Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

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No Episódio De Hoje:

Contamos com a presença especial do Hilton Sousa que é autor do blog Paleodiario.com , estudante de nutrição e forte propagador das idéias de uma alimentação verdadeira.

Este episódio você encontra em vídeo, áudio e também em texto com a transcrição completa mais abaixo.

Nosso papo girou em torno do seguinte:

  • Jejum intermitente e a ação da insulina.
  • Como é a luta pela verdade nutricional e nadar contra maré (Hilton conta como faz isso enquanto cursa Nutrição na universidade.)
  • 3 hábitos comprovados para se viver até os 210 anos de idade (?!).
  • E ainda teremos, claro, os quadros “Alimento do dia” e “o que voce comeu no almoço passado”.
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Veja Estes Resultados REAIS Abaixo:

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Referências do episódio

Tudo que nos ensinaram sobre café da manhã é um mito

Estudo Britânico mencionado que reverteu diabetes tipo 2 

Transcrição Completa Do Episódio

Rodrigo Polesso: Bom dia e seja bem-vindo a mais episódio semanal do podcast da Tribo Forte – o podcast número 1 do Brasil na categoria saúde graças a você que nos acompanha toda semana. Episódios novos saem toda terça-feira. Esse podcast especificamente está sendo gravado em vídeo porque temos um convidado hoje. Além de ser um caso de sucesso de mudança corporal e de saúde, ele se tornou um propagador respeitado sobre conhecimento de alimentação verdadeira, dieta paleo e etc. Você pode escolher seu formato de preferência para consumir essa informação que passaremos hoje – vídeo, áudio ou texto, já que todo episódio do podcast tem uma transcrição completa disponível dentro do artigo do Emagrecer de Vez. No episódio de hoje vamos bater um papo com o Hilton Souza, nosso convidado especial. Ele é autor do blog PaleoDiario.com. Vamos entender um pouco mais das mudanças que ele fez para transformar sua saúde e corpo. No site dele você pode ver as fotos dele ao longo de todo o processo. É uma mudança bastante bacana. Além desse papo com o Hilton, falaremos sobre os 3 hábitos para se viver até 210 anos – como assim? Também veremos o alimento do dia, que é uma nova paixão alimentícia minha. Depois, para finalizar, saberemos o que cada um de nós comeu no último almoço para te dar uma ideia de como adicionar uma alimentação forte no seu dia a dia. Como você pode ver, o episódio está suculento. Antes de dar bom dia e começar de fato, quero responder a pergunta da comunidade. Um lembrete rápido para todos os membros da Tribo Forte: novas receitas deliciosas e criativas estão sendo adicionadas diariamente dentro do portal de membros como colaboração especial e ilustre da Patrícia Ayres, que é estudante de nutrição e especialista em alimentação forte, low-carb e paleo. Algumas das últimas receitas adicionadas por ela são, por exemplo: ganache infalível, pizza de frigideira, almôndega de frango e abobrinha, bolo perfumado de especiarias, pãozinho de sanduíche, caipirinha de limão e vinho branco, docinho anti-TPM, e mini-pão para a fase 1 do Código Emagrecer de Vez. Esses são alguns exemplos das receitas que a Patrícia tem adicionado dentro da área de membros. Isso tudo é muito bom para deixar nosso estilo de vida mais dinâmico, criativo e delicioso – afinal, nosso objetivo é saúde, boa forme e estilo de vida. Se você ainda não se tornou um Membro VIP da Tribo Forte, junte-se a esse movimento o quanto antes para ter acesso a todas essas informações privilegiadas e muito mais. Todos os detalhes para isso estão no TriboForte.com.br. Bom dia Dr. Souto, bom dia Hilton e bem-vindo ao podcast da Tribo Forte.

Dr. Souto: Bom dia Rodrigo, bom dia Hilton. É um prazer te ter no podcast.

Hilton Sousa: O prazer o meu.

Rodrigo Polesso: Primeiro nós costumamos responder uma pergunta da comunidade. É uma pergunta bastante interessante. É uma pergunta muito curta, mas cheia de impacto. O Gease Brito Silva pergunta o seguinte: “Jejum intermitente não pode gerar diabetes?” Alguém respondeu dando risada, então ele complementou assim: “Eu conheci uma pessoa que disse que adquiriu diabetes tipo-2 por ficar muitas horas sem se alimentar.” Eu conheço pessoas que ainda acham que o mundo é plano e que se você for até a borda cairá num mar de dragões. Acho interessante falarmos um pouco sobre isso. Dr. Souto, o que você tem a dizer sobre isso? O que levou a pessoa a perguntar sobre isso? Ele tem uma crença sobre isso.

Dr. Souto: Sempre quando surge esse tipo de coisa é importa a gente sublinhar o nível de evidência. Qual é o nível de evidência mais baixo que tem? É a opinião pessoal. Definitivamente o sujeito achar que aconteceu alguma coisa com ele não é um nível de evidência que consideramos no ponto de vista científico ou para a tomada de decisão. Vamos pensar um pouco fora da nutrição. Suponhamos que você tenha um amigo que não entende absolutamente nada de carros. Você o leva numa loja de carros. Aí seu amigo diz “eu acho que esse carro é bom.” Alguém compraria o carro baseado nessa avaliação? Não, não é? Como que compramos um carro usado? Normalmente a gente leva alguém que entende do assunto para abrir o capô e examinar ou levamos o carro ao mecânico para fazer os testes. Então, temos esse nível mínimo de ceticismo no nosso dia a dia. Não fazemos as coisas acreditando em Papai Noel e Fada do Dente. Não é porque a pessoa acha que o jejum causa diabetes, que o jejum causará diabetes. Vamos falar um pouco das evidências que temos – elas são obviamente no sentido contrário. O que que causa diabetes tipo-2? Não é uma coisa só – é uma doença multifatorial – e sabemos que excesso de peso é um fator de risco. Jejum faz a gente ganhar peso? Não! É impossível ganhar peso não comendo. Além disso, a exposição crônica a níveis elevados de insulina faz com que o corpo desenvolva resistência à insulina. Qual é a coisa que mais baixa insulina, Rodrigo?

Rodrigo Polesso: Não comer.

Dr. Souto: Não comer. Podemos escolher os alimentos que provocam menos elevação de glicose e insulina, mas todo alimento vai provocar uma pequena elevação na insulina, como o Dr. Fung nos ensina. No entanto, se eu não comer, é garantido que não terei elevação da minha insulina. Por fim, nós temos um estudo britânico recente que examina pacientes que fizeram uma dieta bastante hipocalórica. O estudo mostrou a reversão do diabetes tipo-2 rapidamente (em poucas semanas) em um número muito grande de pacientes. Então, já temos um nível de evidência publicado em estudos experimentais que não comer ajuda a reverter o diabetes tipo-2. Então, definitivamente, o jejum não apenas não causa diabetes como, no diabetes tipo-2, é uma forte ferramenta no tratamento e reversão da patologia. Essa é uma patologia de hiperexposição a carboidratos e de hiperexposição crônica à insulina nas pessoas geneticamente pré-dispostas. Então, nosso leitor pode ficar tranquilo pois não apenas não causa como, na realidade é o contrário. Sempre deixando aquela ressalva de que pacientes diabéticos que estão utilizando medicação (especialmente insulina) não devem fazer jejum sem ter o acompanhamento médico profissional.

Rodrigo Polesso: Fale ressaltar novamente a conversa que tivemos com o Dr. Jason Fung no episódio número 11 do podcast. Esse episódio é focado unicamente em jejum intermitente. Se você tiver alguma dúvida sobre isso, pode voltar lá e assistir novamente. Isso mostra a questão do medo novamente. Seguimos uma coisa errada por tanto tempo que se torna uma coisa certa nas nossas cabeças. “Será que o jejum intermitente causará outros problemas?” Podemos ter dúvidas a respeito das dietas que fazemos, mas não podemos ter dúvida ao dizer que “não comer não vai engordar nem aumentar a insulina no sangue.” Chegou a hora de focar a luz em você, Hilton. O Hilton propaga diariamente o conhecimento sobre paleo, alimentação e nutrição. Ele é uma pessoa bastante respeitada e seguida, por isso trouxemos ele aqui. Além disso, ele mesmo é um caso de sucesso. Queremos entender como ele começou a história dele e como ele começou essa transformação. A primeira pergunta é: o que te levou a começar uma mudança alimentar? Por que você chegou a pensar a alterar sua alimentação e sua forma física? Qual foi o gatilho que te fez acordar para sua saúde?

Hilton Sousa: Durante a infância eu era uma criança razoavelmente gordinha. Mas durante a adolescência eu emagreci bastante. Mas quando eu entrei para a faculdade e vieram todas as cervejas, pizzas e chocolates, eu engordei muito de uma vez. A minha primeira abordagem na época foi parar de beber e parar de comer carne. Eu fiquei um tempão fazendo isso e realmente emagreci bastante. Na época eu praticava muita capoeira. Com isso eu voltei ao peso que eu tinha antes de entrar para a faculdade e o mantive. Mas em 2007 eu tive um acidente e machuquei o ombro. Por conta disso minha atividade física parou. Com isso, meus níveis de ansiedade subiram muito e eu voltei a comer toda aquela porcariada de sempre. Rapidamente eu ganhei entre 12 e 14 quilos. Eu cheguei a procurar uma nutricionista convencional, que me receitou a loucura de sempre: comer de 3 em 3 horas, tudo integral e malhar muito. Não deu certo, obviamente. A gente não adere a isso. Não tem como ficar passando fome para sempre. Eu comei a pesquisar e um dia meu amigo me mandou um artigo do Arthur de Vany, que me levou para o site do Mark Sisson. A partir daí eu comecei a querer entender como a coisa funcionava. Como eu sou de área das exatas, eu me propus a fazer um experimento comigo mesmo. “Já que o que eu estou lendo contraria tudo o que eu acredito, vou fazer um teste por uns 3 meses, com exames antes e depois.” Para mim deu muito certo. Em 2 meses eu já tinha emagrecido 8 quilos. A partir daí foi só jogar o sapo na água, como dizemos por aqui. Aquilo se transformou no meu estilo de vida e já estou nessa há 4 anos. Sendo objetivo e respondendo sua pergunta: o que me trouxe a isso foi minha vontade de perder peso – mas não só isso. Eu sofria de azia crônica. Eu consuma um tubo de sal de frutas por quinzena. No dia que eu mudei minha alimentação isso desapareceu e nunca mais voltou. Se eu comer um prato de torresmo hoje, não tenho azia.

Rodrigo Polesso: Quanto tempo demorou entre você começar a procurar soluções para emagrecer até você ter encontrado a luz? Por “a luz” eu me refiro ao Mark Sisson.

Hilton Sousa: Meu amigo me mandou esse email na metade de 2012. Eu só fui começar a pesquisar em fevereiro de 2013. Foi quase um ano de indecisão.

Rodrigo Polesso: Você manteve as coisas tradicionais durante esse tempo então.

Hilton Sousa: Na verdade eu tentei. Quando eu decidi que precisava perder peso, procurei uma nutricionista e ela tirou uma dieta pronta da gaveta e me deu. Eu li, tentei a dia por 2 dias e falei “não dá para ficar comendo isso, não.”

Rodrigo Polesso: Eu também fiz isso no início, em 2009. Eu fui numa nutricionista e me também me prescreveu a comida de 3 em 3 horas. Eu comia couve, sanduíche integral, peito de frango, brócolis… tudo sem gordura, sem sal… isso foi parecido com o que foi sugerido para você?

Hilton Sousa: Basicamente era isso mesmo. Tudo light, pão integral, sem gordura… o de sempre.

Rodrigo Polesso: A famosa “dieta do isopor”.

Dr. Souto: Mesmo gosto e mesma saciedade de um isopor.

Hilton Sousa: Exatamente. Durante bastante tempo da minha vida, minhas refeições grandes eram refeições boas. Eu comia bastante carne e salada. Mas eram sempre carnes magrinhas e saladinhas. O que me matava eram as sobremesas, que sempre tinham. O café da manhã era sempre granola com leite ou biscoito recheado com leite. O jantar era sempre sanduíche, pão de queijo.

Dr. Souto: Quando atendemos os pacientes e perguntamos “como é sua alimentação?” E a pessoa diz “eu tomo café da manhã, almoço… mas à noite eu como uma refeição mínima, só um sanduíche.” Ou seja, a pessoa à noite come só a glicose.

Rodrigo Polesso: Elas tipicamente já levantam comendo glicose também.

Dr. Souto: Exatamente.

Rodrigo Polesso: Hilton, quando você começou a mudança, você disse que em 2 meses notou uma grande diferença. Você começou com um low-carb mais estrito? Como foi esse começo?

Hilton Sousa: Na verdade nem foi tão estrito assim. Esse meu caminho foi todo feito na marra… porque na época a gente não tinha tantas fontes de informação. Fui conhecer o blog do Dr. Souto quando eu já tinha quase 1 ano de dieta. A minha referência sempre foi o Mark Sisson. Na época, talvez por um pouco de desatenção minha, eu não pesquisei muitas receitas. Eu sabia o que comer, mas não me preocupei em fazer pãezinhos, bolinhos e esse tipo de coisa. Então eu basicamente fazia três almoços por dia. Eu comia carne e salada de manhã, no almoço e na janta – sempre variando, mas era isso. Para as pessoas era um choque. “Como você consegue almoçar uma bisteca gordurosa com salada às 6 horas da manhã?” Nesse ponto eu resgatei as histórias que me pai me contava. Meu pai foi criado no interior, na divisa de Minas com Espírito Santo. Ele me contava que quando ele era criança nos anos 50 eles comiam feijoada de manhã cedo, como café da manhã. É claro que a categoria de alimentos é muito diferente. Mas essa questão de você achar que uma refeição deve ser “isso ou aquilo” é completamente cultural. Eu poderia comer qualquer coisa de manhã. Hoje eu não como mais nada de manhã.

Dr. Souto: Vou reforçar isso que você disse, Hilton. Saiu um artigo essa semana que diz que o café da manhã como é concebido hoje em dia é uma criação corporativa – uma criação da indústria. “Nós precisamos convencer as pessoas de que não se pode comer um peito de frango no café da manhã ou simplesmente não comer no café da manhã. Eu preciso convencer todo mundo de que o café da manhã tem que ser suco de caixinha, leite de caixinha e cereal matinal.” É isso que gira a roda da indústria.

Hilton Sousa: Essa semana eu até soltei um artigo chamado “O café da manhã não tem poderes mágicos”.

Dr. Souto: É esse mesmo, Hilton.

Rodrigo Polesso: Apesar do que eles tentam mostrar para a gente. Se você sugere para uma pessoa que o café da manhã não é necessário, as pessoas acham que estarão dormindo ao meio-dia se não comerem nada de manhã cedo.

Hilton Sousa: O comentário que eu fiz foi exatamente esse. O que empurram para a gente é que se você não tomar o café da manhã você vai engordar, você vai passar mal, sua conta do banco vai ser assaltada e o pneu do seu carro vai furar.

Rodrigo Polesso: É um medo que o pessoal tem.

Dr. Souto: Aqueles que estão nos ouvindo ou que nos leem, devem conhecer o blog do Hilton que é o Paleo Diário. O blog andou tendo um crescimento exponencial de um ano para cá. O que levou você a começar a escrever o blog? Comente um pouco sobre isso.

Hilton Sousa: O que me levou a querer escrever o blog foi tranquilizar minha família. Quando eu anunciei o que estava fazendo, me disseram “você está louco! Suas artérias vão explodir!” É o medo de sempre. Eu falei que estava fazendo um experimento. Meus exames não estavam ruins mas também não estavam bons. Eu esperei 2 meses para fazer exames de novo. Nesse meio tempo eu comecei a traduzir artigos para que minha família ficasse tranquila. Eu não estava fazendo isso porque era louco. Eu tinha embasamento para fazer aquilo. Tudo começou assim. Eu estava querendo traduzir a primeira sequência inicial do Mark Sisson e partiu daí. A resposta objetiva é essa: comecei para tranquilizar a família. Era justamente um diário do que eu estava fazendo. Comecei a colocar minhas fotos e variação de peso. Lá eu tenho todos os meus pesos anotados diariamente entre primeiro de março de 2013 e hoje. É engraçado ver como a curva de peso cai até chegar o setpoint. A partir daí ela não varia mais. Esse tipo de dieta não te faz emagrecer, ela te faz ter o peso que você está preparado para ter. Você vai perder até chegar no peso que seu corpo quer – depois que você chegar lá, acabou.

Rodrigo Polesso: Muito bom. No início, quando você começou a alterar seu estilo de vida, qual foi a mudança que você achou mais desafiadora?

Hilton Sousa: Eu nunca fui muito exigente com comida. Eu gosto de comida gostosa, óbvio. Principalmente a parte doce foi a mais complicada. Eu continuei mantendo a cerveja por um ano mais ou menos e depois eu abri mão dela também. Já tem quase 3 anos que eu não tomo cerveja. Muitas pessoas falam que é impossível ficar sem tomar cerveja. Não é, mas eu pensava assim também. Eu pensei assim durante muito tempo da minha vida. Não que eu fosse um alcoólatra que vivesse caído na rua, mas eu gostava de beber cerveja. Mas não faz mais falta.

Rodrigo Polesso: As pessoas têm muitas crenças. “Não consigo viver sem pão, sem cerveja, sem doce.” É muito fácil de se testar isso. Pegue uma tenda de acampamento, vá para o meio da floresta e fique lá um mês. Vamos ver se você sai vivo ou não. Você verá que você não precisa – não é necessário esse tipo de coisa. O pessoal hoje em dia é mimado em achar que precisamos ter alimentos processados. Há um tempo atrás não existia indústria, alimentos processados, cerveja… e o ser humano tem 2,5 milhões de anos.

Hilton Sousa: Eu sempre repito a questão do benefício da dúvida. As pessoas não estão dispostas nem a tentar. Temos que desconstruir o medo das pessoas. O desfecho das conversas é sempre o mesmo. Quando você mostra para as pessoas de onde o medo dela vem… o que a indústria faz, as pesquisas, a influência do Guia Alimentar Americano a partir da década de 70… chega num ponto que você esbarra na fé – a “nutrireligião”. A pessoa acredita porque acredita. Não adianta falar um milhão de coisas que ela não vai mudar de opinião. É triste e vemos essa história se repetindo. Não só em termos de nutrição. A mentira repetida vezes suficiente se torna uma verdade. A minha vó completou 100 anos esse ano. Ela comentou comigo que descobriu o óleo de soja na década de 70. Até então ela sempre cozinhava com banha. Hoje em dia ela usa óleo de soja.

Rodrigo Polesso: A religião dela era inversa. Ela tinha ceticismo com o óleo de soja, não com a banha.

Hilton Sousa: Exatamente. Quando você tenta desconstruir o que é “normal”, tem gente que fala que “realmente, antigamente era diferente.” Outros discordam e falam que a expectativa de vida está aumentando. Mark Twain dizia que é mais fácil você enganar uma pessoa do que convencê-la de que foi enganada.

Rodrigo Polesso: Exatamente. Mark Twain é um dos meus favoritos.

Dr. Souto: Você falou sobre o “mimimi”… sobre a dificuldade de largar um pão. Eu lembro especialmente das nossas ouvintes mulheres que já foram mães ou que estão grávidas; no momento em que a mulher descobre que está grávida, ela imediatamente larga a bebida alcoólica e o cigarro. Por que isso? Porque ela tem um objetivo muito maior. Ela está protegendo aquela outra vida que está gerando e aquilo é muito mais importante do que o “mimimi” pessoal de sentir falta da cerveja ou do cigarro. A conclusão é que existe uma falta de amor próprio nas pessoas. Quando e pensando no filho, ela larga a bebida e o cigarro imediatamente. Mas porque não conseguem fazer a mesma coisa pensando em si? As pessoas devem se amar um pouco também.

Rodrigo Polesso: Tudo é possível se a vontade de atingir o que você quer é grande o suficiente – isso significa estar disposto a pagar o preço para atingir aquilo. Se a pessoa não quer tanto assim ficar em forma, ela ficará de “mimimi”. Mas chegando no ponto de “ou você emagrece ou você morre”, a pessoa não ficará tanto de “mimimi”. Ela pensará em coisas que ela pode fazer agora para mudar o estilo de vida. É uma questão de quanto você quer chegar no seu objetivo.

Dr. Souto: Se a gente conseguisse convencer as pessoas de que elas estão colocando suas vidas em risco da mesma forma que estão colocando a vida do feto em risco, talvez elas possam ter a mesma atitude com a própria vida que têm em relação à gestação. É uma forma de botar a cabeça no lugar certo.

Hilton Sousa: Eu concordo em parte. Vejo casos em que as pessoas escutam “se você não parar de fumar, vai morrer” e o cara morre. “Se você não parar de morrer, você vai morrer” e o cara morre também. Tem um outro ponto que extrapola o psicológico puro. Ele caminha para o rumo da adição. Têm pessoas que não conseguem e a intervenção precisa ser maior. Não acho que são a maioria dos casos, mas certamente eles existem. O cérebro humano tem muita dificuldade em pensar no longo prazo. Somos muito imediatistas. “Se está tudo bem agora, deixa para lá.” As pessoas nunca param para pensar no impacto disso em 10 anos. Eu já vi casos de pessoas que faleceram recentemente por questão de abuso no passado. “Estou comendo minha granola e meus exames estão ótimos. Vocês que estão comendo esse tanto de gordura.” Minha resposta é “conversamos em 20 anos. Em 20 anos reavaliamos nossas posições.” Então a conversa fica travada, pois o argumento é sempre “estou bem agora”.

Rodrigo Polesso: Isso que eu pensei em dizer antes: o problema da alimentação é que ela não causa uma consequência imediata. É uma coisa que vai se construindo ao longo das décadas.

Hilton Sousa: Eu sou estudante de nutrição e tranquei o curso porque meu filho está para nascer.

Dr. Souto: Parabéns.

Hilton Sousa: Muito obrigado.

Rodrigo Polesso: Parabéns.

Hilton Sousa: Obrigado. Em sala de aula eu tive professores muito abertos, que estavam dispostos a ouvir o que eu tinha para dizer, ainda que não concordassem. Mas eu tinha também um ou outro que não queria nem ouvir. O argumento deles para mim era sempre esse… ele usava meu argumento contra mim: “Você está bem agora. Mas e daqui há 20 anos?” A nutrição de mata devagar. Isso poderia ser uma questão de fé se não fosse o tanto de artigos que estou te citando. Eu não preciso de fé para acreditar nisso, pois tenho evidências. Mas os outros estão acreditando por fé pura. Eles não têm evidências.

Dr. Souto: Você era da área de exatas e agora está fazendo nutrição. Como foi o desejo de entrar nessa área? Conte para nós.

Hilton Sousa: Foi bastante gradual. Na medida que o blog foi se desenvolvendo e fui estudando… um dia minha sogra falou para mim: “Você está tão envolvido com isso, por que você não estuda formalmente?” Minha formação de exatas me abriu muitas portas e continua abrindo até hoje. É muito bom saber a rede de computadores e programação. É muito prático. Mas minha vontade de fazer coisas novas está dentro da nutrição. Então, eu decidi fazer o curso. Eu estava na metade do quinto período quando tive que trancar. Pretendo voltar ano que vem e vamos ver como isso se desenrola com a chegada do meu filho.

Dr. Souto: Você disse que alguns professores não estão abertos. Mas você chegou a comentar que conseguiu mudar a perspectiva de alguns professores e colegas. Essa é uma das partes mais fantásticas da sua experiência.

Hilton Sousa: No primeiro período eu já cheguei com a minha bagagem pronta. Então, tive esse conflito direto com meus colegas. Todos já chegam no primeiro período com a bagagem pronta também. Todo mundo já sabia que tem que comer de 3 em 3 horas e comer tudo sem gordura. Quando eu falava, eu era o louco da turma. À medida que fomos desenvolvendo a amizade entre colegas, um colega de turma decidiu tentar também. Ele leu o livro do Taubes e em 6 meses perdeu 20 quilos. Então, as pessoas não me acharam mais tão louco assim. Eu sempre tenho evidências para me suportar, mas as pessoas me ouvem e decidem não acreditar. Eu tinha professor de fisiologia que comentou alguma coisa sobre dietas de proteína. Eu comentei que não precisamos comer glicose para termos glicose em circulação. A conversa ficou por isso mesmo. Um mês depois ele veio nos explicar o processo de glicogênese – a fabricação de glicose pelo fígado. Eu disse: “Você lembra daquela aula lá atrás que você ficou meio ‘assim’? Agora é você que está fazendo isso comigo.” Aí ele falou: “Será que a glicose seria suficiente?” Eu disse: “Nos livros de bioquímica as coisas estão explicadas.” Ele ficou mexido com isso. Ele começou a praticar a dieta por um tempo e perdeu uns 5 ou 6 quilos. Depois, ele acabou se desligando da faculdade e não tive mais contato. Mas eu percebo que os professores que não são formados em nutrição – principalmente os bioquímicos e microbiologia – as coisas parecem se encaixar para eles. Mas para os professores de nutrição, isso é um pouco mais difícil. Minha professora de bioquímica fez o doutorado dela na Suécia. Durante uma aula, ela falou sobre “a loucura que era fazer exercício em jejum”. Aí eu falei: “Mas e uma pessoa que já está adaptada, em estado de cetose?” Ela disse: “Mas em cetose seus níveis de acidez vão subir muito.” Eu peguei um livro de bioquímica. Cetose não é cetoacidose. Krebs mostrou isso em 1950. Eu a relembrei o que é um corpo cetônico e como ele funciona. Ela fez uma cara de “é mesmo.” É incrível isso… a pessoa tem o conhecimento, mas está circundada pelo ambiente profissional falando uma coisa oposta ao que ela já sabe… parece que ela esquece daquilo. Eu perguntei para ela: “Você sabia que na Suécia, onde você fez seu doutorado, desde 2008 o governo reconhece a dieta de baixo carboidrato como no mínimo tão saudável quanto?” Aí ela falou que não. A coisa foi se desenrolando desse jeito. Os professores que não são de nutrição são muito mais tranquilos para se conversar. A maioria dos professores de nutrição estavam muito abertos mas espelhavam os alunos. Por exemplo, estávamos numa aula sobre fibras. Eu mostrei estudos prospectivos que mostravam que ingestão de fibra não estava associada com proteção ao câncer e outas coisas. O professor pediu para que pudesse ler os artigos. Ele leu, mas não “desfalou” o que tinha falado. Outra situação… numa aula de nutrição o professor disse “se você ficar déficit calórico de 500 calorias por dia, em uma semana você perderá 1 quilo.” Eu falei “1 quilo de gordura ou 1 quilo de músculo?” O professor disse “não sei.” Eu falei “se você não sabe o que está perdendo, pode estar arriscando muito. Além disso, de onde vem essa fórmula?” A referência estava num livro que tinha a referência de outro, que tinha referência de outro… e no final não estava baseado em estudo nenhum. Alguém um dia falou que se você comer 3500 calorias por semana isso fará você perder meio quilo. Então, a pessoa pode até entender o que você quer dizer e não discutir com você, mas ela não repassa isso. No Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014 – feito pela USP – não se fala mais em pirâmide alimentar. Ou seja, o Guia do Ministério da Saúde não mostra mais isso. Tem uma palestra do Carlos Monteiro, que é um dos caras que escreveu o guia de 2014. Ele é taxativo – tem um slide da palestra dele que ele mostra a pirâmide alimentar com um X vermelho. Não existe mais pirâmide alimentar. O Ministério da Saúde do Brasil não reconhece isso. Mas o que a gente aprende em sala de aula? Pirâmide alimentar. O que está colado na parede da escola da minha filha? Pirâmide alimentar. Quando é que o conhecimento vai se filtrar para o mundo acadêmico e escola de base? Agora não são mais os loucos da internet falando, é o Ministério da Saúde do Brasil.

Dr. Souto: Esse é o momento ideal para eu relembrar. Dr. Steven Nissen, chefe da cardiologia da Cleveland Clinic disse com todas as letras “a nutrição se tornou uma área livre de evidências”. Isso não é comum. Isso não acontece em todas as áreas da ciência da saúde. É um fenômeno bizarro, difícil de se explicar que só a sociologia daqui algumas décadas olhando para trás consiga dizer o que criou essa redoma que protege as crenças religiosas nutricionais da influência da evidência científica. É um fenômeno difícil de se explicar. Você bem disse… os professores que são cientistas (de bioquímica, de fisiologia) aceitam as evidências. Mas os professores da nutrição estão imbuídos desse pensamento semelhante a uma seita. Lembra muito aquelas seitas fechadas onde as pessoas não têm contato com o exterior, só leem o jornal publicado dentro da própria seita, só entrar em contato com membros da própria seita… aquelas seitas que todos se suicidam juntos. Esse é o comportamento atual. Aos poucos, com influências – como essa sua – isso vai mudar e será um estudo de caso sociológico.

Rodrigo Polesso: É isso que eu ia dizer. Graças a pessoas como o Hilton e como a Patrícia também, esse tipo de influência vai acabar uma hora ou outra mudando. O problema é que mesmo se os professores começarem a ensinar a coisa certa, isso vai demorar um bom tempo até se tornar uma nova realidade. A distância do conhecimento novo da ciência até o conhecimento ensinado no colégio da criança, é uma distância muito longa.

Hilton Sousa: Eu tive conversas mais particulares com professores. Alguns deles falaram que comem pouco carboidratos, têm uma dieta mais rica em gordura, mas não podem ensinar, porque o Ministério da Saúde não corrobora. Alguns realmente não ensinam por achar que está errado, mas outros não.

Dr. Souto: Mas é uma posição covarde.

Hilton Sousa: Eu não diria covarde com tanta ênfase. Na prática todo mundo tem que colocar seu pão em casa. A profissão de professor no Brasil é uma profissão ingrata. Eu tive uma professora no semestre passado que me ensinou nutrição e metabolismo. Ela vem de uma geração de nutricionistas mais novos. O doutorado dela trata de pessoas obesas com volumes de gorduras mais altos. Eles não ultrapassam o máximo recomendado, mas estão tendo resultados excelentes. Eu percebi atritos entre essa professora e outros professores. O pessoal acha que o que ela faz é absurdo. Para o nosso nível de presença de gordura na dieta ainda está pouco. Mas ela sofre por isso. Já ouvi mais de uma vez, através de terceiros, que ela estava sendo criticada.

Dr. Souto: Ou essa cultura muda, ou a nutrição como área de estudo se tornará cada vez mais secundária e relegada à sua situação de irrelevância. Vivemos num mundo no qual as pessoas têm acesso à informação de outras formas. Então, as pessoas vão começar a ter um contato especialmente através da mídia estrangeira. Existem pessoas – como você, Hilton – que traduz muitas coisas para as pessoas que não leem em inglês. Aos poucos o campo será relegado a uma situação de pouca relevância dado ao fato que não obtém resultados.

Hilton Sousa: Existem muitos nutricionistas e médicos que me procuram para saber onde pesquisar fontes. Eu acho que acontecerá uma mudança de dentro para fora. A ciência não muda porque as pessoas são iluminadas, ela muda porque as pessoas se aposentam e/ou morrem. A nova geração vai se sair melhor. Eu tenho certeza de que meus colegas, apesar de não acreditarem em tudo o que eu fale, ficam com uma pulga atrás da orelha, porque foram dois anos e meio de eu buzinando. Não teve uma aula que eu não tive uma objeção. Muitos me achavam um chato, mas vários estavam com as orelhas abertas.

Rodrigo Polesso: Essa nova geração vai mudar. A nutrição vai voltar a ser uma área de destaque. Vários autores falam isso. Quando esses dinossauros vierem a falecer, essa nova geração já está com bastante gente de influência para começar a se modificar de uma forma legal. É legal saber que sua vida está inserida numa área educacional. É legal saber como é realmente nadar contra a maré.

Hilton Sousa: Eu li que a nutrição de hoje equivale à medicina do século XV. Certamente a medicina do século XV era melhor do que a medicina do século XII. Mas você não iria gostar de ser operado hoje por um médico do século XV.

Rodrigo Polesso: Exato. A gente poderia falar o dia inteiro sobre esse assunto. Foi bem legal essa tangente que a gente saiu, porque pudemos ver como é para quem está dentro tentando mudar o paradigma atual de nutrição. Vamos falar do Alimento do Dia, como tradicionalmente falamos. Falaremos sobre o aspargo. Ele marca o início da primavera. Aqui está começando o verão já, mas no início da primavera todo mundo começa a vender aspargos. Dizem que o aspargo foi inicialmente cultivado no Egito há mais de 2000 anos atrás. Um afrodisíaco natural baseado em aspargos foi descoberto no século XVI, num livro chamado “manual do amor”. Ele é cheio de antioxidantes e possui um perfil de micronutrientes bem completo. Ele é perfeito também para as três fases do código emagrecer de vez – é um alimento de verdade, um vegetal, um legume. Eu descobri que adoro ele. Fui numa feira de fazendeiros que o pessoal que vende é o pessoal que cria e comprei um ramo. Fiz na frigideira com manteiga e sal… e é muito gostoso! Não precisa colocar mais nada.

Hilton Sousa: Eu faço ele grelhado enrolado no bacon. É muito bom.

Rodrigo Polesso: Aí começa a brincadeira séria! Então fica como dica… o pessoal pode incluir esse alimento na dieta. É altamente saudável, fácil de se preparar e gostoso. No Brasil eu só fica o aspargo branco em compota.

Dr. Souto: Não que não possa comer em conversa, mas o verde fresco é melhor. O em conserva não tem graça e é meio gosmento. O verde é crocante e amolece na manteiga. É um espetáculo.

Rodrigo Polesso: É muito bom. Fica a dica para o pessoal experimentar principalmente na época de primavera, que tem os aspargos mais frescos. As aspargos eram anabólicos! Eram enormes. Nunca tinha visto um aspargo daquele tamanho – parecia uma cana. O segundo tópico é sobre o ser humano de 210 anos. Vou embasar essa história. Eu estava vendo um documentário que estava analisando a vida de um dos cachorros mais velhos do mundo. Ele veio a falecer agora na Austrália. Era um cachorro chamado Maggie e morreu com 30 anos. A média de vida dos cachorros – segundo os estudos – é de 11 anos. A gente costuma dizer que 1 ano canino é equivalente a 7 anos humanos. Foi daí que tirei a ideia dos 210 anos – o ser humano poderia viver proporcionalmente até 210 anos. É uma brincadeira para captar a atenção. Veja que interessante o que esse documentário mostrou. Eles entrevistaram o dono desse cachorro, que viveu com o cachorro por 30 anos. Veja como a vida do cachorro tem muitas coincidências com o que a gente propõe. Primeira coisa é que o cachorro tinha uma vida ativa. O cachorro não corria na esteira – como já vi em outros documentários. Às vezes o dono é tão gordo que não consegue levar o cachorro para passear, então usa a esteira para fazer o cachorro correr – acho isso muito triste. Esse cachorro vivia uma via ativa na fazenda ajudando a rebanhar o gado e as ovelhas duas vezes por dia. A segunda coisa – ao contrário do que a maioria das pessoas faz – é que a alimentação desse cachorro não era baseada em ração. Como ele era um cachorro de fazenda, ele comia retalhos de carne. Ele comida também ossos grandes. De vez em quando ele comia legumes como couve-flor ou cenoura. Outra coisa era que o cachorro tomava leite 2 vezes por dia – mas era o leite que saía direto da vaca. Mas a dieta do cachorro era baseada em carne e osso. O cachorro, então, tinha uma alimentação forte, baseada em comidas de verdade. Veja só o paralelo – vida ativa e alimentação. O terceiro ponto é o mais impressionante. Perguntaram para o dono do cachorro um hábito que ele sugeriria para as pessoas que têm cachorro para que um cachorro viva bem mais. O dono disse: “Não alimente seu cachorro demais.” Esse cachorro comia no máximo 2 vezes por dia; de vez em quando ele comia uma vez só. Em outras palavras, esse cachorro fazia jejum intermitente naturalmente.

Dr. Souto: E não ficou diabético!

Rodrigo Polesso: Não ficou diabético e morreu com 30 anos! O dono desse cachorro não é um especialista em nutrição. Ele é um fazendeiro.

Dr. Souto: Sorte do cachorro.

Rodrigo Polesso: Vamos pensar como a vida desse cachorro cria um paralelo com o que a gente propõe. Primeiro: uma vida ativa. O exercício vem como uma necessidade de diversão, por exemplo. Se você leva o cachorro para passear, você tem uma vida ativa e se exercita como consequência de uma diversão. Segunda coisa: uma alimentação forte. Uma alimentação baseada em alimentos verdadeiros e não em ração. Hoje em dia é mais comum os cachorros comerem ração. O dono abre o saco, joga a ração no prato e está pronta a comida. Nós, seres humanos, somos iguais. Ração humana é todo alimento que vem empacotado (farináceos, açúcares, sobremesas). Nós estamos acostumados a comer ração de ser humano, porque é prático. O terceiro ponto é o jejum intermitente. Precisamos dar um nome para “jejum intermitente” porque é uma coisa que parou de ser comum. Isso antigamente era a norma – as pessoas comiam quando tinham fome e tinham um período de jejum naturalmente. O cachorro fazia isso também. Ele não tinha sempre um pote de ração preparado. Esse cachorro de 30 anos comia 2 vezes por dia e às vezes não queria comer a segunda vez. Então, vida ativa naturalmente, alimentação forte (alimentos reais) e jejum intermitente. Olha só que paralelo incrível. O cachorro saiu da média de viver 11 anos para viver 30 anos de idade até falecer naturalmente dormindo (que é o que todo mundo gostaria que acontecesse).

Dr. Souto: Muito interessante.

Rodrigo Polesso: Fiz até um vídeo no Facebook a respeito disso. Geneticamente não somos tão diferentes assim do cachorro. Esses hábitos são exatamente o que propagamos aqui. Não deixe o corpo o tempo inteiro em estado anabólico. Dê uma folga para o corpo poder se reciclar e fazer a autofagia dele. Estamos o tempo inteiro em modo anabólico, comendo a cada 3 horas e comendo ração em vez de comida de verdade. Achei legal trazer essa experiência que esse cachorro teve. O mesmo acontece com pessoas de grande longevidade – o pessoal do Japão em Okinawa e algumas tribos isoladas. Eles se beneficiam de uma vida ativa, vindo a falecer naturalmente e não começando a falecer aos 40 anos de idade. Isso não é normal só porque a maioria das pessoas vivem esse tipo de vida.

Dr. Souto: Hoje saiu um artigo novo que avaliou um número muito grande de mulheres que tiveram câncer de mama. Esse artigo verificou quanto tempo essas mulheres ficavam em jejum – não porque queriam fazer jejum intermitente, mas jejum espontâneo. O estudo mostrou que em pacientes com câncer de mama, as que ficavam pouco tempo em jejum (comiam antes de dormir e comiam logo depois de acordar), isso estava associado a um aumento de 36% no risco do câncer de mama voltar e um aumento de 21% na probabilidade de morrer da doença quando comparado com as mulheres que ficavam mais de 13 horas em jejum. É tão raro que as pessoas fiquem algum momento sem comer que temos que chamar essa ação de “jejum”. Mas seria normal não comer o tempo todo – as pessoas poderiam jantar às 8 da noite e comer novamente às 8 da manhã. Isso já seria 12 horas de jejum. As pessoas que fazem um jejum de mais de 13 horas têm uma chance menor do câncer voltar. Fica a dica, então. Não só não causa diabetes como pode diminuir o risco de câncer de mama. Já falamos sobre isso em outro podcast quando falamos sobre câncer. As células de câncer gostam muito de açúcar.

Rodrigo Polesso: Tiveram muitas associações positivas entre jejum e várias coisas. Um jejum de 12 horas sempre foi um jejum natural na história do ser humano. É só jantar às 8 e comer o café às 8 da manhã. Vamos pensar na vida moderna de hoje. A pessoa trabalha o dia inteiro. Se a pessoa pega trânsito, ela chega em casa tarde e come às 8. Depois, ela come um lanche da noite às 10 ou 11. Meia-noite ou 1 da manhã ela vai dormir.

Dr. Souto: Talvez ela nem queira comer o lanche da noite mas tem que comer “porque é saudável”.

Rodrigo Polesso: O “melhor” seria comer o tempo inteiro através de um cano tipo num filme de ficção científica! Mas pensando nessa rotina, as pessoas comem às 11 da noite, acordam às seis, tomam um café rápido e correm para o trabalho. Então foram somente 7 horas sem comer – isso porque as pessoas não conseguem comer dormindo.

Dr. Souto: Um adesivo transdérmico de comida!

Rodrigo Polesso: É ficção científica mas não é tão longe da verdade. Veja só a dificuldade que é fazer um jejum mínimo de 12 horas que era aceito antigamente. Se você tem cachorro em casa, vale usar esse conhecimento sobre a vida canina. Pense no que você está alimentando seu cachorro e no estilo de vida que ele está seguindo.

Hilton Sousa: Eu tinha lido um artigo que falava sobre essa questão da frequência alimentar. Quando eu argumentei isso com o professor, ele falou que até meados dos anos 90 os nutricionistas só passavam 3 refeições por dia. Depois, “magicamente”, alguns determinaram que eram 6 ou 8. O primeiro ponto foi como essa determinação foi feita. No início dos anos 90 teve um movimento para aumentar a ingestão de frutas para combater o câncer – isso magicamente virou comer de 3 em 3 horas. O segundo ponto é como é fácil para o profissional que está na área ouvir um órgão maior que diz “o que você estava fazendo antes estava errado, agora é assim”. As pessoas simplesmente aceitam. Muitas vezes o pensamento crítico se perde.

Rodrigo Polesso: Sim, com certeza.

Dr. Souto: O problema básico é o pensamento crítico.

Rodrigo Polesso: O problema é a força da autoridade. Imagine você ser um professor numa universidade federal e começa a propagar uma informação que contradiz o que o governo diz. Eu imagino que deve ser bem difícil para um professor que depende daquilo para viver. Se alguém disser que esse professor está fazendo algo que vai contra o governo, poucos defenderão essa pessoa. Tem muita gente que é covarde e não quer arriscar falar algo que é diferente. Mas por outro lado tem essas pessoas que receberão uma opressão bastante pesada.

Dr. Souto: Eu penso que a pessoa amparada em alto nível de evidência não vai se dar mal, mas vai ter trabalho. Vai ter que sair da zona de conforto.

Rodrigo Polesso: E muita gente não está disposta a isso.

Hilton Sousa: Toda vez que eu lembro do Samuel Weiss, meu coração dó.

Dr. Souto: Eu espero que a gente já esteja um pouco mais evoluído da ciência do século XIX.

Hilton Sousa: O poder da mídia ainda é muito grande.

Rodrigo Polesso: Acho que devemos continuar fazendo o que estamos fazendo e natureza vai naturalmente se regulando. Estamos no melhor ponto da história desde o começo dessas porcarias. Acho que estamos começando um ponto de virada onde a inércia está conseguindo força suficiente para continuar por si só. Quero perguntar para vocês agora o que vocês comeram no almoço passado.

Dr. Souto: O almoço eu nem me lembro porque a janta foi ótima. Foi falar da janta. Ontem eu fui na festa dos meus colegas de colégio. Me formei no colégio em 1987. Foi um churrasco. Churrasco é fácil. A única coisa que não comi foi o pão com alho. Foi um belo churrasco de vários cortes de carne.

Rodrigo Polesso: Ótimo. Hilton, o que você degustou?

Hilton Sousa: No almoço ontem eu comi bife de fígado, barriga de porco assada, caldo de abóbora com frango e de sobremesa maça e pasta de amendoim. Bebi água para empurrar.

Rodrigo Polesso: Que maravilha. Eu adoro fígado, mas muitas pessoas viram o nariz quando eu falo de fígado. De 10 pessoas 9,5 não gostam!

Hilton Sousa: Eu preciso comer fígado 2 vezes por semana no mínimo.

Dr. Souto: O Hilton disse que usa água para empurrar. Muitas pessoas perguntam se não vai fazer mal beber líquido durante as refeições. Não sei direito de onde saiu isso.

Rodrigo Polesso: A gente sentiria aversão à água se não precisasse tomar água durante a refeição. Muitas vezes o que nos traz de volta ao para o chão é pensar no paradigma evolutivo. Assim a gente logo percebe o que pode e o que não pode. Essa questão da água parece bastante óbvia.

Dr. Souto: Eu quero saber o que você comeu.

Rodrigo Polesso: Eu fiz jejum (estou brincando). Eu fiz um mexido com carne moída. Sou muito prático na cozinha. Eu abri a carne moída, coloquei-a na frigideira com manteiga e coloquei uma mistura de legumes que eu compro congelada. Eles congelam esses legumes assim que eles colhem, então eles vem com bastante qualidade. Minha mãe disse que quando compra no Brasil ele fica mole. Acho que depende do processo. Aqui eles fazem o “flash frozen”, congelando-os bastante rapidamente.

Dr. Souto: Eles têm que ficar a vácuo.

Rodrigo Polesso: Também tem o transporte. Se o legume descongelar e congelar novamente, as fibras vão se alterar. Eu faço a carne moída na manteiga e jogo essa mistura de legumes. Eu gosto bastante de açafrão, alho e cebola. Para mim essa refeição está ótima. Rápida e nutritiva. Pessoal, essa conversa foi excepcional. Faça parte da Tribo Forte para aproveitar as receitas que a Patrícia está colaborando. Tem muito conteúdo extra lá dentro. Para as pessoas que querem emagrecer através de um programa estruturado que segue todas essas bases científicas é só acessar o CodigoEmagrecerDeVez.com.br. Espero que essa conversa tenha ajudado. Falamos sobre muitas coisas interessantes. Hilton, foi muito legal te ter aqui para saber como é sua vida dentro da nutrição. Foi legal saber da sua transformação também. Foi muito legal e proveitoso. Agradeço o tempo de vocês dois. Espero que o pessoal tenha curtido. A gente se vê no próximo episódio na próxima terça-feira. Um bom dia para vocês dois.

Dr. Souto: Bom dia.

Hilton Sousa: Bom dia, Rodrigo. Obrigado novamente pelo convite.

Rodrigo Polesso: Até mais. Grande abraço.

Dr. Souto: Abraço.

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