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No Episódio De Hoje:

No episódio de hoje iremos tratar principalmente de 2 assuntos recentes:

  • Estudo mostra que os corações mais saudáveis do mundo estão na tribo Tsimane que vive na Bolívia e tem sua dieta composta de 72% carboidratos, segundo estudo. Como é possível?
  • Estudo mostra que o consumo de ovos e laticínios integrais está associado a menor risco de diabetes. Veremos mais sobre isso…
  • O que comemos na última refeição.

Espero que aproveite este episódio ?

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Referências do Episódio

Matéria no G1 sobre a tribo Tsimane e a saúde dela.

Matéria falando dos ovos e diminuição de diabetes.

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Hoje eu quero começar com uma frase: “Uma nova verdade científica não porque convencemos seus oponentes e fazemos eles verem a luz, mas triunfa sim porque seus oponentes eventualmente morrem e uma nova geração familiar com a ideia cresce.” Quem disse isso foi Max Planck. É uma frase genial. Ela está para refletirmos sobre a realidade do mundo nutricional de hoje. Eu queria abrir com isso para a gente refletir um pouco sobre isso. Bem-vindo ao episódio 55 da Tribo Forte, o podcast número 1 do Brasil em saúde, boa forma e estilo de vida saudável. Dr. Souto, tudo bem por aí? Que frase sensacional, não é?

Dr. Souto: Essa frase é sensacional. Todo bom, Rodrigo? Muito boa tarde aos ouvintes. É uma frase sensacional e conhecida. Ela reflete o que frequentemente acontece especialmente nos meios acadêmicos. Aqueles que estão nos ouvindo no podcast… Vocês não precisam morrer. Vocês conseguem mudar de ideia refletindo sobre as novas evidências. O que o Planck está querendo dizer é que às vezes as pessoas estão tão imbuídas daquela ideia que elas defenderam a vida inteira… Em cima das quais elas construíram suas carreiras acadêmicas… Que mudar realmente se torna muito difícil. Então, as pessoas vão se aposentando e novas cabeças tomam seus lugares nas universidades. A gente espera que é isso que aconteça. Acho que já estamos vendo essa mudança acontecendo aos poucos.

Rodrigo Polesso: Só vou dizer o seguinte… Todo mundo sabe o que aconteceu com os dinossauros. Para adicionar a essa previsão pessimista aí. Hoje falaremos de dois assuntos principais. Um deles é uma notícia que saiu na mídia… Um monte de gente fez pergunta… Sobre essa tribo indígena da Bolívia que tem uma alimentação alta em carboidrato e tem os corações mais saudáveis do mundo. O pessoal tem muita dúvida a respeito disso. Temos umas mensagens cruciais para as pessoas saberem sobre esse assunto. Também falaremos mais sobre um estudo que foi publicado dizendo que o consumo de ovos e laticínios pode diminuir o risco de diabetes. Mas tem mais sobre essa história e falaremos mais sobre isso. Agora vou dar uma introdução sobre essa questão dos corações saudáveis dessa tribo indígena para o pessoal ficar na mesma página e podermos abrir a discussão. Saiu uma manchete no Globo.com: “Corações mais saudáveis do mundo estão em povoado indígena na Bolívia, indica estudo. Pesquisa revela que nenhum tsimane, povo que vive nas florestas no norte do país, tinha sinais de artérias entupidas – inclusive aqueles com idade avançada.” Como é a dieta do tsimane? No que que ela se difere da nossa? “17% da dieta dos tsimane é uma combinação de carnes de porco selvagem, anta e capivara; 7% é composta de peixes frescos, como piranha e bagre; o restante vem da agricultura, como arroz, milho, mandioca e banana da terra; eles também consomem grandes quantidades de frutas silvestres e nozes.” Ou seja, como diz o próprio artigo, “72% das calorias diárias dos tsimane vêm de carboidratos, comparado aos 52% dos Estados Unidos.” É uma dieta bastante alta em carboidratos. “14% vem de gorduras, comparado com 34% dos Estados Unidos.” Eles também consomem muito menos gordura saturada. “Tanto os tsimane quanto os americanos consomem o mesmo porcentual de proteínas (14%), mas o povo indígena come mais carne magra.” Tudo isso que estou lendo é resumo desse artigo. “Os tsimane também são mais bem mais ativos – os homens dão 17 mil passos por dia, e as mulheres, 16 mil. Até os maiores de 60 anos têm um desempenho bem acima do recomendado: 15 mil. Aos 45 anos, quase nenhum tsimane tinha CAC (doença cardiovascualar) nas suas artérias, comparado a 25% dos americanos. E quando atingiram a idade de 75 anos, dois terços dos tsimane não apresentavam nenhuma formação de cálcio no coração, comparado a 80% dos americanos. Gavin Sandercock, professor de fisiologia clínica na Universidade de Essex, no Reino Unido, deu o palpite dele sobre o estudo: “Os tsiname obtêm 72% de sua energia dos carboidratos. E o fato de eles terem os melhores indicadores de saúde cardiovascular já registrados vai de encontro à suposição de que os carboidratos não são saudáveis.” Já o professor Naveed Sattar, da Universidade de Glasgow, deu seu palpite também: “ter uma dieta saudável pobre em gorduras saturadas e repleta de produtos não processados, não fumar e ser ativo ao longo da vida está associado a um risco menor de entupimento de vasos sanguíneos.” Resumo da história… A tribo consumia 72% da energia na forma de carboidratos enquanto os americanos 52%. Pergunta: São os mesmos carboidratos que os americanos consomem? É o mesmo alimento? Será que carboidrato é uma coisa igual no mundo inteiro?

Dr. Souto: Por onde a gente começa? Rodrigo… Então vamos fazer a seguinte pergunta: Dos seguintes três estilos de alimentação, qual que mais se aproximam do que os tsimane comem? A dieta ocidental padrão; uma dieta vegetariana; uma dieta paleolítica. Agora vou reler. Segundo a pesquisa os tsimane caçam a própria comida e comem o que plantam. “O estilo de vida deles guarda semelhanças com o da civilização humana de milhares de anos atrás. 17% da dieta dos tsimane é uma combinação de carnes de porco selvagem, anta e capivara. 7% é composta de peixes frescos, como piranha e bagre. O restante vem da agricultura, como arroz, milho, mandioca e banana da terra, além de grandes quantidades de frutas silvestres e nozes.” Qual dessas dietas é a dieta que os tsimane seguem?

Rodrigo Polesso: É a ideia da dieta paleolítica.

Dr. Souto: É óbvio. Eu poderia pegar esse mesmo estudo e colocar a seguinte manchete… Eu acho que nós devemos fazer um segmento fixo no podcast: “Qual deveria ter sido a manchete?”

Rodrigo Polesso: A gente está fazendo isso automaticamente.

Dr. Souto: A manchete é: “O povo que tem o coração mais saudável do mundo segue uma dieta paleolítica.” Essa é a manchete real. Está escrito ali que eles seguem uma dieta equivalente ao que o ser humano seguida há milhares de anos atrás. É uma dieta composta daquilo que eles mesmos caçam, colhem e plantam. Não tem nenhum alimento processado. Não é uma dieta vegetariana, eles comem porco, anta, capivara, além de peixes como piranha e bagre. Eles também comem aqueles carboidratos que eles plantam como arroz, milho mandioca e banana. Eles não consomem trigo, aveia, centeio, cevada… Não comem pão, não têm açúcar. Então, eles seguem uma dieta paleo. Vocês que estão nos ouvindo querem chegar em, “Mas ela não é uma dieta low carb!”

Rodrigo Polesso: Exatamente, é isso que o pessoal vai querer perguntar.

Dr. Souto: Rodrigo, quem disse que a dieta low carb é um pré-requisito para a saúde humana?

Rodrigo Polesso: Exatamente. Outros estudos já mostraram isso. Okinawa, no Japão… A gente já sabia de tudo isso. Carboidrato de comida de verdade não é algo tóxico. Porém, isso pode ser problemático para quem já…

Dr. Souto: Para quem já está doente. Para quem já tem excesso de adiposidade. Para quem já é pré-diabético, tem síndrome metabólica. O que causa essas coisas não é comer como os tsimane comem. Não importa se eles comem mais carboidratos ou menos. Uma dieta sem alimentos processados… Uma dieta com aquilo que pode ser encontrado na natureza… Caçado ou colhido… Seja ela uma dieta pobre em carboidratos como as do masai na África ou como as dos esquimós… Seja ela uma dieta rica em carboidrato como a dos tsiname, como as do kitavanos, como as dos índios yanomami… Na realidade não se trata de macronutrientes. Nunca se tratou. Não é uma questão de comer low carb ou high carb. Low carb é uma estratégia terapêutica para tratar aquilo que é causado não porque a pessoa comeu carboidrato demais, mas porque ela comeu lixo demais. Resulta que esse lixo frequentemente é carboidrato. Mas não é o carboidrato que os tsimane estão comendo. O que faz com que as pessoas adoeçam é excesso de donuts, de sonho com creme, de churros com doce de leite, pão de pizza, de refrigerante.

Rodrigo Polesso: Como Dr. Jason Fung gosta de dizer… A toxicidade está no processamento do alimento.

Dr. Souto: Exatamente. E ele está no processamento não apenas dos carboidratos, que fique claro. Processamento das gorduras, por exemplo, vai levar a esses óleos vegetais como óleo de soja e canola, que são gorduras e também não são bons para você. Carnes processadas também não estão associadas com os melhores desfechos cardiovasculares ou de saúde. Não sei se é propositalmente ou se é por causa da endemia da ignorância na imprensa sobre a saúde… O pessoal está confundindo as coisas nessas manchetes. Ninguém disse que os carboidratos não são saudáveis. O que todo mundo de bom senso diz é que carboidratos processados não são saudáveis. Por que então que a gente advoga restringir coisas como tapioca e batata? Não advogamos isso para os tsimane. Os tsimane, como acabamos de ler, não são obesos, não são diabéticos. Nos advogamos isso como uma estratégia terapêutica. Vou me permitir ler trechos de uma postagem que eu escrevi em 2013. Então ninguém vai poder dizer que eu escrevi isso só depois que saiu essa reportagem. Quem quiser procurar no blog, ela se chama “Tratamentos e Causas”. Começa assim: “É bastante comum ouvir das pessoas um questionamento que soa mais ou menos assim: ‘se os carboidratos engordam, por que os japoneses, que comem tanto arroz, são magros?’; Ou ‘se o pão e o trigo são problemáticos, por que as pessoas eram bem mais magras antes de 1977, se naquela época já se comia pão?’; Ou ainda ‘os franceses comem mais gordura e têm menos doenças cardíacas e são mais magros, mas eles comem pão – por que então não são gordos’?” Vocês podem ver que esse é exatamente o mesmo tipo de argumento que está sendo feito aqui. Os tsimane comem 72% de carboidratos. Então por que eles não são doentes, gordos e diabéticos? “O problema com este tipo de raciocínio é uma falácia lógica (non sequitur). Observem o seguinte exemplo. Quando uma pessoa está com dor de cabeça, esta dor costuma passar com Aspirina. Isto significa que a causa da dor de cabeça é falta de Aspirina no corpo?” Não. “Quando uma pessoa está obesa, restringir carboidratos costuma resolver o problema. Japoneses comem arroz, que é um carboidrato, mas não são gordos. Isto significa que não é necessário restringir arroz para perder peso. Percebem a falácia lógica? Aquilo que usamos para resolver um problema não precisa ser, necessariamente, a causa do problema. O consumo de arroz, por si só, não causa obesidade na maioria das pessoas.” E com certeza não causa nos tsiname, que comem arroz. “A obesidade pode ter sido causada, por exemplo, pelo consumo excessivo de farináceos e açúcar por vários anos. Mas, agora que você já engordou, e a obesidade já está instalada, a restrição de carboidratos (inclusive de arroz) pode ajudar.” Eu escrevi isso em 2013. Isso é uma coisa tão óbvia. Será que é só ignorância? Ou será que é algo, “Vamos aproveitar desses índios que comem uma dieta paleo e por causa disso são saudáveis para descer o pau na dieta low carb?” É uma coisa terapêutica para pessoas doentes.

Rodrigo Polesso: Exatamente. Uma coisa legal que o Dr. David Lustig falou… A gente tenta defender o pessoal que escuta a gente aqui como a gente pode. A diabetes tipo 2… Ele falou que ele mudaria o nome. Não faz sentido esse nome. Ele chamaria de “doença de alimentos processados”. É uma doença de intolerância à glicose, de insensibilidade à insulina. A gente já sabe que o carboidrato vira glicose na corrente sanguínea e isso estimula a insulina. Se você é uma pessoa doente, e já está obesa, com diabetes… Que sentido faz comer 72% de carboidrato se isso vai colocar mais lenha no fogo? Nenhum. Por isso que o efeito terapêutico de se retirar isso da dieta é tão bom em todos os estudos que a gente vê. Para uma pessoa que é saudável, 72% de carboidratos de alimentos de verdade… Não são alimentos processados. Então, você não vai desenvolver uma doença de alimentos processados comendo alimentos de verdade. Faz todo sentido quando vemos dessa perspectiva.

Dr. Souto: Vou ler outro trecho da mesma postagem. Escutem pensando nos tsiname e na dieta deles que inclui capivara, arroz, batata doce. “Fazendo um paralelo com o exemplo da aspirina, você não engordou por falta de low carb na juventude. Mas uma vez que você tenha engordado, low carb é a melhor solução terapêutica. De uma forma geral, pessoas não engordam mesmo que comam um monte de carboidratos.” Eu escrevi isso em 2013. Não estamos mudando de opinião porque uma tribo indígena come carboidratos. “As pessoas não engordam mesmo que comam um monte de carboidratos, desde que sejam carboidratos mais próximos àqueles com os quais evoluímos – frutas e raízes, até mesmo grãos integrais (embora estes últimos possam ter outras implicações para a saúde que vão além de gordura). Mas depois de feito o estrago, a intervenção (restrição de carboidratos) passa a ser terapêutica.” Eu explicito mais ainda. “Ou seja: uma dieta de baixo índice glicêmico, rica em hortaliças e frutas, e com maior quantidade de proteínas e gorduras, sem açúcar adicionado aos alimentos e sem farináceos refinados seria extremamente saudável e evitaria que as pessoas adoecessem – mas isto é praticamente a definição de uma dieta paleolítica.” É basicamente a mesma coisa que os tsimane fazem não é uma dieta low carb. É uma dieta paleolítica por definição. Eles são horti culturalistas. Eles plantam pequenas quantidades de coisas para a subsistência. Mas consomem também aquilo que podem caçar e colher. E são saudáveis exatamente por isso. Se eu levar um tsimane e levar ele da tribo onde ele vive para viver em São Paulo. Aí vou pedir para ele comer no McDonald’s todos os dias.

Rodrigo Polesso: Nem precisa pedir. Ele vai de uma forma ou de outra.

Dr. Souto: Depois de 10 anos, eu pego esse sujeito com glicemia de 140, hemoglobina glicada de 7, triglicerídeos de 350, HDL de 25 e com uma circunferência abdominal robusta. Agora eu pego ele para comer a dieta dos tsimane. Será que a glicemia dele vai ficar boa? Eu diria que provavelmente ficará melhor do que quando ele estava comendo McDonald’s. Mas agora ele não vai ter mais a flexibilidade metabólica que ele tinha quando vivia na tribo dos tsimane e comia só dieta paleolítica. Ele se estragou nesses 10 anos. Agora talvez ele precise passar um bom tempo comendo low carb, perder esses 20 quilos que ele ganhou em São Paulo, baixar a insulina, melhorar o HDL e triglicerídeos. A hora que ele conseguir reverter isso, aí ele pode voltar a comer 70% de carboidratos. É simples, não tem mistério.

Rodrigo Polesso: Como já foi feito no passado com os pima, nos Estados Unidos. Os pima eram saudáveis antigamente. Na modernidade, engordaram. Eles eram um dos povos mais obesos que tem. Mas nunca vi um estudo que fez o que você acabou de falar. Pegou os obesos e os colocaram de volta na população primitiva. Até porque a população primitiva não existe mais como era antigamente. Seria interessante avaliar.

Dr. Souto: Não há dúvida que se pegar essa pessoa e coloca-la de novo lá a saúde dele vai melhorar comendo uma dieta mais adequada. É rica em carboidrato, mas a do McDonald’s também é rica em carboidrato (carboidrato lixo). O que eu quero explicar para as pessoas, mas acho que o pessoal já entendeu… Uma dieta low carb é uma intervenção terapêutica. É uma das alternativas para quem precisa perder peso, para quem precisa tratar um diabetes, para quem precisa reverter uma síndrome metabólica. Ninguém quer dizer que todos os carboidratos, inclusive frutas e raízes, fazem mal para a saúde e provocam doenças. A doença é não poder tolerar carboidratos. Isso se desenvolve por se expor a alimentos processados. O que nós propomos aqui é uma alternativa terapêutica que, felizmente, para os tsimane é uma coisa desnecessária. Se você é um tsimane e mora nas florestas da Colômbia, você não precisa de uma dieta low carb.

Rodrigo Polesso: Vou além e vou dizer o seguinte. Para pessoas normais é comprovado que é uma intervenção terapêutica extremamente benéfica para pessoas doentes. Mas a ciência aponta que um estilo de vida low carb para pessoas que já são saudáveis pode potencialmente ser um dos estilos de vida que são mais saudáveis a longo prazo. Você pode seguir simplesmente por ser algo que vai prevenir várias coisas. Se fossemos comparar os tsimane com uma população semelhante, mas que tivesse o oposto de macronutrientes… Se fosse uma alimentação naturalmente low carb, mas alta em gordura e proteínas… Seria outro estudo interessante de fazer para ter mais insights do que está acontecendo. Os estudos que vemos hoje em dia sobre dieta cetogênica, corpos cetônicos e etc… Provavelmente uma dieta mais low carb tende a ser uma melhor opção a longo prazo para um corpo saudável e longevidade. Estamos extrapolando um pouco porque não tem um ensaio clínico randomizado provando isso. Mas juntando os pontos, a minha opinião é que pode ser que seja o caso.

Dr. Souto: Pode ser. Como você bem disse, não tem ensaio clínico randomizado. Estamos entrando na seara completamente especulativa. Mas seria, realmente, uma comparação interessante. Eu acho que o que está por trás dos vários estilos de vida saudáveis… É importante dizer isso, é uma pluralidade… Com certeza existem as blue zones, as áreas do mundo que têm um grande número de centenários… E em muitas delas há um consumo de carboidratos, algumas delas são mais vegetarianas… Ninguém está dizendo que não existam outras formas de ser saudável. O que eu sempre digo é o seguinte: Tem coisas que não precisam de advogado. Uma dieta mais vegetariana é um negócio que está na moda. Todo mundo acha bom. Todo mundo acha bonito. Nós (eu, o Rodrigo e esse podcast) precisamos existir porque low carb é o patinho feio. É uma coisa que é atacada por todo mundo. Eles acharam uma tribo de gente que faz uma dieta paleolítica saudável e estão usando isso não para dizer que a dieta paleolítica é boa, mas para dizer que low carb é ruim. Então, low carb é sempre o patinho feio. Sofre bullying. Nós estamos aqui defendendo low carb porque low carb precisa ser defendido. É uma estratégia boa. Não é a única. Se a pessoa não gosta, procure outra. Têm outras formas de ser saudável. Low carb é uma delas. Tem gente que se adapta maravilhosamente bem. Nos comentamos no podcast passado sobre aquele estudo no qual as pessoas foram simplesmente orientadas num site da internet e tiveram melhoras fantásticas em suas saúdes, como eu até hoje não vi com outras estratégias. A impressão é que eu tenho é que, comparativamente, é uma estratégias mais eficientes para reverter diabetes, para melhorar síndrome metabólica, para perda de peso. Ou seja, para pessoas que estão precisando dessas coisas. Não é o caso dos tsimane, que já são magros por seguires uma dieta paleolítica desde que nasceram.

Rodrigo Polesso: Tem um denominador comum em todas as dietas desses povos das blue zones. Uma dieta baseada em alimentos de verdade.

Dr. Souto: Ausência de alimentos processados. Basicamente, qualquer coisa que te afaste da dieta padrão de alimentos altamente processados, será benéfico. Se a pessoa adotar uma dieta low fat… Mas se for uma dieta low fat na qual ela tire açúcar e alimentos processados, ela vai melhorar se saúde se o grupo controle for a dieta ocidental padrão. “Mas porque existe estudos mostrando que uma dieta low fat faz bem?” Porque está sendo comparada com McDonald’s. Acho que está bem explicado, Rodrigo.

Rodrigo Polesso: Acho que sim. Vamos chamar a atenção para o fato de que em ponto nenhum dessa manchete tem uma menção à qualidade dos alimentos. Foi tudo quantitativo… Com o paradigma das quantidades. 72% de carboidrato comparando com 54% dos americanos. “Low fat” apontando o dedo para as gorduras saturadas. Tratando carboidratos como se fosse uma coisa só. Já viemos falando a muito tempo que qualidade é mais importante do que quantidade. Calorias são diferentes. Proteínas são diferentes. Gorduras são diferentes. Carboidratos são diferentes.

Dr. Souto: Eu não tive tempo ainda de ler o PDF com o estudo original. Mas fazendo as contas rapidamente tem um troço estranho. Pense comigo. 17% da dieta é caça como porco, capivara e anta. 7% é peixe. Isso já dá 24%, correto? Aí diz que 72% das calorias são de carboidrato. Acontece onde eu tenho caça como porco e capivara eu tenho gordura também. A gordura tem um peso calórico muito maior do que os carboidratos e do que as proteínas. Está difícil de entender se essa conta fecha. Eu quero ver com calma isso. Acho que talvez eles estejam consumindo 72% de carboidratos em volume, não necessariamente em calorias. Até porque esses carboidratos que eles consomem são carboidratos poucos densos. São carboidratos naturais, comida de verdade. Então não sei nem se essa conta está certa. Admito que não li o PDF, mas é só para lançar a dúvida. 25% é animais. Então como pode ser 72% de carboidratos em calorias? É estranho.

Rodrigo Polesso: É interessante se investigar mesmo. Bom, os pontos para fechar esse assunto… Qualidade versus quantidade. A toxicidade está no processamento, no refinamento do alimento. Alimento de verdade é a base de tudo. É uma coisa comum em todas as dietas saudáveis que vemos em todas as dietas do mundo. Carboidratos de qualidade, alimentos de verdade não são tóxicos. Sabemos disso. Esse estudo é um exemplo. Para quem já está doente, o low carb high fat é comprovadamente é a melhor estratégia estudada até agora para reverter esse quadro e tentar levar as pessoas para um caminho melhor. Eu falo desde o começo do conceito de alimentação forte. As pessoas vão falar, “Alimentação forte é low carb? É paleo?” Não. Alimentação forte é como se fosse um guarda-chuva que está por cima disso tudo. Está flexível. O denominador comum é o seguinte: alimento de verdade. Se você quer ter uma alimentação forte mais low carb, ótimo. Alimentação forte cetogênica, ótimo. Se você quer uma alimentação forte paleo, mas rica em carboidratos, você pode comer batata, abóbora… Você pode fazer. É um guarda-chuva que está cima de toda divisão de macronutrientes. Falamos mais do low carb por causa de todos os efeitos terapêuticos dos quais estamos falando. Mas as pessoas também pode escolher consumir mais carboidratos desde que sejam alimentos de verdade, porque essa é a base e filosofia de alimentação forte. É um conceito que está acima dessas divisões todas de macronutrientes. Só para deixar isso claro. O segundo ponto agora… A manchete é a seguinte… Saiu no site Independant, do Reino Unido: “Comer ovos e laticínios de alta gordura reduz o risco de diabetes”. Vou traduzir alguns pontos do artigo para todo mundo ficar na mesma página. A Universidade de Eastern Finland, na Finlândia fez um estudo demonstrando que homens que comem 4 ovos por semana têm 37% menos risco de desenvolver diabetes tipo 2, comparando-se com aqueles homens que comem 1 ovo. A Dra. Ulrika Ericson, que é líder de um segundo estudo sobre o tema diz o seguinte: “Aqueles que comeram a maior quantidade de laticínios integrais, altos em gordura tiveram um risco 23% menor e desenvolver diabetes tipo 2 – ou seja, ovos e laticínios integrais estão associados ao menor risco de diabetes tipo 2.” Comer mais ovos e laticínios altos em gordura está associado a menos diabetes. Daí eles continuam o estudo e falam o seguinte: “Um alto consumo de carne foi associado a um aumento de diabetes tipo 2, independentemente do tipo de gordura da carne. Quando investigado, o consumo de gorduras saturadas, que eram um pouco mais comuns nos laticínios do que nas carnes, se observou um link de redução de diabetes tipo 2.” A cabeça de vocês já explodiu ou não nesse momento? Para acabar, “Os nossos resultados sugerem que o foco não deveria ser somente na gordura, mas considerando quais alimentos nós comemos.” Esse é o estudo observacional epidemiológico. Só um estudo assim para gerar controvérsia.

Dr. Souto: Rodrigo, o que que esse estudo prova?

Rodrigo Polesso: Não prova nada.

Dr. Souto: Não prova nada. Olhe que interessante. Esse estudo… A gente decidiu comentá-lo hoje justamente para mostrar para vocês… Que não se trata… “Quando é um estudo observacional quando é a favor do que a gente pensa, aí a gente fala. Mas se for contra…” Não. Observacional é observacional. É o milésimo estudo observacional sobre a mesma coisa, mostrando as mesmas contradições. Não deveriam nem publicar isso. O máximo que nós podemos dizer quando um estudo observacional sugere que comer ovos reduz o risco de diabetes, é que, provavelmente, ovos não aumentam o risco de diabetes. O máximo que nós podemos dizer quando um estudo observacional mostra que o consumo de laticínios ricos em gordura reduz o risco de diabetes, é que, provavelmente, a gordura dos laticínios não cause diabetes. Se causasse, a gente não estaria observando uma associação inversa. Mas, da mesma forma que o estudo não prova que comer ovos proteja contra o diabetes, da mesma forma que o estudo não prova que os laticínios com alta gordura protegem contra o diabetes… Ele também não prova que comer carne aumenta o risco de diabetes. Ele não prova nada. Ele é simplesmente mais um estudo observacional. As pessoas que comem mais carne, sempre nos estudos observacionais tendem a ser as pessoas que prestam atenção às recomendações de saúde, e que, portanto, acabam tendo desfechos ruins. Pode ser muito bem ser esse o motivo dessas pessoas ter mais diabetes – e não tem absolutamente nada a ver com a carne. Dito isso, eu faço um parêntese e digo assim. Como todo mundo sempre ouviu falar que ovo faz mal, normalmente, seria de esperar que as pessoas que comem mais ovos fossem as que tivessem o pior desfecho de saúde. Então, quando a gente encontra um estudo observacional no qual quem come mais ovos tem os melhores desfechos de saúde… Isso torna mais evidente ainda que o ovo não pode fazer mal. O mesmo vale para os laticínios gordos que eles citam aqui como queijo e a manteiga. Também salientando que existe um corpo de literatura observacional muito grande mostrando associações favoráveis entre o consumo de laticínios gordos e uma redução do risco de diabetes. Isso não prova que queijo e manteiga reduz o risco de diabetes, mas é bom saber.

Rodrigo Polesso: É bom saber. Com estudos observacionais epidemiológicos – e a maioria deles que saem – sempre coloque uma pulga atrás da orelha porque é possível provar qualquer coisa. Por isso que a indústria patrocina estudos desse tipo. É muito mais fácil provar um ponto que seja de acordo com eles… Provar que quem come mais queijo tende a comprar mais carros vermelhos. É possível fazer esse tipo de associação se você capturar as informações de uma forma correta e massagear os dados de uma forma ou de outra. Não precisa mentir… Mas você não está lidando com fatos, e sim com marcadores de tipos de pessoas e tentando fazer algum sentido das informações que você coletou. Então, sempre diminua a credibilidade do que você está lendo quando o estudo for observacional e epidemiológico. Uma dica para saber de quando ele é desse tipo é que as manchetes falam que “está associado”. Mas nem sempre falam. Já falamos que eles podem inferir causa e efeito.

Dr. Souto: Não precisa ir longe. Essa manchete do jornal The Independant está assim, “Comer ovos e produtos laticínios de alta gordura reduz o risco de diabetes.” Por acaso eles pegaram milhares de pessoas, separam em dois grupos deram ovos e queijo para um grupo e para o outro grupo não… Acompanharam por 10 anos e viram o que aconteceu? Não. Ele não é um ensaio clínico randomizado. Então como diabos eu posso dizer que reduz o risco de diabetes? Vou deixar bem claro para todo mundo que está nos ouvindo aqui. Eu acredito fortemente que comer ovos e laticínios ricos em gordura reduz o risco de diabetes. Mas eu não posso afirmar isso porque isso não é um ensaio clínico randomizado. Eu tenho bons motivos para crer nisso por causa do aspecto mecanístico, que é o menos importante e que seria o seguinte: diabetes é um problema de que substância no sangue?

Rodrigo Polesso: Glicose, insulina.

Dr. Souto: Ovo tem glicose? Então por que o ovo seria uma coisa ruim para diabetes? Esse é o aspecto mecanístico. O segundo e mais importante é o seguinte: nós no podcast anterior falamos que um estudo mostrou que pacientes que foram orientados via internet para consumir uma dieta pobre em carboidratos e rica em ovos e laticínios gordos, induziu a remissão do diabetes num número grande dessas pessoas. Se comer ovos e comer laticínios gordos, mas ao mesmo tempo se abster de carboidratos faz com que pessoas já diabéticas deixem de ser diabéticas, é bem provável que essas coisas não causem diabetes.

Rodrigo Polesso: Exatamente. Qualquer pessoa razoável iria deduzir isso.

Dr. Souto: Um pouco de lógica não prejudica, sempre ajuda. Então, se a gente tem ensaios clínicos randomizados – estes sim, capazes de estabelecer causa e efeito – mostrando que o consumo destas coisas está associado com uma redução do diabetes… Então, que sentido tem ficar apresentando estudos epidemiológicos? Eu vou fazer uma analogia que eu estava preparando para uma postagem, mas vou liberar para vocês. É a mesma coisa que publicar uma pesquisa eleitoral feita depois da eleição.

Rodrigo Polesso: É tão útil quanto.

Dr. Souto: É tão útil quanto. Eu já tive a eleição. O Trump já ganhou. E um mês depois eu faço uma pesquisa eleitoral perguntando em quem você vai votar. Isso é o equivalente a fazer um estudo epidemiológico observacional sobre um assunto que já foi resolvido em ensaios clínicos randomizados.

Rodrigo Polesso: É difícil entender.

Dr. Souto: É difícil entender. Na realidade, alguém perguntou hoje no blog e eu respondi. Vou colocar para vocês aqui. Isso não tem a ver com ciência ou com tentativas de elucidar a verdade. Isso tem a ver com um negócio em inglês que se chama “publish or perish”. Num mundo acadêmico ou a pessoa publica artigos científicos ou ela perece. Ela no mundo acadêmico Ela não se sustenta no mundo acadêmico. No sistema norte-americano especialmente (e na Europa também) o sujeito não tem estabilidade no emprego como professor universitário. É diferente do Brasil onde o cara faz um concurso e é estável, se for numa universidade pública. Nos Estados Unidos não. O cara não tem estabilidade no emprego. Ele pode ser demitido a qualquer momento, a não ser que consiga aquilo que eles chamam de “tenure”. O tenure é uma estabilidade no emprego que o cara só consegue depois de se tornar muito conhecido numa área na qual ele publicou muitos estudos peer review. Vocês entendem onde eu quero chegar? O cara tem que publicar um número razoável de estudos científicos por ano todos os anos por vários anos em revistas científicas de alto impacto. Existe um negócio chamado “fator de impacto”, que mede quanto um estudo científico publicado naquela revista é. Um estudo publicado no The Lancet, na Science, na New England Journal of Medicine, no JAMA… Nessas revistas ele tem um impacto muito maior do que um negócio publicado na Revista Médica de Porto Alegre (não existe, mas só para dar um exemplo). Por isso esses autores ficam publicando esse monte de estudo imbecil observacional epidemiológico sobre coisas que já são sabidas… Dúvidas que já foram esclarecidas em ensaios clínicos randomizados. Ou seja, publicando pesquisa eleitoral depois da eleição já feita. Qual é o objetivo disso? O objetivo disso não é aumentar o conhecimento científico, não é informar o público. O objetivo disso é conseguir tenure na universidade. É o pesquisador ter a oportunidade de publicar um número grande de estudos todos os anos e com isso segurar a sua estabilidade como professor numa universidade importante. É só por isso.

Rodrigo Polesso: Quem deveria pensar nisso são os jornalistas científicos que disseminam esse tipo de estudo “pós-eleição”.

Dr. Souto: Isso seria se eles estivessem interessados na educação do público e com a verdade. Mas como o interesse é clique… Estou agora olhando para o estudo do Independant. Debaixo da manchete, do lado de onde tem o símbolo do Facebook e Twitter (estimulando as pessoas a compartilharem) tem “3k”. Três mil shares. Já foi compartilhado 3 mil vezes. Então o artigo epidemiológico serve no mundo acadêmico para conseguir tenure (estabilidade nas universidades do exterior) e no mundo do jornalismo serve para shares e cliques. A única coisa que não serve é para você que está nos ouvindo saber se é bom ou não comer ovo. Para saber se é bom ou não comer ovo, vamos ver um dos 50 e poucos ensaios clínicos randomizados sobre low carb comparado com low fat. Aí vocês vão ver que comer ovo é bom porque faz o sujeito perder peso, baixa a glicose, aumenta o HDL. Isso está provado em ensaios clínicos randomizados. É por isso que é bom comer ovo e não pelo fato de que milhares de pessoas foram observadas. Aí entram todos aqueles fatores que podem confundir. Daqui a pouco o sujeito que come ovo simplesmente tem menos diabetes porque come menos aveia no café da manhã. Daqui a pouco é a aveia que está fazendo diferença e não o ovo. Vai saber.

Rodrigo Polesso: Enfim, é isso aí pessoal. Espero que tenha sido útil esse conhecimento. Antes da gente fechar, vamos ver o que foi degustado na última refeição. Dr. Souto, já sabe?

Dr. Souto: Chega a ser repetitivo. Hoje foi um frango, com ovo uma salada.

Rodrigo Polesso: Bem tranquilo.

Dr. Souto: Bem tranquilo. Eu comi também um bombom de cacau cru. É um negócio que eu comi de uma paciente que me trouxe da Bahia. Estou aqui fazendo um agradecimento público para ela. Espetacular. Como tem coisa boa no mundo low carb…

Rodrigo Polesso: No mundo de alimentos de verdade. Hoje eu comi um hambúrguer bem gordo. Até demora para cozinhar. De carne de gado de pasto.

Dr. Souto: Não era de capivara?

Rodrigo Polesso: Não era de capivara, infelizmente. No mercado municipal aqui dá para comprar steak de camelo, carne de tartaruga, rabo de jacaré.

Dr. Souto: Mas canadense não sabe nada, aqui dá para comprar com papelão inclusive.

Rodrigo Polesso: Pois é, sacanagem. É isso aí pessoal. Beterraba também. É uma coisa que voltei a comer há pouco tempo. Eu descobri que gosto bastante. Não como todo dia, mas como de vez em quando. É meio que uma sobremesa no prato. É muito gostoso e é um vegetal bem interessante. Como ele cria uma cor tão forte? Se pega na mão é até difícil tirar. É um alimento bastante gentil com o intestino.

Dr. Souto: É bom aproveitar para desfazer uma confusão que é muito comum. O pessoal ouve falar do sugar beet (beterraba sacarina), que é a beterraba da qual se extrai açúcar na América do Norte, especialmente na Europa. São plantas diferentes. A beterraba roxa não é a mesma beterraba branca da qual se extrai o açúcar.

Rodrigo Polesso: Sim, e o açúcar não é resultado de se fazer suco da beterraba. É refinado.

Dr. Souto: Exatamente. A sugar beet é outra planta. Ela é branca, não roxa. Ela tem um conteúdo de açúcar bem maior. A beterraba tem um pouco de carboidrato… Não é muito. Depois confiram na tabela e veja se estou mentindo. Mas acho que é 10 ou 11 gramas por 100 gramas de beterraba.

Rodrigo Polesso: E é um alimento de verdade. Não é tóxico. Depende do objetivo de cada um.

Dr. Souto: Mas o pessoal pergunta muito por terem essa ideia de que a beterraba não pode ser comida de jeito nenhum por ter um monte de açúcar. É outra planta. A beterraba roxa tem em torno da metade da concentração de carboidratos de uma batata. Definitivamente ela não é o vilão do seu prato de salada.

Rodrigo Polesso: Não. Essa sugar beet que você falou, além de ser diferente, é uma planta geneticamente modificada para aumentar a concentração de açúcar e favorecer a indústria do açúcar. É muita coisa errada. É isso aí pessoal. A gente se vê no próximo episódio. Divirta-se. Aproveite sua semana e tenha uma semana bastante saudável. Obrigado, Dr. Souto. Até mais.

Dr. Souto: Obrigado. Abraço.