. Fala, dr. Souto!

Dr. Souto: Então assim, nós já fizemos um podcast inteiro (número 42, se não me engano), cujo título é assim: X… Y… Z quebra o jejum? Mas então vamos retomar um pouquinho isso aí. Olha lá, pessoal, depende qual o seu objetivo com o jejum. É um jejum religioso? Aí você tem que perguntar para o sacerdote se quebra o jejum ou não. Para a irmã… para o rabino… Então, por exemplo, no Ramadã, se for durante o dia, quebra o jejum, mas se for de noite (depois que o sol se pôs) não quebra o jejum. Parece piada, mas é verdade. Por que… qual é o objetivo? Ah, o seu objetivo é baixar a sua insulina porque você tem resistência à insulina. Bom, veja bem, gordura não altera a insulina. E gordura não altera glicemia. Então se a pessoa estiver fazendo um jejum e quiser comer… botar uma nata ali no seu café ou até comer uma coisa tipo um bacon, isso aí provavelmente não vai alterar. Então se for… Hoje em dia o pessoal está usando um termo para isso, se chama jejum metabólico. Então ele não é um jejum calórico, mas é um jejum metabólico. Eu aceito se o objetivo for esse. Se o objetivo é simplesmente ficar sem comer porque você leu que nos camundongos isso provoca a autofagia e renova as suas mitocôndrias, renova as organelas celulares… Provavelmente talvez seja melhor um jejum genuíno, só com líquido. Então eu acho que depende muito da definição de jejum, definição essa que vai depender dos objetivos de cada um. Em uma aula que eu preparei sobre o assunto eu estudei bastante a fundo a literatura de jejum intermitente e na realidade a gente pode afirmar com certeza que o conjunto de alterações metabólicas e fisiológicas que caracterizam o jejum continuam ocorrendo com uma quantidade de calorias acima de zero. Ou seja, as alterações todas de diminuição de IGF-1, diminuição de insulina, aumento de glucagon, aumento de GH… é um monte de coisas que ocorrem no jejum, elas ocorrem também com o consumo de uma quantidade de nutrientes e calorias bem acima de zero, coisa na faixa de 400, 500 calorias. Então esse é um dos motivos pelo qual vários autores têm chamado de jejum coisas que tecnicamente a gente não diria que são jejuns. Por exemplo, tem estudos… aqueles estudos da dieta 2 para 5, quer dizer, dois dias de jejum para cinco dias comendo. Esses dois dias de jejum não é jejum de verdade, é 500 calorias por dia. Tem vários estudos que se você ler só o resumo você diz assim: ah, é jejum dia sim, dia não. Mas quando você vai ler o material e métodos, eles têm 25% das calorias diárias. Então, na realidade, a rigor está um samba do crioulo doido! Pode chamar de jejum o que você quiser. No fundo eu acho que o que importa são os objetivos. Daqui a pouco, por exemplo, o sujeito simplesmente quer se testar, quer ver como ele se sente sem comer nada por 36 horas. Bom, então se esse é o objetivo, então você não vai comer nem gordura nessas 36 horas, porque você está testando isso. Mas esse é o seu objetivo. Se o objetivo é perda de peso, provavelmente… provavelmente não, evidentemente um jejum que não tenha nenhuma caloria (portanto sem gordura) será mais eficiente em perda de peso do que um jejum que tenha alguma caloria.

Rodrigo Polesso: Agora, se ingerir gordura for uma ferramenta para facilitar esse jejum, aí também pode ser útil nesse aspecto.

Dr. Souto: Muitas vezes pode até ajudar. A pessoa consegue fazer melhor aquele… Porque, tá, a pessoa vai tomar lá um cafezinho com nata. Tudo bem, pode ter umas 200 calorias naquele café. E daqui a pouco vai tomar duas vezes no dia aquilo ali, vai ter 400 calorias. Sim, mas seria um dia que estaria comendo 2.000 calorias. E vocês veem que eu estou falando em calorias e normalmente a gente não fala tanto em calorias porque a gente se fixa mais nos efeitos hormonais. Mas calorias não são irrelevantes. Então, sim, parte do efeito do jejum é calórico. Parte do efeito é metabólico. Agora, se você está focado no efeito metabólico, a gordura tem muito menos efeito metabólico do que calórico. Ela realmente, repito, não mexe tanto com insulina e glicemia. Então depende muito do seu objetivo.

Rodrigo Polesso: É, por isso que a gente costuma dizer que gorduras puras como MCT no café, ou um pouquinho de nata ou óleo de coco no café não quebram, entre aspas, o jejum intermitente por causa desses mecanismos que continuam funcionando… o corpo não começa a funcionar, virar a proteína, usar a proteína que você ingeriu… Então até isso o Dave Asprey do Bulletproof Coffee fala também essa questão. Óbvio, até porque ele vende essa solução. Mas eu acho que a principal mensagem é essa que você disse mesmo. É a de cada um ter a sua própria definição de objetivo do jejum intermitente, aí você pode decidir se isso quebra ou não.

Dr. Souto: É, porque tem rolado aí uma coisa quase mística. Diferentes gurus alimentares dizem que algo quebra ou não quebra o jejum. E as pessoas às vezes perguntam: eu vejo em diferentes lugares, um diz uma coisa e outro diz outra. Sim, porque não existe o livro negro do jejum que define… algo que foi impresso diretamente por Deus em pedras de mármore e diz assim: isto é jejum, isto não é. Depende do seu objetivo. Diferentes autores discordam porque eles estão falando de coisas diferentes. Um está falando de jejum sem nada, o outro está falando pensando na parte metabólica, portanto ele diz que gordura não tem problema. Mas para outro que está preocupado com calorias, ele vai dizer que tem problema. Porque eles estão falando de coisas diferentes.

Rodrigo Polesso: Bom, olha só, a gente fala bastante em emagrecimento, em queima de gordura, obviamente, mas a gente fala muito também em saúde. Que são coisas um pouco distintas se a gente for pensar. Eu fiz um vídeo, há não muito tempo atrás, listando os alimentos que mais engordam no mundo. Eu selecionei lá alguns alimentos, porque a ideia por trás, além dos alimentos, a ideia por trás é aquela de você comer coisas, substâncias que tem a mesma proporção ou proporção semelhante de açúcar ou carboidrato refinado e gordura. Por exemplo: churros, sorvete, brownie. Quando você ingere o carboidrato denso e a gordura junto, o que acontece? O corpo tem que priorizar a digestão dessa glicose toda, porque ela é tóxica se ficar nadando na corrente sanguínea e essa gordura é muito facilmente direcionada para o estoque de gordura. Então ao comer essas duas coisas juntas você tende a engordar em tempo recorde. E é daí que vem a pergunta que a Marjorie Zago perguntou. Ela fala o seguinte: “Bom, você falou que engorda rapidamente, que vira uma bola rápido. E aquelas pessoas secas que comem tudo isso e não acontece nada? Fico com raiva disso.” Manda ver, dr. Souto.

Dr. Souto: A gente entende e se solidariza com a sua raiva. Mas assim, o que acontece é o seguinte: existe um componente genético importante na capacidade da pessoa de ganhar gordura subcutânea. Então teve um estudo que foi publicado, eu não me lembro se foi na Nature ou na Science, que foi feito com gêmeos idênticos e com gêmeos fraternos. Esse desenho de estudo é legal porque os gêmeos idênticos têm a genética igual, de modo que a gente consegue diferenciar qual é a contribuição do ambiente, no caso da alimentação. Enquanto que os gêmeos fraternos são como quaisquer irmãos, só tem 50% dos seus genes em comum. E com esse tipo de estudo eles conseguiram definir que 70% da variação de peso, da tendência em engordar é genética. Então essas pessoas… A gente mexe, a gente joga nos 30%. Então essas pessoas que são geneticamente magras elas têm um problema. Dependendo da forma como elas se alimentam e do seu nível de atividade física, se elas chegam a desenvolver a síndrome metabólica e diabetes tipo 2, costumam ser casos mais graves, de mais difícil manejo. Porque por incrível que pareça, a gordura é uma espécie de… A palavra que me ocorreu em inglês é um “buffer”. É um local onde o corpo pode enfiar aquele excesso de glicose, de calorias, de gordura, enfim… De modo que aquilo não fique se acumulando no fígado. De modo que aquilo não fique se acumulando no pâncreas. Então, no fundo o que a gente tem é o seguinte… Um exemplo que eu fiz numa postagem uma vez eu acho… Se a nossa ouvinte pensar nisso, vai ficar bem claro. Tem raças de cães que engordam com muita facilidade. Aliás, o normal daquele cão… Ele está normal e ele é gordinho. Enquanto outras raças são muito magras. Pensa num chihuahua. Acho que nunca vi um chihuahua gordo. Deve ter, mas é raro.

Rodrigo Polesso: Hoje eles conseguem engordar até chihuahua.

Dr. Souto: Mas, então, assim… Provavelmente se você tentar engordar um chihuahua, ele fica diabético e morre antes.

Rodrigo Polesso: Sim.

Dr. Souto: Porque sim, vai fazer mal para ele. Mas ele simplesmente não tem genética para engordar. Assim como alguns animais não tem genética… Pensa num pitbull. Ele é um bicho forte. Ele é um bicho musculoso. Ele tem genética para ficar forte. Agora o nosso chihuahua não fica musculoso. Ele não tem genética para isso. Então, a genética explica muito dessa variação. Essas pessoas simplesmente não conseguem engordar.

Rodrigo Polesso: É. Outra coisa que é muito importante da gente mencionar aqui é que uma pessoa magra não é sinônimo de metabolicamente saudável, que é um outro grande ponto. As pessoas acham que uma pessoa magra é automaticamente uma pessoa saudável, que é um engano grave.

Dr. Souto: Um dos casos mais dramáticos de gordura no fígado que eu vi, quase evoluindo para cirrose, era num paciente magro. Baita síndrome metabólica, baita gordura no fígado num nível incrível, mas magro.

Rodrigo Polesso: Então, se a pessoa come esses alimentos, por exemplo, como eu falei… Donut, churros, e etc… E a pessoa não engorda, não se preocupe, porque ela não está saindo de fininho. Isso daí vai chegar para ela de outras formas. Essa toxicidade alimentar vai acabar dando problema em outro aspecto que não é gordura na barriga.

Dr. Souto: É. E tem o papel do acaso também. Quem nunca teve a situação de ter comprado um carro zero e deu azar? O carro zero deu problema desde o início. Mesmo sendo zero, mesmo sendo novo. Poxa vida, o troço é produzido em série, não é verdade? Eles são todos iguaizinhos. Sim, mas você foi sorteado com um que deu problema desde o início. Então, de vez em quando a gente tem a mesma coisa em seres humanos. Tem pessoas que são sorteadas com uma má sorte na loteria genética e outras ao contrário. Então, aquelas pessoas que fazem tudo errado. O cara fuma, o cara come só porcaria. E vai aos 85 anos e está bom de saúde. Bom, fazer o que?

Rodrigo Polesso: É. Tem essas variações todas. Bom, a próxima pergunta vem do Charles Júnior. Ele pergunta: “Rodrigo, eu entendo a importância de uma alimentação low carb. Minha pergunta é – como fazer para evitar o mal hálito proveniente desse tipo de alimentação?” É uma pergunta que já vi várias vezes.

Dr. Souto: É. E vou dar uma resposta dupla. A primeira é assim… Eu não sei o quanto disso é real, o quanto é mito. Porque, na realidade, existe a ideia do hálito cetônico… De que uma dieta cetogênica produziria um hálito cetônico. Mas o hálito cetônico verdadeiro é um hálito que lembra à acetona. A acetona todo mundo conhece. O cheiro daquele removedor de esmalte. Um cheirinho meio adocicado. Em português, não é um cheio podre. Não é um troço horrível. É um halitozinho de acetona. A ponto que alguns modelos de bafômetro podem ser disparados pelo hálito cetônico. Ele lembra mais uma coisa meio alcoólica. Supondo que a pessoa realmente tenha um hálito ruim que começou depois que ela começou a alimentação low carb, em geral, pelo menos um autor eu vi citar isso aí… Isso está mais relacionado a um excesso de proteína na dieta. Se uma pessoa resolve fazer uma dieta hiperproteica, com bastante proteína magra… Isso acaba produzindo um hálito… Ele é um hálito mais forte e ruim, nada a ver com cetose ou corpos cetônicos, e sim amônia. Quando a gente consome uma quantidade de proteína bem maior do que a gente precisa para simplesmente manter e reparar a massa magra… E mais do que o corpo necessita… O fígado vai pegar esses aminoácidos e desaminá-los. Ou seja, tirar a amina, a porção com nitrogênio deles, e converte isso em ureia e amônia. Quando é uma quantidade razoável, é ureia, sai em urina. Quando passou do limite, aí começa a acumular um pouco de amônia. Essa amônia pode ser exalada e tem cheiro forte. É uma explicação que eu li uma vez. Talvez você possa diminuir a quantidade de proteína. Quando eu disse que ia dar uma resposta dupla, é o seguinte.

Rodrigo Polesso: Escova o dente.

Dr. Souto: É. Escovar o dente com mais frequência. Chupar uma balinha de menta… Sem açúcar. Tem várias no mercado. Um Halls. Um negócio assim. Tomar líquido mais seguido. Tomar um chazinho durante o dia. São uma série de técnicas. Mas eu acho que a coisa é mais ficção do que realidade. Provavelmente o que mais dá o hálito desagradável são jejuns muito prolongados. Mas porque a pessoa não está comendo… Não está bebendo líquido… Acaba ficando… A flora bucal prolifera. Quando a gente come, bebe um chá… A gente está sempre lavando e engolindo aquela flora bucal. Se a pessoa ficar… Quem tem experiência em hospital… Ou mesmo quem não tem mas tem um parente que fez uma cirurgia… Vê como fica o hálito da pessoa depois que ela saiu da cirurgia, voltou para o quarto e ainda não se alimentou. Ela está em jejum desde a véspera e chegou no quarto na tarde do dia seguinte.

Rodrigo Polesso: Não é de rosas, né?

Dr. Souto: É. Exatamente. Mas não é um hálito cetônico. É um hálito… Vamos dizer assim… Ficou saliva, conteúdo bucal, células mortas e flora bucal fermentando lá dentro. É mais ou menos isso.

Rodrigo Polesso: É só as pessoas compararem com o hálito que elas têm de manhã cedo, por exemplo. Você estava em jejum a noite inteira.

Dr. Souto: É claro. Você passou a noite inteira sem produzir tanta saliva, sem engolir tanta saliva, sem beber água, sem comer. Acorda de manhã em geral com o hálito ruim. E não precisa fazer dieta cetogênica para isso.

Rodrigo Polesso: Boa. Ótimo. Vai ajudar legal. Olha só. A próxima pergunta é da Taís Penacci. Ela fala: “Não sou gorda, mas sou muito viciada em doces e café com açúcar. Todo dia eu como uns três doces. Já tentei parar várias vezes, mas não consigo. Socorro!” Eu digo o seguinte. Meu approach para essa questão do vício dos doces é o seguinte. As pessoas tendem a fazer 8 ou 80. Ela falou que tentou parar várias vezes. A gente não sabe como ela tentou parar. Muita gente quando faz dieta… Quer começar a emagrecer… Quer fazer 100%… 110%. Se pisa na bola, desiste. Falhou, começa a comer porcaria de novo até entrar numa nova dieta e começar 100% de novo. No doce… Como ela falou aqui que come três doces todos os dias… Não precisa necessariamente fazer o cold turkey, que é parar 100%. Por que não nessa semana que você se desafiar a comer dois por dia, já que você come três? Na semana que vem, você tem que diminuir 50% disso, que já é um por dia, digamos assim. É uma diminuição de 50% por semana, não uma redução de 100% de uma vez só. Então, você pode fazer isso de uma forma gradual. Um processo mais gradual que vai te dar uma mudança mais perene, mais permanente. Uma adaptação de estilo de vida… Que claro que leva tempo. E é um hábito que você tem também. Além do vício metabólico desse açúcar toda hora estimulando seu cérebro e seu sistema metabólico, você tem a questão do hábito de sentir o sabor doce de tanto em tanto tempo. Então, são várias coisas, vários hábitos a serem quebrados, que na minha opinião é mais fácil para pessoas gerais… Tem pessoas que preferem quebrar de uma vez. Mas tem muita gente que é mais fácil você diminuir e progredir rumo ao seu objetivo. Progredir rumo ao seu objetivo. Começa a comer dois por dia, depois começa a comer um, depois tira. Come um a cada dois dias. E assim você decide o que você faz. Esse seria o meu approach por diz. Não sei o que você pensa, Dr. Souto.

Dr. Souto: Outra coisa que eu acho é o seguinte. Eu penso que o falso doce, o adoçante artificial tem uma função nessa situação. Depois que inventaram o xilitol… Tudo foi resolvido. Realmente, ele não tem gosto ruim de adoçante. Tem uma série de docinhos que são feitos com xilitol, com eritritol. Felizmente, em todas as capitais estão proliferando empresas que fazem esses produtos low carb. Esses dias eu comi um bombonzinho low carb lá de São Paulo. Estava muito gostoso. Quem sabe a pessoa pode ir fazendo simultaneamente isso que você disse… Vai diminuindo… Mas, para não abandonar completamente, quando for comer, come um que não seja… Porque, veja bem. Você comer um bombom com xilitol ou você comer um bombom com açúcar é uma diferença gritante do ponto de vista metabólico. Xilitol a maior parte não é absorvido. O que é absorvido vira glicose bem devagarinho no fígado. Não dá pico glicêmico. Não vai dar gordura no fígado. Eu vejo que hoje é tão mais fácil. A gente tem essas opções. A gente tem produtos que a gente pode usar. E às vezes, poxa vida… Ela disse que não tem problema de obesidade. Ela é magra. Então, ela pode usar fruta, por exemplo, que é uma sobremesa da natureza. Não vai fazer mal para ela. Quer um negócio mais doce, para matar a vontade de comer doce do que uma banana amassada com canela? Bota no micro-ondas. Eu sugeriria usar as frutas, porque ela não… Isso já serve para todo mundo que está nos ouvindo. Não é toda a humanidade que precisa fazer low carb. Para uma pessoa como esta, que é uma pessoa magra… Suponho que não seja diabética, senão ela já teria nos dito. Se ela simplesmente tirar esse açúcar que ela já reconhece que não faz bem para ela, está bem. Mas não é a mesma coisa do que comer uma fruta? Não. Comer a fruta… O açúcar que está contido dentro das células vegetais da… Comprovadamente não tem o mesmo efeito inflamatório e indutor de síndrome metabólica do que o açúcar adicionado. É diferente de se eu estou fazendo uma dieta low carb onde tanto o açúcar da fruta como o adicionado vão me dificultar a perda de peso. São coisas distintas. Se estou falando só em saúde… Não. Comer uma banana não vai fazer mal a ninguém que não seja diabético. E se a pessoa não está precisando perder peso, não é um problema. Eu diria para ela… Abusa das frutas para matar a vontade de comer doce. Veja uns docinhos low carb que são maravilhosos. E vai diminuindo aos pouquinhos, como disse o Rodrigo. Não precisa tirar tudo de uma vez só.

Rodrigo Polesso: É, eu acho ótimo. Em resumo, tem dois approaches. Duas formas de você lidar com o problema. Uma é mais qualitativa e outra é mais quantitativa. Então, você pode escolher qual você prefere ou fazer as duas ao mesmo tempo. A quantitativa é você diminuir e progredir em direção ao seu objetivo, como eu falei. A qualitativa, que é ótima, e talvez seja mais fácil ainda, é você substituir… Pode ser gradativamente também… Gradualmente… Substituir o que você está comendo, seu doce, seu bombom, seu Sonho de Valsa por um docinho low carb que seja feito com xilitol. Você faz essa mudança qualitativa da sua alimentação rumo ao que você quer. A ideia é você ficar no domínio da sua alimentação… E não a sua gula no seu domínio… No domínio de você. Dentro da própria Tribo Forte, as meninas, a Poli, a Paty… Elas colocam… Eu sei que mulher adora sobremesa. Eu adoro também. Mas elas colocam um monte de sobremesa lá dentro. Tem alimentação forte… Seja low carb… Seja cm xilitol… Enfim. Coisas criativas, realmente gostosas, que valem a pena você explorar. E não precisa ficar se intoxicando com esses doces industriais aí. Tem saída e a saída é muito boa, não é, Dr. Souto?

Dr. Souto: É. Um desses bombonzinhos que eu comi era um bombom de chocolate com recheio de avelã. O negócio tinha gosto de Ferreiro Rocher. É inacreditavelmente bom. Mas veja bem… Chocolate 80% é uma coisa boa para sua saúde. É um alimento de alta densidade nutricional, com boas gorduras, com bons fitonutrientes, com magnésio. Avelã é um alimento bom para sua saúde. É uma noz natural, que contém uma série de nutrientes, que tem boas gorduras. A única coisa problemática num bombom é açúcar. Se você substituir esse açúcar por xilitol, poxa vida… É win-win situation. Você está comendo uma coisa deliciosa e você está comendo uma coisa que faz bem para sua saúde. Por que não?

Rodrigo Polesso: Maravilha. O próximo comentário… Não é uma pergunta. É um comentário sobre o mesmo tema. A Maria Luz Marins. Ela falou como se livrou disso. Ela escreveu o seguinte. “O que me dá muita vontade de comer doce é sono e falta de energia. Eu fiquei 30 dias sem comer doces e algumas técnicas foram importantes. Dormir bem, beber muita água, me alimentar numa quantidade adequada, malhar. Não ter doces em casa (que é uma coisa que sempre falo) e tomar iogurte natural. Chá mate com limão (suponho sem açúcar).” Ela falou que perdeu 6,3 quilos nesse período de 30 dias só fazendo isso. É uma forma de você tentar evitar… E entender porque você tem esse vício também. Se você dorme mal, a gente sabe que você acorda com mais resistência à insulina… Com a glicose toda esculhambada. Isso te dá mais vontade de carboidrato rápido, ou seja, doce também. Então é legal você adaptar seu estilo de vida para facilitar um pouco para se livrar desse vício.

Dr. Souto: É muito bom. História bem interessante dela. Vê como uma mudança pequena… Basicamente o açúcar… Olha o efeito que deu.

Rodrigo Polesso: Um efeito muito grande. A próxima pergunta é da Mariana Shitinoi. Ela pergunta. Essa pergunta… Se a gente der a resposta agora, ela vale mais do que o petróleo nas ações da Petrobrás. “Como queimar gordura localizada da barriga tipo pochete?” Quero ver o que você vai responder, porque isso vai mudar a vida de todo mundo agora. Qual é o segredo?

Dr. Souto: Eu acho que vou decepcionar um pouco as pessoas. Infelizmente não existe um método dietético ou de exercício que queime adequadamente gordura localizada.

Rodrigo Polesso: Só com maçarico mesmo, então.

Dr. Souto: Exatamente. O que nós produzimos são flutuações hormonais e as flutuações hormonais atuam no corpo inteiro. Se uma pessoa tem, digamos, muita gordura na região dos quadris, mas tem a região dos braços, dos ombros, enfim… Essa região do pescoço fininha, magrinha. E ela diz assim: “Queria perder, mas queria perder só gordura no quadril. Não queria ficar mais magra em cima.” Não tem como fazer isso. Não tem como. O exposto… “Tenho uma gordurinha só na barriga. Queria perder essa gordurinha da barriga, mas não queria perder bumbum junto. O bumbum está bom. Quero perder só barriga.” Ou não perde nenhum ou perde os dois. É uma coisa que age no corpo inteiro. Claro, se a pessoa emagrecer bastante… Perder bastante gordura, ela acaba perdendo, em geral, também ali na área da gordura localizada. Talvez ela perca menos onde ela quer – onde ela tem a localizada – e mais onde ela não queria perder. Então, para algumas coisas realmente só a cirurgia plástica resolve. Aí eu diria o seguinte. O sonho do cirurgião plástico é que as pessoas chegassem já magras. Eu converso com cirurgião plásticos e eles dizem… Os honestos. Porque tem os desonestos. Os honestos mandam gente embora todos os dias. A pessoa chega lá com sobrepeso. Chega obesa e ele diz: “Olha, não vou te operar porque eu estaria te enganando. A gente vai fazer uma lipoaspiração. Vai continuar com o problema. Vai continuar com sobrepeso. Não vai ficar legal.” O que eles dizem para as pessoas? “Emagreça. Perca X quilos e aí volte aqui. Aí nós vamos tirar a gordura localizada.” Como eu disse, eu sabia que ia decepcionar algumas pessoas. Mas a gente está aí para dizer a verdade. “Vou fazer exercícios localizados na barriga, porque daí vou perder a gordura na barriga.” Não, não é assim que funciona. Na realidade, a gordura que sai do adipócito ali da barriga… Ela entra na corrente sanguínea, circula no mesmo sangue no corpo inteiro para ser oxidada em algum lugar… Em algum músculo e tal. Não é assim. O músculo do abdômen não recruta gordura do abdômen. Infelizmente, não é assim que funciona.

Rodrigo Polesso: Pois é, pois é. Fiz um vídeo recentemente sobre como queimar gordura localizada. A resposta foi basicamente a mesma. Eu costumo dizer que para queimar a gordura localizada, você precisa queimar a gordura generalizada. É a única forma de você… E seu corpo vai escolher qual é a prioridade dele. Infelizmente, para muita gente, a gordura da pochete que ela fala, é a última a sair. Mas vou te falar… Eu já vi… Já presenciei uma sessão de tortura… Quer dizer, de massagem… Eu já vi alguém fazendo uma massagem com cabo de vassoura… Como se fosse tirar na força a bendita da gordura. Espremendo com força… Ficava vermelha. A pessoa ficava com uma cara de dor. Eu não sei. Sou total ignorante nesse assunto. Mas eu tendo a acreditar que você amassando e sei lá… Até – não sei – machucando a pele na esperança de você diluir aquela gordura localizada parece não ser uma boa coisa. Não sei se você tem uma opinião sobre isso, Dr. Souto.

Dr. Souto: Com certeza isso não vai resolver o problema.

Rodrigo Polesso: Mas enfim… Se você acredita nisso, ótimo. Mas no sentido metabólico acho que a mensagem é essa. É difícil de engolir que a gordura localizada vai ser quando seu corpo quiser. A melhor forma de você perder ela é você perdendo a gordura generalizada. Bom, a última pergunta que tenho na lista de hoje é do Érico Fadoni. Foi num vídeo que fiz sobre Alzheimer em que eu falei da resistência à insulina. A gente fala de resistência à insulina muito aqui nos podcasts, como sendo meio que a raiz de muitos males. Então, a resistência à insulina. E a pergunta dele tem muito sentido, que é o seguinte. “Como testar…” Ele perguntou dessa forma. “Como testar se a metabolização de insulina está baixa?” Ou seja, como uma pessoa normal no dia a dia pode ter ciência se ela tem resistência à insulina ou não já que a gente fala aqui que isso está relacionado a tantos problemas.

Dr. Souto: Tem formas simples e formas mais complexas disso aí. Vamos começar com a mais simples que não custa nada. Se a pessoa tem sinais aparentes de síndrome metabólica. Vamos citar alguns. Aumento da circunferência abdominal. Mais de 102 centímetros para homens, mais de 88 centímetros para mulheres. É uma das coisas. Pressão alta também é uma das coisas. Algumas coisas em termos de exames. Ter glicose limítrofe, acima de 100. Ter o HDL, que é o colesterol bom, menor que 40, ou menor que 50 para mulheres. Ter os triglicerídeos elevados. Triglicerídeos acima de 150. Todas essas características são sugestivas de que essa pessoa tem síndrome metabólica. E a síndrome metabólica nada mais é do que a manifestação clínica da resistência à insulina. Ter gordura no fígado é uma manifestação de resistência à insulina. Para pessoas que têm aquela acantose nigricans… Quem não souber o que é, bota no Google Imagens. São áreas escurecidas no pescoço, nas dobras, na axila e tal, que são muito características à resistência à insulina. E existe um índice bem fácil… Só precisa de uma fita métrica… Que é altamente correlacionado… Altamente correlacionado com a resistência à insulina, que é o índice cintura altura. Tem o cintura quadril, mas o cintura altura é melhor ainda. A sua altura você já sabe. Divide ela por dois. A cintura tem que ser menor do que a metade da altura. Então, o Rodrigo que tem dois metros…

Rodrigo Polesso: Não.

Dr. Souto: Não deve ter mais do que um metro de cintura. Então… Repito… A circunferência da cintura com uma fita métrica não deve ser mais do que a metade da altura. Se for mais do que a metade da altura, quase certo que a pessoa tem resistência à insulina. E visualmente nós vamos ver aquela pessoa que tem uma obesidade central, ou seja, tem mais barriga do que qualquer outra coisa. Essa é a forma simples de fazer o diagnóstico. Se você quiser evoluir um pouquinho mais… Medir só a glicose não é muito útil. Mas se eu medir a glicose e a insulina em jejum, isso já me ajuda muito. Aí eu pego esses dois números, boto no Google lá… Calculadora de HOMA. HOMA IR. É um índice de resistência à insulina. Nem precisa da calculadora, porque é só multiplicar um pelo outro e dividir por 405. Mas está bem. Bota na calculadora que é mais fácil. Vai dar um número. Esse número deve ser, de preferência, menor que dois. Se for menor que dois, significa que você provavelmente não tem resistência à insulina. Se for maior do que três, indica uma resistência à insulina significativa. Não é um teste perfeito. Tanto a insulina como a glicose às vezes variam. Convém às vezes repetir para ver se é aquele valor mesmo. Mas esse daí já é muito melhor do que a maioria dos exames do que a maioria das pessoas fazem. E por fim… Bom… Aí você tem o teste padrão ouro, que é o teste de Kraft. É a curva glicêmica e insulinêmica de três a cinco horas. É um negócio que se faz muito pouco. Normalmente, se chega um paciente para mim com triglicerídeos altos, HDL baixo, insulina alta em jejum, glicose limítrofe… Está pronto. Está escrito. Está escrito na testa dele que ele tem resistência à insulina. Com essas informações nosso ouvinte consegue ter uma boa ideia se sua insulina está funcionando bem ou não.

Rodrigo Polesso: Com certeza. Ótimos pontos. Um ponto que eu queria enfatizar aqui é da glicose. Muita gente acha que se a glicose estiver normal, a sua insulina está normal, não tem problema, você não está com risco de diabetes nem nada. A gente sabe… Inclusive na palestra que dei na Tribo Forte Ao Vivo mostrei de uma forma “for dummies” fácil de como acontece. Resistência à insulina vem se construindo ao longo do tempo antes da glicose se esculhambar. O corpo faz de tudo para segurar sua glicose em check. Agora quando a glicose finalmente fica fora de controle, é porque a resistência à insulina já está implantada há um bom tempo. Então, a pessoa que conta com a glicose somente para saber se está saudável ou não está brincando com o perigo, porque tem coisa acontecendo já ao longo do tempo.

Dr. Souto: Com certeza. Quando a glicose finalmente sobe, a gente já está há uma década atrasado.

Rodrigo Polesso: Pois é.

Dr. Souto: É uma pena… Uma grande pena que a maioria dos médicos não solicita de rotina insulina de jejum. Isso permite fazer essa correlação. Eu posso ter um paciente com 105 de glicose e 6 de insulina. Esse paciente está bem. Ele não tem resistência à insulina. Mas eu posso ter um paciente com 85 de glicose e 15 de insulina. Esse paciente tem resistência à insulina. E esse que tem 85 de glicose e 15 de insulina está muito mais próximo de se tornar diabético do que aquele que tem 106 de glicose e 5 de insulina. Para vocês verem… Ter a glicose um pouco elevada… Um pouco acima de 100… Isoladamente não me diz nada. Se ele tem essa glicose um pouco acima de 100, mas ele é magro, o HDL é alto, triglicerídeos são baixos, ele não é hipertenso, eu sei que ele não tem síndrome metabólica, ele está completamente OK. Se eu medir a insulina, vai dar baixa. Já o outro que tem a glicose completamente normal… É aquela história. Do que adianta ter a glicose normal às custas de níveis super elevados de insulina? Como o Rodrigo disse… O corpo está trabalhando em Overdrive produzindo cinco, seis vezes mais insulina do que o normal para conseguir ter aquela glicose normal. Aí você olha só a glicose e acha que está tudo bem. Mas não mediu insulina, como que vai saber?

Rodrigo Polesso: Se isso tudo parece muito complicado para você que está ouvindo, lembre-se da primeira dica que o Dr. Souto disse que é a gordura abdominal. Se você tem barriga… Tem aquela barriga abdominal… Na região abdominal… Você já sabe que suas chances são muito muito altas de você estar resistente à insulina. Acho que essa é a forma mais fácil… O teste mais fácil, que é se olhar no espelho de fato.

Dr. Souto: Exatamente. E cintura tem que ser menor do que a metade da altura.

Rodrigo Polesso: Essa é uma ótima medida mesmo. Acho que o Ted Naiman…

Dr. Souto: Ted Naiman fala muito isso. Ele mostrou e eu fui atrás do estudo que ele citou ali. Realmente, é um estudo… Eles testam várias métricas diferentes. Tem simplesmente a circunferência abdominal, tem o índice de massa corporal, tem o índice cintura-quadril… Mas esse aí… O cintura-altura é o que mais se correlaciona. E cá entre nós, é um dos mais fáceis. A altura a pessoa já sabe, é só medir a cintura. Medir quadril já é mais complicado, porque tem que explicar direitinho qual é o lugar exato que mede o quadril. Cintura não. O que é cintura? Cintura é aquele lugar que fica a meio caminho entre a última costela e o ossinho do quadril. Para quem gosta de churrasco, é o vazio. O vazio é o lugar que não tem osso. É o espacinho entre a costela e o osso do quadril. Aquela é a cintura. Mede a circunferência na cintura. A altura você já sabe. A cintura não deve ter mais do que a metade da sua altura.

Rodrigo Polesso: Perfeito.

Dr. Souto: E aí qual é a solução? Como você não pode crescer, você precisa fazer o Código Emagrecer de Vez.

Rodrigo Polesso: Como você não pode crescer mais para cima… A solução é diminuir de lado. É isso aí, pessoal. É isso mesmo. Fica a mensagem que o Dr. Souto já falou. Se você quer emagrecer passo a passo, eu criei o Código Emagrecer de Vez para você seguir o processo estruturado para você não se preocupar com essa ciência toda e só seguir os hábitos que são comprovados lá. É só você entrar em CodigoEmagrecerDeVez.com.br. E se você quer se juntar… Se você não faz parte da Tribo Forte ainda, para ter acesso a todas aquelas receitas, às palestras gravadas, documentário legendado, ferramentas e ao fórum também é só entrar em TriboForte.com.br e se juntar a essa família… Esse movimento que está mudando a vida de tanta gente. Obrigado por sua audiência. Obrigado por fazer esse podcast o mais ouvido do Brasil em saúde e um dos mais ouvidos geral de todos os podcasts do Brasil. Muito obrigado e a gente se fala na próxima semana. Dr. Souto, grande abraço.

Dr. Souto: Abraço, obrigado.