Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

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No Episódio De Hoje:

Primeiro episódio após o evento ao vivo da Tribo Forte 2017 em São Paulo!

Nele, cobrimos:

  • Fizemos história e têm 3 coisas que vale destacar que aconteceram lá. Falamos dela na conversa de hoje.
  • Falamos sobre algo muito importante em se tratando da interpretação de exames médicos.
  • Falamos sobre colesterol HDL, LDL e Harvard.
  • Falamos sobre o que degustamos na última refeição.

É isso, espalhe este conhecimento transformador! Estamos fazendo história, porém, mais importante, transformando VIDAS!

Um grande abraço,

Rodrigo

#triboforte #emagrecerdevez #alimentacaoforte

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Ouça o Episódio De Hoje:

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Referências

Cobertura Do Evento

Artigo de Harvard Sobre Colesterol

 

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá, bom dia ou boa tarde para você que está escutando esse podcast número 86 aqui da Tribo Forte. Sou o Rodrigo Polesso e esse é o primeiro episódio pós-evento… Pós o Tribo Forte ao Vivo 2017. A gente está ainda tentando entrar na rotina. Estou em Curitiba visitando meus pais. “Desaquecendo”, digamos assim… De toda energia que foi final de semana passado. Claro, depois de meses de preparações. Foi realmente espetacular. Só para te dar uma ideia do que a gente vai falar no episódio de hoje… A gente vai falar algumas coisas sobre o evento… Umas coisas que acho legal destacar, que aconteceram lá. E também discutir um pouco sobre um tópico que eu acho crucial quando a gente está interpretando exames médicos no geral. Acho que é uma coisa que você pode querer saber. Acho que vai ser útil. A gente não discutiu muito isso diretamente antes no podcast. Dr. Souto, como está por aí? Tudo certo?

Dr. Souto: Tudo certo. Tudo ótimo. Boa tarde e boa tarde aos ouvintes.

Rodrigo Polesso: Maravilha. Voltando devagarzinho à rotina. A gente está gravando esse podcast hoje… Sexta-feira. A gente acabou de voltar. Fim de semana passado foi o evento Tribo Forte ao Vivo. A gente tem falado que tem uma revolução acontecendo. A gente nova isso muito claramente nessa questão de saúde… Da boa ciência alimentar e etc. A gente vê isso muito claramente durante o evento também. É um daqueles poucos momentos… Pelo menos para mim… Onde a gente pode ficar cara a cara com o público. A gente fala aqui no podcast, a gente fala por vídeos… Mas nada como você falar de frente com uma pessoa… Com centenas de outras pessoas que estão lá dano feedback direto. A gente vê de fato qual é o impacto de tudo isso que a gente faz durante o ano. Tem muita coisa que acho legal destacar no evento. Muitas coisas interessantes. Mas duas coisas que entram nessa categoria de revolução. São sementes de mudanças consideráveis. A primeira… A coordenadora do curso de nutrição da Univiçosa, a Cristiane. A Professora de Nutrição da mesma universidade, a Raquel. Eles deram um show lá, palestrando… Mostrando como elas se converteram (no bom sentido) para a boa ciência nutricional. Elas foram no evento Tribo Forte 2016 totalmente céticas. Elas contaram a história de como isso aconteceu e foi muito engraçado. O pessoal adorou. Agora elas mudaram tanto de opinião que estão abrindo… Talvez o primeiro curso de pós-graduação low carb do mundo… Do Brasil com certeza. Mas talvez o primeiro curso de pós-graduação low carb do mundo. Vão fazer lá na Univiçosa… Viçosa, Minas Gerais, a capital low carb do Brasil, digamos assim. Como eu falei, elas deram um show lá, mostrando como foi esse processo de uma forma divertida. Como elas foram “obrigadas” a participar da Tribo Forte 2016. Como elas levaram… O evento… A quantidade de perguntas que elas fizeram. Quero parabenizar publicamente elas pela coragem e pela competência. Como eu falei, é uma mudança que vem da raiz. Elas são coordenadoras de nutrição da Univiçosa. E tem também uma professora do mesmo curso. Eles estão mudando pela raiz, formando novos profissionais já com essa mentalidade… Já dando valor à boa ciência. À ciência moderna nutricional. Teve outra coisa… Uma surpresa bastante inusitada. O Dr. Souto lembra, com certeza. A professora Andréia que esteve envolvida na criação e tradução da pirâmide alimentar brasileira. Uma pessoa que trabalhou diretamente na criação da pirâmide alimentar brasileira. Ela estava lá, presente no evento e aproveitou a oportunidade para falar no microfone lá. Para a surpresa de todo mundo, ela acabou se pronunciando e dizendo que na época ela não sabia de todas essas coisas que a gente está vendo. E que agora o jogo é diferente. Quero também parabenizar a Professora Andréia pela extrema coragem de se pronunciar. Ela mesmo disse que estava hesitante a respeito de falar ou não. Mas a gente vê mais um exemplo claro de como a gente está mudando tudo isso pela raiz com pessoas influentes. Mudando as pessoas do dia a dia, mudando quem forma profissionais… Mudando os profissionais em si. E, por que não, começando a mudar até o que dá origem às diretrizes. Dr. Souto, você tem algumas palavras sobre isso? Acho que foi uma surpresa para todos nós, algumas coisas que aconteceram.

Dr. Souto: O evento foi recheado de fortes emoções. Incrível. A participação da professora Raquel… A participação da Professora Cristiane de Viçosa. Como você disse, a Cristine é coordenadora o curso de Nutrição. Foi incrível porquê… Quem esteve lá vai ouvir de novo, mas vai gostar. Quem não teve… Como o Rodrigo falou, elas participaram em 2016, mas com aquela ideia… “Vamos questionar. Vamos tentar pressionar com perguntas os palestrantes para mostrar que eles estão errados.” E o que aconteceu foi que elas acabaram ouvindo argumentos que elas não conheciam e tiveram a mais nobre das atitudes. É uma coisa que infelizmente é muito rara, que é mudar de ideia. Uma vez confrontado com ideias diferentes… Tem aquilo que a gente sempre fala… Eu e você, Rodrigo… Que é a questão da dissonância cognitiva. A dissonância cognitiva é quando a gente começa a brigar dentro da mesma cabeça… Duas ideias incompatíveis. A dissonância cognitiva provoca um tremendo desconforto. Uma espécie de uma dor psíquica. Eu não posso ter duas ideias contraditórias ocupando a mesma cabeça ao mesmo tempo. Existem duas formas de resolver isso aí. Uma delas é a seguinte. Eu rejeito uma das ideias. “Essa ideia está errada. A ideia que eu tinha antes era a que estava certa. Essa ideia nova está errada. Essas pessoas são ridículas, são malucas.” Aí eu alivio a minha ansiedade. A outra é dizer, Não, vamos ver. Vamos cortejar essas duas coisas. Vamos ver as evidências. Daqui a pouco a pessoa muda de opinião e resolve a ressonância cognitiva mudando de opinião. Eu passei por isso. Você, Rodrigo, passou por isso. Todo mundo um dia acreditou nessa pirâmide alimentar que está aí. No entanto, a gente foi exposto à evidência. Viu os estudos. Viu os ensaios clínicos. Viu o resultado em si mesmo e em outros e disse, “Quem sabe a gente estava errado”. Queria me juntar no coro aí, Rodrigo, junto com você e parabenizar as professoras de Viçosa… Porque uma das coisas mais corajosas é uma pessoa que construiu a sua carreira em cima de uma ideia mudar de opinião baseado em evidências. Fora que a apresentação delas foi um show à parte.

Rodrigo Polesso: Foi um show.

Dr. Souto: Vocês que são membros da Tribo Forte vão ter acesso ao vídeo dessa apresentação. É sensacional. É emocionante. Estou louco para assistir de novo. Foi um negócio incrível. E quando a gente achava que não ia mais ter emoções, ocorreu esse depoimento que você falou. A pessoa foi até o microfone. Depois nós conversamos com ela. E ela disse que pensou mil vezes se ia ou não ia fazer isso aí. Afinal, ela estava de certa forma arriscando sua reputação acadêmica, sua reputação no seu meio… E talvez até seu emprego. Ela disse, “Eu não pude me omitir. Eu quero dizer para vocês. Eu praticamente fiz a tradução da pirâmide alimentar. Eu fui a segunda autora da pirâmide alimentar brasileira. Construí minha carreira em cima disso. Eu estava começando a largar a nutrição de tão decepcionada com a coisa. Ganhei novo ímpeto graças a esse trabalho de vocês.” Todo mundo aplaudiu de pé. Foi uma coisa fantástica. E aí, como você disse, a gente se dá conta da grandiosidade da coisa. Do tamanho do projeto. De como está realmente mudando a cabeça das pessoas. Tem gente que diz assim, “Esse podcast de vocês é praticamente pregar para a própria congregação. Vocês estão falando para quem já gosta, já acredita.” Aí estão dois belos exemplos de que não. De que algumas pessoas ouvem os argumentos, acham interessante, vão atrás e mudam de opinião. Se isso não fosse verdade, nem eu nem o Rodrigo estávamos aqui. Nós não tivemos essa opinião desde pequeninhos.

Rodrigo Polesso: Eu achei legal que você falou desses dois métodos de você… Dois caminhos de você resolver a dissonância cognitiva. Um deles não requer muito, que é o caminho da fraqueza. É você dizer que é tudo balela, vou ignorar e para mim está tudo bom do jeito que está. Até que a dor bata de novo. Outro caminho, que o caminho de maturidade, é o caminho de coragem… É você ter em mente as novas evidências, realmente mudar de opinião e ser verbal a respeito disso. Por isso acho que merecem, de fato, parabéns esses dois exemplos. Todo mundo que estava lá fazendo pergunta… Um monte de profissionais fazendo pergunta… E um monte de gente interessada… Que não eram profissionais… Fazendo pergunta… Pessoas dispostas a abraçar as novas evidências. Tomar esse caminho de maior resistência, que é o caminho da maturidade. Esse caminho da coragem.

Dr. Souto: Para quem não pôde ir nesse ano, está bem, ano que vem tem mais. Para quem tem interesse por esse estilo de vida… Para quem faz low carb… Isso é uma peregrinação. É que nem ir à Meca. Tem que ir, pessoal. Ano que vem tem que ir. Tem essas surpresas. Coisas que a gente não espera. Essa oportunidade de… Como o Rodrigo falou. Uma coisa é ler um texto escrito num blog… Ouvir a gente falar aqui… Outra coisa é ouvir os tantos depoimentos de pessoas que pegaram o microfone na hora das perguntas… “Eu não vim fazer pergunta. Eu só vim fazer um depoimento. Eu perdi 25 quilos. Eu não uso mais medicação para diabetes, porque minha glicose está controlada. Não foi um ou dois, fora vários.”

Rodrigo Polesso: Você viu aquela que se pronunciou falando que perdeu 101 quilos?

Dr. Souto: Sim. Eu conversei com ela depois. Bati foto com ela depois. É um negócio impressionante. Fala para um médico, para um nutricionista… A pessoa vai dizer, “Não. Isso daí só com cirurgia bariátrica.” Tinha ali a pessoa. A pessoa pegou no celular e mostrou a foto… Antes e depois. É um negócio sensacional, motivador. Acho que o evento foi um grande sucesso. Um grande número de pessoas. Foi no Centro de Convenções Rebouças. Veja como nós crescemos.

Rodrigo Polesso: Um auditório bonito.

Dr. Souto: Um troço maravilhoso. Quem for membro da Tribo, aguarde um pouquinho. Vai ter para vocês verem as palestras. Vocês vão poder ter uma ideia maior de quanta gente estava lá e de como estava bonito, bem organizado. Eu aproveito já para dar os parabéns para o Rodrigo.

Rodrigo Polesso: Obrigado, Dr. Souto. Acho que foi incrível mesmo. Como eu digo… A Tribo só é forte porque cada membro dela é forte. Foi sensacional. Espero que todo mundo que foi esse ano possa ter como método, trazer mais uma pessoa… Para influenciar positivamente… Trazer para esse estilo de vida. Eu postei uma foto no Instagram hoje. Falei que está na moda… Pelo menos dentro da Tribo… Está na moda viver saudável e em forma e ter um estilo de vida sensacional. Essa é a moda. A moda agora é saúde. É performance. É ser um ser humano com potencial. Viver o potencial que você tem. Se você puder trazer uma pessoa para o ano que vem, vai ser ótimo. Como eu falei no evento, estou tentando baixar o máximo possível as barreiras de entrada, para que todo mundo possa participar e fazer parte. Você estando lá nesses dias é completamente diferente de você estar passivo somente ouvindo o podcast ou vendo os vídeos online. Tiveram 11 palestras. Foram espetaculares. Cobrimos todos assuntos, desde motivação, exercícios físicos, resistência à insulina, diabetes, açúcar, etc. De novo, o Dr. Souto já falou. Todas as palestras desse ano, editadas… Assim como as do ano passado também vão estar todas disponíveis em breve para os membros da Tribo Forte dentro do portal. Se você não é um membro ainda, o que você está esperando? Entra aí em TriboForte.com.br. Se torne um membro. Você já pode começar a assistir às palestras do ano passado também. Em breve vou ter as desse ano. No futuro vão ter as próximas também e muitas outras coisas que estamos preparando para a Tribo lá. Outra coisa que a gente não pode esquecer… Ganhou uma atenção internacional o evento também. Você tuitou sobre o evento e esse tuíte ganhou uma abrangência um pouco maior. Quer contar para o pessoal?

Dr. Souto: A gente ficou muito orgulhoso porque a coisa foi retuitada, comentada no Twitter por alguns dos nossos gurus… Alguns dos nossos heróis internacionais. Dr. Assem Malhotra, do Reino Unido. Dr. Tim Noakes, da África do Sul. A jornalista Maryanne Demasi, da Austrália. O Dr. Eric Westman da Duke University. Um dos autores do livro “The New Atkins For The New You”. É um dos primeiros livros que eu li lá em 2011, quando comecei a estudar sobre low carb. Aliás, continua sendo um belo livro. A coisa teve uma repercussão porque o evento ganhou um tamanho… A foto que foi comentada por todas essas pessoas foi uma foto panorâmica que eu bati do auditório cheio de gente. Nem lá fora, em geral, o pessoal tem conseguido fazer eventos deste tamanho. Talvez com exceção do Paleo f(x). Acho que as outras conferências low carb ainda não chegaram ao tamanho que a Tribo já ganhou em 2017.

Rodrigo Polesso: É verdade. Você falando o nome do pessoal… A gente ganhou basicamente todos os continentes. A África com o Tim Noakes, A Europa com o Malhotra, tem o Eric Westeman na América do Norte e também a Maryanne na Austrália. Foi retuitado no mundo inteiro, quase que literalmente. Maravilha. Agora vou falar de um caso de sucesso do dia… Como a gente tem feito nesses últimos podcasts. O caso de sucesso dessa vez… Ele estava presente no evento. É um caso especial pelo seguinte. O caso de sucesso de hoje é do Cláudio Holanda. Eu sei que ele escuta o podcast. Vai um grande abraço para o Cláudio Holanda. Ele é jornalista. No caso de sucesso… A foto antes e depois que eu tenho aqui é 39,5 quilos. Mas ele me falou que já passou dessa barreira. Ele mudou completamente de corpo. Na foto dele é incrível a mudança. Mais de 40 quilos perdidos somente com mudança e estilo de vida alimentar. Ele iniciou o Código Emagrecer de Vez há quatro meses e perdeu até agora 39,5 quilos. Pessoal, quatro meses. Olhe que mudança. Ele é jornalista, como eu disse. Ele fez um ótimo trabalho. Uma ótima cobertura não oficial… Extraoficial, eu diria… Do evento. Ele foi lá e falou, “Sou jornalista. Vou fazer uma cobertura bacana. Quero que essa mensagem se espalhe. Vou colocar na internet para todo mundo copiar e todo mundo ficar sabendo.” Então, vou colocar o link no podcast da cobertura especial… Ótima cobertura que o Cláudio fez sobre o evento. Acho que todo mundo pode dar uma olhadinha lá. Tem umas fotos também para o pessoal ter uma ideia do que foi esse evento. Obrigado, Cláudio, por esse trabalho. Pela contribuição em forma jornalística. E também parabéns por sua incrível transformação… E por também colocar isso publicamente. Nos dá o privilégio de saber que você obteve esse resultado todo e estar presente também no evento para eu poder dar um abraço em você.

Dr. Souto: Foi muito legal. Eu li toda a cobertura dele. É uma cobertura jornalística. Bem escrita. Com uma linguagem para quem está fazendo um resumo para quem não esteve lá. Vale a pena, pessoal.

Rodrigo Polesso: Vale a pena. Então, dá uma olhadinha na transcrição… No artigo aqui. EmagrecerDeVez.com, você encontra o artigo com o link dessa cobertura. Ótimo. Vamos lá, então. Tenho um tópico muito interessante aqui. Harvard novamente. HDL (o colesterol “bom”) pode não ser tão bom quanto imaginávamos. Essa é a manchete do artigo de Harvard. Mais uma perola de Harvard para fortalecer aquela velha armadilha de falácia da autoridade… Estou falando de Harvard… Quem vai duvidar de uma organização como essa? A gente sabe que em se tratando desse aspecto da saúde, pelo menos, tem muitas coisas que eles estão falando o que não deveriam. Hoje a gente sabe que baixo HDL é muito mais importante do que marcador de síndrome metabólica do LDL alto. Aliás, para diagnóstico de síndrome metabólica nós sempre precisamos olhar para um conjunto de marcadores, como triglicerídeos, hemoglobina glicada, até circunferência abdominal e etc. No entanto, apesar de esse tipo de conhecimento estar disponível para todo mundo, muitos ainda insistem em suas posições ignorantes e infundadas… Que deveriam entender marcadores como coisas singulares e independentes… Você tira conclusões de marcador independente. Aí você pode imaginar que quem faz isso só pode ser médico ou professores de universidades isoladas do Amazonas… Mas não é. É Harvard. É impressionante como uma organização tão famosa, tão conceituada pode achar que um marcador independente de saúde merece uma conclusão mais definitiva sobre desfecho clínico. O Departamento de Saúde de Harvard… Eles criaram um medo com a manchete “Repensando o Bom Colesterol. Um nível alto de HDL pode não ser tão benéfico quanto se acreditava”. Essa é a headline. Eles colocam entre aspas. “Nós estamos percebendo agora que o HDL parece ser o marcador para outros fatores que aumentam ou diminuem o risco de doença cardíaca.”

Dr. Souto: Eles estão percebendo isso só agora?

Rodrigo Polesso: Pois é. Esse é só o primeiro problema.

Dr. Souto: Pessoal atrasadinho esse. Como conseguiram entrar nessa universidade?

Rodrigo Polesso: Eles estão percebendo que o HDL é um marcador, mas de forma errada, como a gente vai ver. Eles estão falando que o HDL parece ser o marcador de outros fatores que influenciam doença cardíaca, ou ataque cardíaco, diz o Professor Christopher Cannon, que é professor de medicina na escola de medicina de Harvard, e cardiologista no Brigham e Women’s Hospital. Eles estão percebendo agora que o HDL é um marcador válido de risco de doença cardíaca. Impressionante. Agora, o que me faz ter calafrios na cadeira aqui é o seguinte comentário. “Pessoas com baixos níveis de HDL tendem a ter outros problemas bem relacionados ao maior risco cardiovascular, tais como estar acima do peso e ter diabetes.” Aí eu grito… Claro que sim. Exatamente. Mas o problema é que eles continuam e falam o seguinte. Dr. Cannon fala… “Quando você vê um HDL baixo, geralmente é em um homem de meia-idade com gordura abdominal, alta glicemia e alta pressão sanguínea. Podem ser esses fatores, em vez do HDL que estão por trás dos maiores riscos – ele explica.”

Dr. Souto: Quem assistiu a minha aula no Tribo Forte 2017… Quando terminei eu perguntava para o pessoal… “Pessoal, isso significa…” E o coro vinha: “Síndrome metabólica!” Parece que caiu a ficha. O Dr. Raven lançou essa ideia de resistência à insulina, da síndrome metabólica como sendo a manifestação clínica da resistência à insulina numa palestra famosa dele em 1988. Nós estamos indo para 2018. E caiu a ficha agora… Que o HDL pode não ser a coisa que protege e sim um marcador de síndrome metabólica. Não é exatamente novidade.

Rodrigo Polesso: Mas qual é a dificuldade de eles dizerem “síndrome metabólica” nesse artigo? Não foi mencionado isso.

Dr. Souto: Acho que a grande dificuldade é que com isso o pessoal… Cairia a cortina de que síndrome metabólica é o grande fator de risco. É o grande elefante na sala, como eu botei na minha aula… Que está todo mundo ignorando. Para o risco… Não só cardiovascular, mas risco de uma série de doenças crônicas como demência, Alzheimer, câncer, diabetes… E sim, também doença cardiovascular. Acho que é a questão da dissonância cognitiva. Eu tenho na minha cabeça, “LDL é a coisa mais importante. Colesterol ruim é a coisa mais importante que tem. Aí vem um catatau de estudos mostrando que sim, LDL tem uma importância, mas é uma importância menor. Síndrome metabólica tem uma importância muito maior. Eu tenho que abrigar essas duas ideias ao mesmo tempo na minha cabeça. Aí saem essas pérolas. Deixe eu colocar para o pessoal. O título do artigo é “Repensando o Colesterol Bom”. Quem vê, diz assim: “Quer dizer que o colesterol bom não é tão bom assim”. Na realidade, o que eles mostram é o seguinte. Pessoas que nascem com uma doença genética que faz o HDL ser geneticamente muito alto, não estão protegidas de doenças cardiovascular. Por quê? Aí eu respondo. Porque o que importa é a pessoa não ter síndrome metabólica. O HDL alto costuma significar que a pessoa não tem síndrome metabólica. Mas aí vem aquilo que o Rodrigo falou no início para vocês. Tem que olhar o conjunto dos exames. Se o cara tem um HDL alto… Bem alto… Mas os triglicerídeos são altos também… A glicose é alta também… Ele tem uma circunferência abdominal aumentada… A insulina em jejum é alta… Significa que esse sujeito tem o HDL alto por uma questão genética. Mas ele tem síndrome metabólica e, portanto, ele tem risco. O título do estudo deveria ser completamente diferente. Deveria ser: HDL é apenas um desfecho substituto. O desfecho clínico mesmo é ter doença, não ter doença, enfartar, não enfartar. E o HDL baixo ou HDL alto importam na medida em que este HDL faz parte do diagnóstico de síndrome metabólica. Se o HDL estiver baixo, mas os triglicerídeos estiverem altos, mas a pessoa tiver hipertensão, gordura abdominal, enfim. Se ela tiver síndrome metabólica, então este HDL importa. Se a pessoa tiver um remédio, por exemplo, que aumenta o HDL, não adianta. Isso a gente já conversou em um episódio prévio. Uma medicação que fazia com que o LDL baixasse e o HDL subisse. Deveria ser o melhor remédio do mundo. Ele aumenta o colesterol bom e diminui o ruim. Porque o remédio não funcionou? A questão não é aumentar o HDL. A questão é que o HDL alto costuma ser um marcador de que a pessoa não tem síndrome metabólica. Mas aumentar ele não resolve. Aquilo que a gente sempre fala, mas não custa repetir. Se eu pegar as pessoas que tem os dedos amarelos de tanto que fuma e se eu escovar os dedos até o encardido do amarelo sair, o risco da pessoa não diminui. Não é o dedo amarelo o problema. O problema é o cigarro. Não é o HDL o problema. O problema é a síndrome metabólica. Mas eles não escrevem isso no texto. E é Harvard, Rodrigo.

Rodrigo Polesso: É Harvard. Sabe o que me lembra isso? Me lembra aqueles coitados dos cavalos que tem aquele tapa-olho do lado. Que você só consegue olhar para frente. Me lembra exatamente isso. Estão focando no HDL e discutindo um marcador como sendo alguma coisa que pode concluir, proteger… Deixar uma pessoa imune a um problema ou não. Os dois argumentos que eles usam para dizer que o HDL não é tão bom assim… Para que gerar medo com uma coisa sem fundamento? “Todo mundo sabe que o HDL bom é bom. Vamos desmoronar a fama boa do HDL.” Daí eles colocam, como o Dr. Souto falou, pessoas que geneticamente têm o HDL alto não estão imunes a doenças cardíaca. Segundo, eles escrevem. Vou coloca entre aspas. “O segundo corpo de evidência é talvez o mais incriminador. Até agora, cinco grandes ensaios clínicos que tentaram levantar o HDL com o uso de drogas falharam ao diminuir o risco de doença cardíaca.”

Dr. Souto: Ou seja, eles acabaram de descobrir… Essas pessoas brilhantes da Universidade de Harvard… De que o HDL é um marcador apenas. É só isso. Isso significa que ele não é útil? Não. Claro que ele é útil. Ele é útil para poder ajudar a decidir se a pessoa tem síndrome metabólica ou não. A síndrome metabólica que é uma coisa importante como marcador de risco. O que que prova o fato de que subir o HDL com remédio não resolve? Prova que o HDL… Não ele, HDL, que está indo lá… Tirando o colesterol das suas artérias. Isso é uma teoria que já está refutada. O pessoal está fixado nessa teoria lipídica da doença cardiovascular, que cada dia tem mais furo. Tem tanta dissonância cognitiva nessa reportagem. É um negócio incrível.

Rodrigo Polesso: Mais do que dissonância, tem falta de cognição eu acho. Olhe que interessante. A conclusão deles é aquela mesma desde a época dos dinossauros. Eles falam: “Para finalizar, o LDL deveria ser seu foco e você deve mantê-lo abaixo de 100.” Tudo isso e o foco continua sendo o LDL.

Dr. Souto: Então vou reformular minha teoria. Eu acho que não deve ter cota para burro. Então o cara que está ali, ele não é bobo, ele tem um QI alto. Então eu acho que o objetivo deve ser focar no LDL porque são as empresas que pagam remédio para baixar o LDL que sustentam o orçamento da Universidade. Não tem outra explicação.

Rodrigo Polesso: Nada que faz sentido, pelo menos.

Dr. Souto: Claro! Eu preciso que o LDL seja importante. Ele tem que ser importante. O LDL tem que ser o início e o fim, o alfa e o ômega. Porque se o LDL for importante o meu remédio é importante. Mas se começa a vir Rodrigo, Souto e esse monte de estudos da literatura sugerir que na realidade… deixa eu até quantificar para vocês que estão nos ouvindo, na aula na Tribo Forte eu apresentei um estudo que fez uma quantificação, um modelo matemático de quanto porcento dos infartos do miocárdio poderiam ser prevenidos se nós modificássemos diversos fatores. Então nós conseguirmos eliminar a síndrome metabólica de uma pessoa reduziria 42% de todos os infartos do miocárdio. Agora, nós baixarmos o LDL da pessoa impactaria apenas em 16% dos infartos do miocárdio. Significa que o LDL tem sim algum efeito, mas ele é muito, mas muito menos importante que a síndrome metabólica. Como o HDL é um dos critérios da síndrome metabólica, obviamente que o HDL é mais importante que o LDL. Não porque ele (HDL) vai lá tirar o colesterol, mas porque ele é um dos critérios da síndrome metabólica. Agora, esse pessoal aí para burro não serve. Então, quer dizer… não sei… às vezes eu tento evitar teoria de conspiração, mas às vezes é difícil, viu? Eu acho que deve ser de propósito… não é possível!

Rodrigo Polesso: É difícil mesmo! A moral da história, então, para quem está ouvindo e preocupado com a sua saúde, uma mensagem que eu acho importante que fique, é jamais analisar marcadores individualmente e cair na armadilha de achar que eles em si vão definir seu quadro, seja de doença ou de saúde. Tudo precisa ser analisado em um contexto. Ontem mesmo eu estava ajudando minha mãe a interpretar alguns exames que ela fez. Ela adora fazer exames, tem um monte de exames na mesa, ela está com todos os exames absolutamente excelentes. Aí, tem um pequeno marcador, o VCM (volume corpuscular médio) que está com uma variação de 5%, sendo que todos os índices de vitamina B12 ou os índices de vitamina B12 dela estão normais (que são associados a esse VCM) e a médica disse pra ela que é uma boa ideia investigar isso aí com um hematologista. E a minha mãe estava toda preocupada e, novamente, hemoglobina glicada ótima, HDL ótimo, triglicerídeos ótimo, peso ótimo, se sentindo bem, e teve uma variação de 5% nessa escala de VCM, não sei quão seguido você vê isso, até uma macrocitose foi classificada, digamos assim, uma macrocitose discreta, sendo que a vitamina B12 está em perfeito estado também. Nesse contexto todo, adivinha onde a médica dela apontou o dedo? Não deu os parabéns, mas apontou o dedo para esse pontinho que está, digamos 2 pontos fora da escala. Aí minha mãe ficou toda preocupada e isso acaba gerando um medo e esquecendo todo o resto.

Dr. Souto: Esse eu acho que é um problema que até o dr. José Neto levantou na parte de discussão e de perguntas lá do nosso evento Tribo Forte 2017, que muitas vezes é um problema pedir muitos exames. Quando a gente pede muitos exames estatisticamente algum vai dar fora do valor de referência, seja porque realmente tem alguma pequena variação, nós não somos todos iguais, nós temos variações genéticas entre nós e os valores de referência são estabelecidos de acordo com as médias das pessoas; e segundo porque de vez em quando simplesmente algum dá errado. E existem algumas coisas que podem fazer flutuar os valores de vários exames e que não são doenças. Por exemplo: esses dias eu estava lendo que as transaminases – TGO, TGP, gama GT, enzimas do fígado, que muitas vezes podem estar elevadas quando a gente tem gordura no fígado, por exemplo – essas enzimas se elevam tematicamente por alguns dias após atividade física vigorosa. Então quer dizer, a pessoa daqui a pouco fez um treino mais puxado, três dias depois vai tirar sangue para fazer um check up, aparece as enzimas elevadas e a pessoa já começa a pirar se ela está com gordura no fígado, se ela está com hepatite… E na realidade não, ela está saudável, ela está fazendo exercício, mas alterou aqueles exames. Então, o mais correto no fundo seria fazer a história, a anamnese do paciente, fazer o exame físico e levantar hipóteses diagnósticas e pedir exames para confirmar ou refutar aquelas hipóteses. Porque se a gente pegar um grande número de exames, muitas vezes a gente vai encontrar um falso positivo, é muito comum. Eu tenho uma fotografia guardada de um exame que uma paciente fez que é muito interessante e oportunamente acho que até vou fazer uma postagem sobre isso, e mostra o seguinte: eu tinha pedido exames e o outro médico também pediu exames e o laboratório equivocadamente fez o mesmo exame duas vezes, porque normalmente eles riscam aquilo que está em duplicidade, mas não, eles fizeram duas vezes no mesmo dia. Então ela tirou sangue, tirou dois tubinhos e mediu o colesterol total, HDL, triglicerídeos, duas vezes no mesmo dia. E um deles deu tipo 189 e o outro deu 200 e pouco.

Rodrigo Polesso: Caramba!

Dr. Souto: Porque as pessoas não se dão conta de que existe uma coisa chamada variabilidade analítica, ou seja, se eu pegar esse exemplo que eu falei, pega uma amostra de sangue e divide essa amostra em três. Eu vou ter três resultados diferentes, eu não vou ter três resultados iguais. Não tenham essa ilusão de precisão. O que acontece é que o laboratório deveria, eu acho, os laboratórios deveriam colocar entre parênteses um mais ou menos…

Rodrigo Polesso: Margem de erro, né?

Dr. Souto: Que nem assim: candidato João da Silva tem 20% das intenções de votos, mais ou menos dois pontos percentuais para cima ou para baixo, está certo? Porque as pessoas acham que 198 de colesterol é 198. Que isso é diferente de 199 e diferente de 197. E não é pessoal. Não é raro ver coeficientes de variação da ordem de 10% ou mais. Então aqui, aquele 200 é indistinguível de 190 ou 210. Então a pessoa pega e manda um e-mail lá para o blog: eu comecei a fazer esta dieta da proteína e a minha creatinina (que mede a função renal) que estava 1,28 agora está 1,31.

Rodrigo Polesso: Nossa, que mudança!

Dr. Souto: Será que estou prejudicando meu rim? E a pessoa não se dá conta de que se ela tivesse tirado dois frasquinhos de sangue do braço no mesmo momento ela poderia ter até uma variação maior do que essa. Só que a gente tenta atribuir sentido ao aleatório. É a coisa que o ser humano mais faz, né?

Rodrigo Polesso: Bem verdade, realmente. Outra mensagem forte do evento é essa questão justamente do desfecho substituto e o desfecho clínico. Que muita gente faz uma carreira inteira em desfecho substituto só para depois ver que tudo foi por água abaixo porque não tem utilidade nenhuma sem desfecho clínico.

Dr. Souto: Exatamente! Só para quem não lembra, pessoal, desfecho substituto é assim… mudou o LDL e desfecho clínico ou desfecho concreto é: enfartou, morreu, teve um derrame. E o que realmente importa são os estudos científicos que focam em desfechos clínicos, desfechos concretos.

Rodrigo Polesso: Exatamente, exatamente! Então, é isso aí, pessoal! A gente está aqui desaquecendo ainda do evento, com essa energia ainda contaminando a gente por um bom tempo. Foi sensacional! Você deve ter visto as fotos por aí, também, do evento. E novamente, as gravações, se você quer ver as gravações, se você não pode estar lá para sentir a energia ao vivo, experimentar, inclusive, os expositores, foi sensacional! Adorei a seleção de expositores, o pessoal adorou! Todos ficaram felizes. Tinha cada coisa, cada quitute! Tinha livros, inclusive. Foi excelente estar presente. Por isso que eu digo: estar presente lá é bastante diferente de você assistir passivamente em casa. Mas se você não consegue por algum motivo estar lá ao vivo, ainda você pode assistir as gravações desse conteúdo, pelo menos. É só você fazer parte da Tribo Forte. Essas gravações não são comercializadas fora do portal, é um privilégio somente de membros. Então, se torne um membro logo da Tribo Forte: entre em triboforte.com.br. E para finalizar vamos só compartilhar aqui com vocês o que você se deliciou no almoço, Dr. Souto.

Dr. Souto: Eu estou me deliciando no almoço ainda com coisas que eu peguei dos expositores.

Rodrigo Polesso: É?

Dr. Souto: Então hoje foi um refogado de vegetais, mas com um negócio que eu não sei exatamente o que era aquilo, mas parece assim uma carne curada, tipo uma carne de sol bem temperada, que é feita de forma artesanal. Os nossos expositores todos tinham coisas diferenciadas, deliciosas, artesanais!

Rodrigo Polesso: Sabe o que eu lembrei? Que você falou que foi engraçado? A gente tem um grupinho no WhatsApp, lá e o dr. Souto mandou uma foto de um dos brindes dos expositores e falou: pessoal, isso é para comer cru ou para cozinhar? Depois de dois minutos: Esquece, já comi tudo! Na dúvida, já comi!

Dr. Souto: Então tinha realmente uma série de coisas muito gostosas e eu ainda estou desfrutando delas uma semana depois.

Rodrigo Polesso: Eu também. Aqui em casa o pessoal está gostando bastante também. A gente foi numa churrascaria comer sem dor na consciência. Comi carne pra caramba o que, inclusive, acho que churrasco é a culinária oficial da Tribo Forte. No ano passado a gente foi pra uma churrascaria, com os palestrantes essa ano a gente fez também, inclusive, ótimo churrasco lá na casa da Pati Ayres que foi excepcional. Quero aproveitar para agradecer a Pati Ayres pela hospitalidade. A gente reuniu todo muito lá, foi magnífico, muito bacana essa noite lá.

Dr. Souto: Rodrigo, você só esqueceu de citar a coisa mais importante: quem assou esse churrasco.

Rodrigo Polesso: É claro.! Não podia deixar. Eu ia falar agora… Quem estava no comando da churrasqueira é quem vos fala, Dr. Souto. Dr. Souto comandando os espetos, fazendo um churrasco sensacional. Típico… típico não, né? Original gaúcho. Foi espetacular, Dr. Souto! Maravilha! Pessoal, com isso a gente finaliza este podcast, espero que seja útil para você e a gente se fala novamente toda terça-feira aqui, nesse nosso papo marcado. Maravilha, então, Dr. Souto! Valeu pelo tempo, a gente se fala na próxima. Um grande abraço!

Dr. Souto: Obrigado! Um abraço a todos os ouvintes.